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'Lula é contra o aborto, eu sou contra', diz Alckmin em podcast evangélico

Do UOL, em São Paulo

29/09/2022 08h12Atualizada em 29/09/2022 13h16

Em busca do voto evangélico, o candidato a vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que ele e o petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são contra o aborto. Alckmin participou ontem do podcast SIMpodCRER, voltado para o público religioso, e argumentou que, em oito anos de governo, Lula não mudou nenhuma lei.

Na reta final das eleições, a campanha petista tenta diminuir a distância entre Lula e Jair Bolsonaro (PL) no eleitorado religioso, ampliando a possibilidade de vitória em primeiro turno. Segundo a pesquisa Datafolha, de 22 de setembro, Bolsonaro aparece com 50% contra 32% de Lula nas intenções de voto dos evangélicos.

Já entre os católicos, o petista lidera com 53% ante 28% do atual chefe do Executivo.

"O povo precisa ter todas as informações. Então, aborto, o presidente Lula é contra, eu sou contra. Ele foi presidente oito anos e não mudou lei nenhuma."

Alckmin acrescentou que não é tarefa do governo discutir o aborto. "O que é dever você fazer são políticas públicas de saúde. É preciso os jovens terem educação e informação até para não ter gravidez indesejada. E oferecer possibilidade para evitar, métodos contraceptivos. Não há hipótese e nem é tarefa do governo. Isso é assunto do Congresso Nacional e nem acredito que vá mudar nada da lei atual".

Católico praticante, Alckmin foi escalado pela campanha de Lula para atrair votos dos religiosos (leia abaixo). Ele citou o tema aborto enquanto respondia a uma pergunta sobre como aproximar governos de esquerda do público evangélico.

O ex-governador também comentou sobre a fake news de que o governo Lula fecharia igrejas e templos religiosos. "Não há nenhuma hipótese. Primeiro que o presidente Lula já foi presidente oito anos e não fechou igreja nenhuma, pelo contrário, ele consagrou o Dia da Liberdade Religiosa, Dia da Marcha Para Jesus. O que queremos é que a gente tenha mais igrejas e que as pessoas tenham sua liberdade religiosa".

"O que o mundo precisa são de valores, essenciais para a nossa vida. No meu caso, valores cristãos", acrescentou Alckmin.

Ele também foi questionado sobre a ideologia de gênero nas escolas, tema da pauta ideológica de Jair Bolsonaro. Alckmin afirmou que "isso não existe".

"Sempre visitei muita escola, isso não existe. Professores ensinam português, matemática, história, geografia, biologia. Isso não existe. É um desrespeito aos educadores e outra, precisamos, e é função do Estado, garantir a liberdade das pessoas. O livre arbítrio, liberdade e a proteção das pessoas. Não é possível tolerar violência de nenhum tipo, cercear liberdade, ter homofobia porque a pessoa pensa ou age diferente de você."

PT escala Marina Silva e Alckmin para intensificar busca pelo voto evangélico

Na semana passada, a campanha do ex-presidente Lula intensificou o movimento em busca do voto evangélico, segmento no qual o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ampla vantagem. A ex-ministra Marina Silva (Rede), que declarou apoio público ao petista, e o candidato a vice Geraldo Alckmin foram escalados para atrair esses eleitores religiosos.

Marina é evangélica e é identificada como alguém com grande respeitabilidade entre o segmento. Alckmin é católico praticante, mas também foi designado para atrair esses eleitores.

Como mostrou o Broadcast Político, a campanha instituiu um Comitê Evangélico para dar organicidade às ações em busca dos eleitores do segmento. O núcleo organizou uma agenda de atividades diárias para dialogar diretamente com esse público e que terão continuidade nessa reta final.

Batalhas nas redes sociais com postagens que abordam temas do cotidiano imediato da eleição, massificação de material nas redes em horários de picos e panfletagens com mensagens aos religiosos em todo o Brasil serão intensificadas. O cronograma vai até primeiro de outubro, um dia antes das eleições.

Com foco nos colégios eleitorais mais representativos do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro serão prioridades também do Comitê.

O objetivo da campanha não é, no entanto, reverter os índices, mas reduzir a distância. O foco na busca pelos votos continua sendo, essencialmente, a mulher evangélica, maior parte negra e periférica, que cuida do lar e da família, que rejeita a pauta armamentista por preservar a segurança dos filhos e temer a violência dentro de casa e que sente diariamente as consequências da crise econômica - temas que contrastam, justamente, com o perfil do principal adversário na corrida presidencial. A estratégia foi reverberada por pesquisas qualitativas encomendadas pela campanha.