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Pai contra filho, mulher ataca ex: eleição em Alagoas vira briga de família
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A gravação e a divulgação de um vídeo de Luiz Dantas, ex-deputado e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, contra o próprio filho —o governador Paulo Dantas (MDB)— caíram como uma bomba na eleição de Alagoas.
O caso se soma a outros acontecimentos recentes que marcam a campanha eleitoral como período de disputas familiares no estado.
Luiz gravou um vídeo acusando o filho de integrar um esquema de corrupção na Assembleia Legislativa e citando uma "traição" —que não foi especificada por ele. Diz ainda na gravação, publicada na sexta-feira passada, que o filho não tem maturidade nem preparo para ser governador do estado.
"Eu não queria que as pessoas de Alagoas sejam surpreendidas, como eu fui, ou traídas, como eu fui", disse o ex-deputado.
O vídeo foi gravado para a campanha de Rodrigo Cunha (União Brasil), que ocupa a segunda colocação nas pesquisas de intenções de voto.
Dantas reagiu, disse que não é investigado pela Polícia Federal no caso de corrupção (ele era diretor-geral da Assembleia, quando seu pai era presidente da Casa, em 2017) e chamou Cunha de "vergonha para a política".
"Manipular um vídeo, usar a identidade do meu pai contra mim e ainda misturar isso com um inquérito de 2017, no qual eu nem sou investigado, é coisa de gente sem caráter. Mais uma mentira sua condenada pela Justiça. Você não tem limites para alcançar o poder. Está colocando um pai contra um filho, tentando destruir uma família", disse.
Ainda na sexta-feira, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) mandou retirar do ar a propaganda, acolhendo o argumento de suposta inverdade.
Entretanto, no domingo, Luiz gravou outro vídeo e publicou em suas redes sociais para falar que era verdade tudo o que falara na campanha rival do filho. "As declarações são recentes e verdadeiras. Um dia, Paulo entenderá o porquê", disse.
A coluna apurou que o vídeo causou surpresa a Paulo e ao núcleo da família Dantas, que não imaginava que viriam os ataques. Entretanto, Paulo e Luiz tinham divergências políticas já fazia algum tempo, demonstradas por exemplo pela relação cordial de Paulo com o presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB), um adversário de Luiz.
Ex-mulher parte para o ataque
Nesta eleição, há outro caso de provocação familiar. Na reta final das convenções partidárias, o senador Renan Calheiros (MDB) anunciou a filiação à sua sigla da ex-esposa (e ferrenha crítica) do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).
Jullyene Lins é candidata a deputada estadual pelo MDB e faz campanha com vários ataques ao ex-marido. Ela acusa Lira de violência doméstica e também de corrupção. Por conta disso, já teve vários vídeos retirados do ar pela Justiça Eleitoral.
Além disso, move uma ação para tentar barrar a reeleição de Lira, citando uma condenação colegiada em Alagoas. Mas, por enquanto, perdeu no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e recorre ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Collor ataca
Em debate promovido pelo Portal 7 Segundos, no dia 31 de agosto, o ex-presidente Fernando Collor questionou como o adversário Rodrigo Cunha iria realizar nomeações técnicas para o governo se teria indicado a própria namorada a um alto cargo na Prefeitura de Maceió.
A fala revoltou Rodrigo Cunha, que protestou, e os dois começaram a bater boca. Os microfones foram cortados, e Collor —bem ao seu estilo— mandou o ex-senador calar a boca: "Morda seus beiços".
Collor também enfrentou racha recente. Em 2012, o sobrinho dele e filho de Pedro Collor, Fernando Lyra Collor, tentou ser vice-prefeito do município de Atalaia (47 km de Maceió) contra o candidato do tio, mas acabou derrotado.
Na eleição seguinte, em 2014, eles fizeram as pazes e seguiram juntos na reeleição de Collor ao Senado.
Em 2020, foi a vez da família que comandava quase todas as prefeituras do litoral sul do estado, os Beltrão, rachar. Na cidade berço do grupo, Coruripe (80 km de Maceió), os primos Maikon e Marcelo Beltrão concorreram à prefeitura em uma separação inédita —e com vitória de Marcelo. A família governa ininterruptamente Coruripe desde 1997, ou há 26 anos.
Tem família que permanece unida
Como contraexemplo, há um caso de aproximação extrema com o irmão, gerando um "clone" político do prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB).
Trata-se do médico João Antônio Caldas, que abandonou o nome de urna que usava (JAC) para virar o "Dr. JHC" e tentar ser eleito para a Câmara.
Faz campanha usando a mesma sigla no nome, cores e número do irmão —que foi eleito deputado federal em 2018 e renunciou após vencer a eleição em 2020 para assumir a prefeitura. Dr. JHC é apontado como um dos favoritos na disputa.
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