'Brigas' e 'nervosismo': como imprensa internacional repercutiu debate
O último debate para as eleições presidenciais, exibido ontem à noite pela TV Globo, repercutiu pelo tom dos ataques entre os candidatos não só no Brasil, mas também na mídia internacional.
Reportagens publicadas por veículos da América Latina, dos Estados Unidos e de países europeus destacaram os embates travados por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que lideram nas pesquisas de intenção de voto.
O resultado da pesquisa Datafolha de ontem também foi lembrado pelos veículos como contexto: Lula ainda tem chances de ganhar no 1º turno, o que fez com que o debate fosse um momento importante para os eleitores de outros candidatos que poderiam considerar a migração de voto.
Porém, escreveu a ABC News, dos EUA, "o debate rapidamente evoluiu para uma disputa afiada entre os dois (Lula e Bolsonaro), cada um disparando insultos pessoais e fazendo com que o moderador lhes concedesse oportunidades de resposta".
O Clarín, da Argentina, destacou que Lula e Bolsonaro se mostravam "aparentemente preparados" para o "forte nível dos choques" entre ambos.
"Não é claro se houve um vencedor ao fim deste debate. Ele foi muito complicado. Por momentos, houve discussões intensas fora do microfone que eram ouvidas por trás do jornalista que tentava acalmar os candidatos", diz o jornal em menção a William Bonner.
Também argentino, o La Nación destacou que Bolsonaro evitou um confronto direto com Lula quando teve a oportunidade e escolheu Felipe D'Ávila (Novo) para um embate "em tom amistoso no qual concluíram que a volta da esquerda para o poder seria um 'desastre'".
O Público, jornal de Portugal, também mencionou que a pergunta de Soraya Thronicke (União Brasil) a Bolsonaro sobre o respeito ao resultado das urnas no domingo "ficou sem resposta".
"Bolsonaro, que ambiciona ser reeleito a 2 de outubro, tem questionado a fiabilidade do sistema de votação eletrônica que o Brasil adotou há quase três décadas, quando todas as sondagens dão ao seu principal opositor, Lula da Silva, hipótese de vencer logo à primeira volta [no primeiro turno]", diz a publicação portuguesa.
"Father Kelmon". A atuação do candidato Padre Kelmon (PTB) não foi assunto apenas no Brasil. A ABC escreveu que Soraya Thronicke fez "piadas" com Kelmon, que geraram "atenção e memes".
"Ela primeiramente teve alguma dificuldade em lembrar o nome do candidato, chamando-o de 'candidato padre' e dizendo que ele parecia um padre fantasiado que faz performances em festas tradicionais de junho", descreveu a notícia do jornal, fazendo referência a Festas Juninas.
Para o La Nación, Lula "deslizou" ao entrar em confronto com Kelmon.
Mídia francesa também publica análises sobre vices, primeira-dama e Neymar. O correspondente da emissora France Info relatou que, apesar de Lula chegar ao primeiro turno com ampla vantagem sobre Bolsonaro, segundo as pesquisas, o debate foi marcado pelo nervosismo.
"Bolsonaro estava particularmente nervoso e só tinha uma obsessão: atacar Lula", escreveu a France Info.
O jornal Libération dá chamada de capa para o primeiro turno, mas ressalta que as eleições não estão ganhas. Em quatro páginas de reportagem, o Libération traz perfis de Michelle Bolsonaro e Janja, fala sobre o papel que elas exerceram na campanha e apresenta o ex-governador Geraldo Alckmin, vice de Lula, como o representante da direita na frente republicana, que tenta barrar uma reeleição do candidato de extrema-direita.
O apoio de Neymar a Bolsonaro, em um vídeo publicado no TikTok ontem, também foi tema na imprensa francesa, já que ele é um dos principais nomes do Paris Saint-German. "Ney escolheu seu campo nesta eleição ultra polarizada", disse a France Info.
No Twitter, o senador francês Jérémy Bacchi publica uma foto de Neymar levando um cartão vermelho de um juiz, e critica o atacante do PSG. Vários internautas franceses condenam o apoio de Neymar a um presidente "homofóbico, racista, fascista e destruidor do planeta".
*Com informações da RFI
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