CEO da Quaest: Postura de Ciro foi determinante para voto útil em Bolsonaro
Eleitores de Ciro Gomes (PDT) migraram para o presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno, segundo a avaliação do diretor da Quaest Consultoria, Felipe Nunes.
Em entrevista ao UOL News, o CEO defendeu os dados das pesquisas eleitorais, destacando que os levantamentos não eram um "prognóstico", e sim um "diagnóstico" da sociedade. "As pesquisas têm um papel fundamental de nos ajudar a entender os movimentos que estão por vir", disse Nunes.
O executivo destacou as duas últimas pesquisas da consultoria para embasar sua avaliação sobre a migração de votos de Ciro para Bolsonaro.
"No dia 28/9, mostramos que Lula tinha 51%, e Bolsonaro 36%. Tebet 5%, e Ciro, 7%. No dia 1º, divulgamos outra pesquisa mostrando o Lula caindo, com 49%, e Bolsonaro subindo com 38%. Ou seja, a tendência de última hora já era de aproximação", destacou.
"Lula acabou ficando com 48%, dentro da margem de erro, mas Bolsonaro apareceu com 43%. Isso quer dizer que ele cresceu cinco pontos. De onde vem esse voto? Houve aproximadamente três pontos do Ciro que foram embora não para o Lula, mas para Bolsonaro. A postura que Ciro adotou na reta final da campanha foi determinante no tipo de apontamento que fez para o eleitor", afirmou Nunes.
Josias: Lula x Bolsonaro são urnas reabrindo disputa que pesquisas indicaram estar liquidada
O colunista do UOL Josias de Souza disse, em participação no UOL News, que o resultado das eleições abriu a possibilidade de reeleição do Bolsonaro com o comparecimento do eleitor às urnas.
"As urnas reabriram uma disputa presidencial que as pesquisas indicavam estar liquidada. Embora o Lula tenha chegado ao segundo turno com vantagem, o eleitor brasileiro recolocou no baralho a carta da reeleição de Bolsonaro", disse.
"Nos próximos dias, vão ser desenvolvidas teorias sobre a incapacidade dos institutos de pesquisa de medir o bolsonarismo enrustido. Mas nenhuma explicação vai ser capaz de superar a mais singela: o povo foi chamado a votar", afirmou.
Para o colunista, Lula terá que readequar a campanha, enquanto Bolsonaro tem a seu favor os eleitos para o Congresso.
"Os dois comitês vão ter que reprogramar a campanha do segundo turno, que terão ânimos distintos. Lula já estava preparando a transição de governo. O Bolsonaro, ao contrário, chega ao segundo turno embalado. Ele elegeu 20 senadores; o PL saiu das urnas como a bancada mais exuberante da Câmara; e Bolsonaro teve votação surpreendente no Sudeste, região estratégica."
Josias: Acerto com Lula interessa a Tebet; decisão de Ciro é secundária
Josias de Souza afirmou, ainda, que um eventual apoio de Simone Tebet (MDB) ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno beneficiará a senadora.
Tebet afirmou ontem que vai esperar a posição dos partidos que compõem sua aliança (MDB, PSDB, Cidadania e Podemos) para anunciar seu apoio no segundo turno, mas disse também que sua decisão já "está tomada". "Ela insinua que a decisão vai na direção do Lula", destacou Josias.
"O Ciro nem isso, ele deixa no ar. Mas a decisão do Ciro se tornou secundária nesse processo", completou. Para o jornalista, Ciro Gomes (PDT) perdeu "a eleição, o rumo e até a palavra."
"Parte do eleitorado dele já fez o voto útil e presumivelmente não foi para o Lula. O posicionamento do Ciro agora é secundário porque parte do PDT já tinha se acertado com o Lula no primeiro turno, e outra parte do partido vai se acertar com o Lula agora. Ciro se tornou um personagem no final da campanha cuja posição importa pouco", afirmou o colunista.
Para ele, a situação com Simone Tebet, é diferente. "Primeiro, porque interessa a ela um acerto com o Lula. Embora ela hoje seja senadora, não será mais a partir de fevereiro de 2023. Ela teve um bom desempenho, mas vai ficar sem mandato e será difícil se manter na crista da onda", disse, acrescentando que, se apoiar Lula, Tebet será uma boa candidata a ministérios de um eventual governo petista.
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