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Após fracasso de 2018, Romário é reeleito senador do Rio de Janeiro

Romário (PL) em evento de campanha em Duque de Caxias (RJ) - Reprodução/Instagram
Romário (PL) em evento de campanha em Duque de Caxias (RJ) Imagem: Reprodução/Instagram

Do UOL, no Rio

02/10/2022 21h11Atualizada em 03/10/2022 00h17

O ex-jogador Romário (PL) foi reeleito para representar o Rio de Janeiro no Senado por mais oito anos após liderar isolado a corrida eleitoral. Ele obteve 2.384.080 votos (29,19% dos válidos).

Em segundo lugar ficou o deputado federal Alessandro Molon (PSB), com 21,20%. Impugnado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por ter sido condenado criminalmente pelo STF (Supremo Tribunal Federal), o deputado federal Daniel Silveira (PTB) foi escolhido por 19,18% do eleitorado —no entanto, esses votos serão considerados nulos.

A recondução de Romário acontece após bola fora na eleição para governador em 2018, quando ele não passou de um quarto lugar, apesar de ter iniciado a campanha como um dos favoritos. A disputa neste ano foi marcada por um racha entre os dois principais nomes da esquerda —Molon e o deputado estadual André Ceciliano (PT).

Um dos maiores atacantes da história e campeão do mundo pela seleção brasileira de futebol em 1994, Romário conquista aos 56 anos sua 3ª eleição desde que entrou na política.

Em 2010, um ano após abandonar a carreira nos gramados, foi o 6º candidato a deputado federal mais votado da Câmara, com o apoio de 147 mil eleitores. Em 2014, chegou ao Senado, com 4.683.963 votos (63,4% do total). Em números absolutos, um recorde entre os candidatos fluminenses.

Com a reeleição de Romário, a bancada do RJ continua com os três senadores do PL. Com mandato até 2027, estão Flávio Bolsonaro e Carlos Portinho, primeiro suplente de Arolde de Oliveira, eleito pelo PSD, que morreu em outubro de 2020.

Camaleão

Romário é reeleito agora pelo partido do presidente Jair Bolsonaro, o PL, no extremo oposto de como chegou ao Senado, em 2015, e à Câmara em 2011 —em ambos os pleitos, o ex-jogador foi eleito pelo PSB.

Sua relação com a legenda de esquerda foi conturbada. Em 2013, ele chegou a anunciar a desfiliação do partido, descontente com a falta de apoio à sua intenção de se candidatar à Prefeitura do Rio em 2016 — o que acabou não ocorrendo.

Foi convencido pelo então presidente nacional do PSB, Eduardo Campos (PE), que morreu em 2014, a permanecer.

Na época, o ex-jogador fez boa parte de sua primeira campanha ao Senado sozinho. Praticamente não foi visto com a então candidata à Presidência da República pela legenda, Marina Silva, ou com o candidato que o PSB apoiou ao governo estadual, Lindbergh Farias (PT).

"Foram eles que ficaram distantes de mim", disse, após ser eleito.

'Bolsominion', não

Em 2018, na tentativa frustrada de ser governador, Romário já havia pulado para o Podemos. Neste ano, concorreu à reeleição para o Senado pelo PL.

A relação com Bolsonaro e os "bolsonaristas raiz", porém, não parece das mais próximas. Na convenção que lançou a candidatura à reeleição do presidente no Rio, o Baixinho chegou a ser vaiado.

Ao longo da campanha, ele pouco associou a sua imagem à do presidente. Em entrevista ao jornal O Globo, afirmou que "Bolsonaro é do meu time". Para a revista Veja, disse que "defende o Bolsonaro, mas não é bolsominion".

Se esteve distante do presidente, o mesmo não se pode dizer em relação ao governador Cláudio Castro (PL). Durante a campanha, não faltaram agendas dos dois juntos — de visita a obra a carreata, passando por partida de futebol. O ex-jogador também participou da propaganda eleitoral de Castro, em que os dois se comprometeram em uma união pelo Rio.

Coincidência ou não, o governador e Romário contrataram o mesmo marqueteiro: Paulo Vasconcellos, mineiro que comandou a campanha de Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República em 2014.

Dos R$ 4,1 milhões de despesas informadas por Romário ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até agora, R$ 3,5 milhões foram para a empresa de Vasconcelos.

O fracasso de 2018

O sucesso deste ano contrasta com uma atuação decepcionante de Romário na eleição passada para governador do Rio.

Na primeira pesquisa Datafolha, no fim de agosto daquele ano, Romário aparecia em segundo lugar, com 16%, colado em Eduardo Paes, então candidato pelo DEM, com 18%. Wilson Witzel, à época do PSC, tinha apenas 1%.

Nas urnas, o ex-jogador terminou com 8,7% dos votos, em quarto lugar, atrás de Witzel (41,3%); Paes (19,6%) e Tarcísio Motta, do PSOL (10,7%).

O próprio Romário admitiu problemas de comunicação, especialmente no último debate da TV Globo, gaguejando e com dificuldade de concatenar as ideias.

Assim como na eleição de 2018, Romário voltou a ter como ponto fraco este ano os números de seu patrimônio.

Ao TSE, o ex-jogador declarou R$ 684.228 em bens, valor bem abaixo do que havia apresentado em 2018: R$ 5.583.493

Ao jornal O Globo, ele afirmou que houve um erro na declaração atual, que seria corrigida para R$ 5,2 milhões, o que ainda não ocorreu.

Ainda assim, ficaria de fora, por exemplo, uma Ferrari que o ex-atleta usa, registrada formalmente em nome de sua ex-esposa, Isabella Bittencourt.

O UOL procurou Romário por meio de sua assessoria de imprensa, mas não houve retorno sobre essas questões.

Pessoas com deficiência

Em seus oito anos no Senado, Romário teve como um dos focos o apoio a pessoas com deficiência — sua filha caçula, Ivy, tem Síndrome de Down.

Nos últimos dois anos, por exemplo, de um total de 14 projetos de lei que o ex-jogador apresentou, 11 foram voltados para este tema.

Sua atuação de maior destaque foi em agosto, ao ser relator do projeto de lei que derrubou o rol taxativo da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que poderia restringir a cobertura de tratamentos pelos planos de saúde e afetar principalmente pessoas com deficiência.

No fim de agosto, no dia da aprovação simbólica do texto, Romário se emocionou: "Todo mundo sabe da nossa luta antiga contra o rol taxativo, o rol que mata, que assassina".