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Boulos pede inquérito para PM identificar agentes que tentaram prendê-lo

Do UOL, em São Paulo

27/09/2022 11h38Atualizada em 27/09/2022 13h04

O candidato a deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) pediu à Corregedoria da PM (Polícia Militar) de São Paulo a abertura de um inquérito policial militar para identificar os policiais que tentaram prendê-lo no último domingo (25) após uma confusão com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre), na avenida Paulista, região central da capital paulista.

No pedido, os advogados do psolista afirmam que ele "foi vítima de abuso de autoridade por parte de agentes da Polícia Militar ao receber ordem de detenção manifestamente ilegal e descabida".

O que aconteceu? Boulos fazia um ato de campanha na região central da capital paulista quando foi abordado por um adolescente de 15 anos que se aproxima filmando e questiona por que o candidato defende ditaduras como a de Cuba. A câmera começa a tremer e não é possível identificar o que aconteceu.

O coordenador nacional do MBL, Renato Battista, acusou o candidato de agredir o adolescente, que integra o movimento. Segundo a defesa de Boulos, o adolescente procurou a PM relatando ter sido vítima de agressão e "apontando, falsamente e sem demonstração de quaisquer provas, Guilherme Boulos como o autor de agressões contra ele".

Policiais militares tentaram levar o psolista para a delegacia, o que foi impedido por advogados e militantes.

Outro vídeo compartilhado pelo MBL mostra o rapaz sendo agredido por um grupo de militantes do partido. Boulos e o PSOL dizem que o MBL "usou um menor de idade", negam a agressão e reclamam da ação da polícia.

O que diz Boulos à Corregedoria? O candidato narrou que a equipe que efetuou a tentativa de prisão era composta por mais de cinco agentes uniformizados, alguns deles com a identificação do 11º BPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano). Segundo ele, os agentes utilizaram spray de pimenta na ação.

A defesa de Boulos afirma que a equipe policial não tinha fundamentos jurídicos para efetuar a prisão dele ou sua condução coercitiva e deixou o local cerca de meia hora depois do início da confusão.

A detenção ilegal foi aplacada pelo constrangimento público gerado pela presença da imprensa, de inúmeros transeuntes que se solidarizaram diante da detenção ilegal do candidato Guilherme Boulos e até mesmo candidatos concorrentes ao posto de deputado federal, que, diante da situação de manifesta ilegalidade se prontificaram a apontar a situação e reportá-la às autoridades, tão gritante era a situação de injustiça sofrida pelo requerente Trecho de pedido da defesa de Boulos à Corregedoria da PM

Além da identificação dos agentes envolvidos, a defesa do candidato pede "o esclarecimento das circunstâncias do crime de abuso de autoridade e possivelmente outros a eles conexos, a fim de que se proceda a devida responsabilização penal administrativa dos envolvidos, na medida de sua responsabilidade".

O que disse a polícia? A SSP (Secretaria de Segurança Pública) disse que policiais militares foram acionados para uma ocorrência de lesão corporal na Paulista. "Um adolescente de 15 anos informou às equipes que foi agredido por um candidato a deputado federal, apresentando imagens das agressões e lesões aparentes no corpo", afirma, em nota.

Segundo a SSP, os agentes solicitaram que o candidato os acompanhasse até a delegacia, mas ele se recusou. "Um grupo de pessoas passou a hostilizar os policiais, que precisaram intervir, controlando o tumulto", adiciona. A ocorrência foi apresentada no 78º DP (Jardins) e está sob os cuidados do delegado Fabio Hayayuki Matsuo.

O UOL procurou novamente a secretaria hoje, após o pedido de abertura de inquérito, e aguarda retorno.

Adolescente estava em infiltrado em grupos do PSOL. Conforme informações da coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, o adolescente estava infiltrado em grupos do PSOL e enviava mensagens perguntando sobre a agenda de Boulos o que, para seus apoiadores, demonstra premeditação de gerar conflito.

O rapaz confirmou que estava nos grupos e que tinha como objetivo encontrar Boulos e questioná-lo politicamente. Ele diz que agiu por iniciativa própria, sem conhecimento do MBL.

* Com Estadão Conteúdo