Após bronca em Kelmon, Bonner critica quem 'sabota' debate e pede mudança
O jornalista e apresentador William Bonner defendeu que a regra para convidar candidatos aos debates eleitorais seja revista para "preservar o valor" do momento. A afirmação foi publicada hoje, em uma nota enviada à coluna de Ancelmo Gois, do jornal O Globo, dois dias após Bonner mediar o debate presidencial da TV Globo, marcado por discussões e pedidos de direito de resposta.
Candidatos sem nada a perder podem se dedicar a sabotar a dinâmica previamente combinada. E não importa com qual propósito. Isso é novo e acho que exige uma abordagem nova.
William Bonner, da TV Globo
Bonner precisou intervir algumas vezes para repetir regras de participação no debate e para apaziguar os ânimos dos candidatos.
Embora o jornalista não tenha citado o nome de nenhum candidato em sua manifestação, a opinião remete à bronca que ele deu no Padre Kelmon (PTB), após diversas interrupções durante falas de adversários na última quinta-feira (29).
No jornal, Bonner ponderou que, embora a experiência com debates lhe traga "algum grau de tranquilidade" sobre seu papel, o nível de tensão "tem aumentado a cada eleição".
Não é uma coincidência que isso se dê simultaneamente com o surgimento e o crescimento das redes sociais. A intolerância belicista que elas alimentam se dissemina pra fora do universo digital, virtual. E é claro que a política é o ambiente para a tempestade perfeita.
O jornalista também avaliou que a exigência da lei eleitoral sobre o convite a candidatos que tenham representação na Câmara poderia ser alterada. Na visão de Bonner, o critério deveria ser mais restrito.
"Hoje, a lei eleitoral obriga as emissoras a convidar candidatos de partidos que tenham ao menos meia dúzia de parlamentares. Isso aumenta muito o número de participantes. Talvez seja o caso de estabelecer uma regra que aumente a exigência de representatividade política para que um candidato participe dos debates", afirmou.
No caso de Padre Kelmon, por exemplo, o candidato não chegou a pontuar nas pesquisas eleitorais recentes — ele entrou na disputa no começo de setembro, quando a candidatura do ex-deputado Roberto Jefferson foi indeferida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Porém, Kelmon garantiu presença do debate por seu partido ter representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares. Também é necessário não ter impedimento na Justiça, seja eleitoral ou comum.
Relembre tensão entre Bonner e Kelmon no debate. A confusão ocorreu com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no terceiro bloco do programa, quando um candidato poderia fazer questionamentos com tema livre a outro previamente escolhido.
"O senhor realmente decidiu instituir uma nova regra nesse debate. O senhor poderia olhar para mim respeitosamente? O senhor instituiu uma nova regra nesse debate! Ela não existia, eu pedi ao senhor diversas vezes. Eu vou pedir apenas que o senhor aguarde a conclusão da fala do seu oponente! E retorne ao seu assento, como fizeram todos os demais", disse o apresentador durante uma interrupção de Kelmon.
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