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PF investigará bolsonarista que lambeu arma, pediu golpe e ameaçou Lula

PF investigará bolsonarista que lambeu arma, pediu golpe e ameaçou Lula - YouTube
PF investigará bolsonarista que lambeu arma, pediu golpe e ameaçou Lula Imagem: YouTube

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

30/09/2022 12h01

O delegado da Polícia Federal Andrei Passos, responsável pela segurança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou hoje à Superintendência da corporação em São Paulo um pedido para que o empresário bolsonarista José Sabatini, 71, seja investigado por ameaça.

A solicitação foi apresentada depois de o homem lamber o cano de uma escopeta e pedir para o chefe do Executivo dar um golpe de Estado se for reeleito. O inquérito será instaurado após manifestação do advogado Cristiano Zanin, que representa o petista junto à PF. A Polícia Civil também investiga o caso. Na quarta-feira (28), o DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) apreendeu duas armas na casa do empresário.

No início do ano passado, Sabatini havia sido alvo de mandado de busca e apreensão por causa da divulgação de outro vídeo em que ele ameaçava atirar em Lula.

"Hoje é sábado, dia 13 de março, presta atenção no recado que eu vou dar para você, seu vagabundo: se você não devolver os R$ 84 bilhões que você roubou do fundo de pensão dos trabalhadores, você vai ter problema, hein, cara? Você vai ter problema", disse o bolsonarista.

O petista apresentou queixa-crime por injúria, calúnia e difamação, mas o caso foi arquivado no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

A PF cuida também de outros três pedidos de instauração de inquérito feitos por Andrei Passos. Uma das denúncias foi feita contra o empresário bolsonarista Luiz Henrique Crestani, que praticou tiro ao alvo em uma imagem do petista.

"Qual que é o ladrão? Estou na dúvida. Vamos ver onde a arma pega", disse Crestani, em vídeo publicado em seu perfil do Instagram, antes de disparar uma série de tiros com uma espingarda contra a foto do ex-presidente.

Outro pedido teve como alvo um homem identificado como Irony Alves de Paula Junior, que lamentou que a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, não tenha morrido após tentativa de assassinato pelo brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, e defendeu usar uma Taurus para matar Lula, chamado por ele de "sapo barbudo".

Uma terceira solicitação refere-se ao autor de uma publicação em redes sociais que afirmou que mataria petistas.

Todos os presidenciáveis têm direito à proteção por agentes da PF. A exceção é o presidente Jair Bolsonaro (PL), que conta com proteção do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República.

A medida ocorre num momento em que o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal) formou maioria para manter a decisão do ministro Edson Fachin de restringir parte dos decretos firmados pelo presidente Jair Bolsonaro que facilitavam o acesso e o porte de armas no Brasil.

Fachin, em seu relatório, citou risco de violência política durante as eleições deste ano.

"Conquanto seja recomendável aguardar as contribuições, sempre cuidadosas, decorrentes dos pedidos de vista, passado mais de um ano e à luz dos recentes e lamentáveis episódios de violência política, cumpre conceder a cautelar a fim de resguardar o próprio objeto de deliberação desta Corte. Noutras palavras, o risco de violência política torna de extrema e excepcional urgência a necessidade de se conceder o provimento cautelar", escreveu o ministro.

Ontem, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) aprovou uma restrição ao transporte de armas e munições por colecionadores, atiradores e caçadores, no dia das eleições e nas 24 horas anteriores e seguintes ao pleito, que ocorrerá no próximo domingo. A medida visa a restringir a circulação de armas e garantir a segurança do processo eleitoral.

"Fica proibido o transporte de armas e munições, em todo o território nacional, por parte de colecionadores, atiradores e caçadores no dia das Eleições, nas 24 horas que o antecedem e nas 24 horas que o sucedem. O descumprimento da referida proibição acarretará a prisão em flagrante por porte ilegal de arma sem prejuízo do crime eleitoral correspondente", determinou o TSE.

No dia 30 de agosto, os ministros do TSE haviam decidido que, nos locais de votação, no perímetro de 100 metros das seções eleitorais e em outras localidades eleitorais, não seria permitido o porte de armas.

Posteriormente, em reunião com a presidência do TSE, os chefes de Polícia Civil de todos os Estados da Federação sugeriram a proibição de funcionamento dos clubes de tiro, frequentados por caçadores, atiradores desportivos e colecionadores, destacando a importância da medida para evitar a circulação de armas de fogo durante o pleito eleitoral, como medida preventiva.