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Famoso por 'dobradinha' no debate, Padre Kelmon dedicou poesia a Bolsonaro

Presidente Jair Bolsonaro e candidato Kelmon Souza - Reproducão/Redes sociais
Presidente Jair Bolsonaro e candidato Kelmon Souza Imagem: Reproducão/Redes sociais

Do UOL, em São Paulo*

30/09/2022 22h58Atualizada em 30/09/2022 23h13

O candidato do PTB ao Palácio do Planalto, Padre Kelmon, um dos destaques nos debates por fazer "dobradinha" com o presidente Jair Bolsonaro (PL), já dedicou uma poesia ao atual chefe do Executivo.

No dia 21 de março deste ano, data de aniversário de Bolsonaro, Kelmon publicou uma foto do atual mandatário com a faixa presidencial e legendou a postagem com o poema que ele escreveu em homenagem ao político.

Em sua primeira participação no debate presidencial da TV Globo, o candidato do PTB endereçou a pergunta Jair Bolsonaro e buscou tirá-lo do foco dos adversários. Kelmon indagou o candidato à reeleição se ele pretende manter, caso seja vitorioso nas urnas, políticas econômicas adotadas durante a pandemia da covid-19. A escolha impediu que Bolsonaro fosse selecionado por outros adversários responder questionamentos, de acordo com as regras do programa.

A tática, no entanto, não deu certo, pois Bolsonaro acabou trocando farpas logo em seguida com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir de um direito de resposta concedido ao petista.

No encontro, Kelmon também protagonizou momentos de tumulto e discutiu com outros candidatos, como a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi chamado de "padre de festa junina" e "candidato laranja". Rivais suspeitam que Kelmon não seja um sacerdote de fato e esteja na disputa apenas para servir como espécie de linha auxiliar de Bolsonaro.

Confira o poema postado por Padre Kelmon em homenagem a Bolsonaro:

Presidente, parabéns!

Brasil, pátria amada querida.
Orgulho da minha vida.
Luto pela verdade.
Semeio prosperidade...

Onde aja miséria e fome.
Não posso fingir, negar.
A todos vou ajudar...
Ricos, pobres, negros, índios e brancos.

Orgulho irão sentir...
Brasil! Um novo a construir.
Rezando, rindo e remando...
Agindo com sensatez.

Servindo com intrepidez.
Igualdade plantando a vez...
Liberdade foi Deus quem fez!

Vitórias, lutas e glórias!
Iremos colher e plantar...
Nossa meta é transformar.

Todos, o Brasil amar...
Em um novo amanhecer...
Do norte, sul e nordeste.
Orgulho do cabra da peste.

Iremos mais passos firmar...
Seguindo o que agora estar.
O Brasil não vai parar!
As cores não vão mudar...

O que foi, era ou será
Queremos é continuar.
O Brasil vai crescer!
Os teus passos vou firmar...
É Brasil acima de tudo.
E Deus acima de todos.

Pe. Kelmon
21 de março 2022

Até a publicação desta reportagem, a postagem com a homenagem ao presidente tinha 90 curtidas e 94 comentários, alguns deles recentes, com críticas, após o debate ocorrido na noite desta quinta-feira (29) na TV Globo.

Outros apoios ao presidente

No dia 17 de julho, Kelmon publicou uma foto na frente de um painel com a imagem de Bolsonaro e o "slogan" do candidato: "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!". "Somos todos Bolsonaro", legendou.

Em outro momento, em 1º de maio, o candidato à presidência segura uma placa com a frase "Bolsonaro, exerça seu poder constitucional".

O político, em 6 de setembro de 2021, publicou outra imagem em seu perfil na rede social ao lado de uma faixa: "Liberdade no Brasil não se ganha, se toma! Feira de Santana [município da Bahia] fechada com Bolsonaro".

Na legenda, o padre escreveu: "Brasília, você precisa varrer estes socialistas do Brasil". No mesmo dia, o político havia compartilhado uma imagem e comentou que estava chegando em Brasília para as "grandes manifestações do dia 7 de setembro". Na ocasião, Bolsonaro participou de um segundo ato a favor de seu governo, na avenida Paulista e atacou o STF (Supremo Tribunal Federal).

"Sai, Alexandre de Moraes! Deixa de ser canalha! Deixa de oprimir o povo brasileiro", disparou o presidente à época, além de frases sobre o voto impresso em 2022, retomando mentiras sobre fraudes nas eleições, que nunca foram comprovadas.

Já em 14 de julho de 2022, o padre publicou um vídeo com diversas fotos de apoiadores do atual chefe do Executivo e pediu para os seguidores acenderem uma vela e orar pela saúde do presidente. Na data, Bolsonaro foi submetido a uma série de exames para investigar a causa de soluços persistentes.

"O Brasil de joelhos hoje, às 21 horas, clamando a misericórdia de Deus para a cura e liberação do nosso Presidente. Hoje, às 21 h, pare tudo que você estiver fazendo acenda uma vela e oremos todos juntos. Deus abençoe o Brasil e cure nosso Presidente Jair Messias Bolsonaro", escreveu Kelmon.

No dia 14 de abril de 2021, Kelson publicou uma foto de Roberto Jefferson (PTB) ao lado de Jair Bolsonaro (PL). "Vamos parar para pensar um pouco. Dois homens fortes como esses fariam muito mais juntos que um sozinho já faz. Rezemos e que Deus nos ilumine e faça o melhor pelo Brasil em 2022."

O próprio Jefferson era candidato à Presidência, mas foi barrado pela Justiça, considerado ficha-sujaele foi condenado criminalmente no mensalão e foi preso. Kelmon entrou no lugar com colega de sigla.

É padre ou não?

Natural de Acajutiba, Bahia, Kelmon Luis da Silva Souza, de 45 anos, conhecido apenas como Padre Kelmon tem recebido a atenção dos eleitores desde a última semana por sua participação nos debates do SBT e da Globo.

Tendo registrado menos de 1% de intenções de voto nas pesquisas mais recentes, foi convidado para os debates por uma exigência da lei eleitoral. Segundo as regras, as emissoras devem chamar todos os candidatos cujos partidos têm pelo menos 5 parlamentares no Congresso. Essa é exatamente a quantidade de deputados do PTB na Câmara.

Durante o debate da Rede Globo, o candidato foi alvo dos principais memes e teve seu título de padre constantemente questionado —por que o título é realmente contestado pela Igreja Ortodoxa.

Originalmente, Kelmon não seria candidato, mas acabou herdando a vaga de Roberto Jefferson, também do PTB, na disputa à presidência do Brasil. Inclusive, em seu registro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ainda constam as redes do antigo candidato.

A substituição de Jefferson por Kelmon foi definida, aparentemente, pela amizade entre os dois políticos. Além disso, o religioso era vice do ex-candidato desde que se conheceram em uma missão ortodoxa na Bahia, onde surgiu o convite para ser seu representante de chapa em seu Estado.

O candidato que já foi filiado ao PT (Partido dos Trabalhadores) também se diz admirador de políticos falecidos como Levy Fidélix, do partido PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), e Enéas Carneiro.

Ele ainda utiliza seu canal no YouTube para denunciar a "islamização" e a "perseguição" aos cristãos no Brasil.

*Com Rafael Neves e Letícia Reginaldo, do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo