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Nordeste dá 1º lugar a Lula; votação de Bolsonaro na região cresce 1,3 mi

Lula em evento em Maceió (AL), em junho - 17.jun.2022 - Ricardo Stuckert/Divulgação
Lula em evento em Maceió (AL), em junho Imagem: 17.jun.2022 - Ricardo Stuckert/Divulgação

Do UOL, em São Paulo

03/10/2022 04h01

O Nordeste foi responsável pela liderança de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições de 2022. A região deu ao petista 12,9 milhões de votos de vantagem em relação a Jair Bolsonaro (PL).

O resultado amorteceu a derrota de Lula no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste. Nessas três regiões, o petista teve 6,95 milhões de votos a menos que o presidente. No saldo final do país, a diferença foi de 6,1 milhões de votos a favor de Lula.

Considerando o percentual de votos, o Nordeste foi responsável por 10,96 pontos de vantagem de Lula em relação a Bolsonaro. É o dobro da diferença final entre os candidatos —5,19 pontos.

Sem a vantagem do Nordeste, portanto, Lula teria ficado em segundo lugar.

Por outro lado, o Nordeste é a região do país onde Bolsonaro mais ganhou votos em relação ao primeiro turno de 2018: 1,32 milhão. Isso corresponde a 8 de cada 10 votos que o presidente conquistou a mais em todo o país — 1,66 milhão.

O resultado coloca o Nordeste em uma posição de destaque na disputa pelos votos no 2º turno. No caso de Bolsonaro, o Auxílio Brasil é a principal plataforma para buscar apoio na região. Metade (47%) dos beneficiários do programa estão no Nordeste.

O próprio lançamento do Auxílio Brasil, em novembro de 2021, foi uma estratégia de Bolsonaro para construir uma marca pessoal e reduzir o legado do Bolsa Família, criado por Lula. Às vésperas das eleições, Bolsonaro ampliou o valor do benefício para R$ 600 e iniciou a distribuição de um número recorde de cartões, estampados com a bandeira do Brasil, símbolo bolsonarista.

O PT também cresceu no Nordeste. Em comparação com Fernando Haddad, candidato a presidente pelo partido em 2018, Lula obteve 7,1 milhões de votos a mais na região.

O ganho dos dois lados é possível pela combinação de dois fatores: o crescimento no número de eleitores em relação a quatro anos atrás e a queda de brancos e nulos para o menor patamar já registrado em uma eleição presidencial.

Placar regional

O placar do primeiro turno presidencial no Nordeste ficou em 66,7% para Lula, contra 27% para Bolsonaro. A única outra região onde o petista venceu é o Norte, mas por uma margem muito menor: 47% a 45,5%. Isso equivale a apenas 149 mil votos.

Os melhores resultados para Bolsonaro foram no Sul —54,6% contra 36,8% de Lula— e no Centro-Oeste —53,8% contra 37,8 de Lula.

Já no Sudeste, Bolsonaro venceu por 47,6% a 42,6%. É um resultado pior do que o presidente obteve no primeiro turno de 2018. Em números absolutos, Bolsonaro perdeu 447 mil votos na região.

A maior queda ocorreu no Rio, reduto eleitoral dos Bolsonaro: 277 mil votos a menos. Em seguida, São Paulo: 138 mil votos a menos. E Minas Gerais: 70 mil votos a menos.

Já Lula teve um avanço estrondoso no Sudeste com comparação com o resultado de Haddad quadro anos atrás: obteve 12,4 milhões de votos a mais.

A dança de votos no Sudeste torna a região outro foco na busca de apoio no segundo turno.

"Levando-se em conta o resultado de 2018, primeiro turno, nós tivemos uma votação melhor do que 2018 no Nordeste. E nós caímos no Sudeste, Sul (...) Essa votação perdida é que a gente vai buscar recuperar nesses três estados, que são os maiores colégios eleitorais do Brasil", disse Bolsonaro após o resultado.

"Nós vamos tentar mapear o Brasil e ver quais são as regiões que nós precisamos andar", discursou Lula na noite de domingo. "São Paulo será um grande palco de um confronto nacional e estadual. É um confronto de ideias, é um confronto programático, é um confronto de propostas para a sociedade."