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Ameaçado de morte, policial antifascista é eleito deputado estadual no RS

Leonel Radde é vereador em Porto Alegre pelo PT - 29.out.2018 - Reprodução/Facebook/leonelraddeoficial
Leonel Radde é vereador em Porto Alegre pelo PT Imagem: 29.out.2018 - Reprodução/Facebook/leonelraddeoficial

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL

03/10/2022 17h20

O policial antifascista Leonel Radde (PT), 41, foi eleito deputado estadual pelo Rio Grande do Sul. O político recebeu 44.300 votos e vai compor a bancada petista na AL-RS (Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul), composta por 11 parlamentares.

No começo do ano, o político recebeu ameaças de morte de um grupo neonazistas com data marcada: 31 de outubro deste ano. Além dele, também foram ameaçados o ex-presidente e candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e a deputada federal Maria do Rosário, ambos do PT.

O político já disputou quatro eleições. Em dois pleitos não conseguiu se eleger: em 2016, para vereador em Porto Alegre, e em 2018, para deputado estadual. Porém, acabou sendo escolhido em 2020 para vereador e agora ganhou vaga na AL-RS.

Radde é formado em história e em direito e, em 2012, ingressou na Polícia Civil.

Embora seja filiado ao PT desde 1999, Leonel nunca teve pretensões eleitorais. Os planos mudaram em 2014 quando, segundo ele, passou a sofrer perseguição dentro da Polícia Civil, onde atuava como escrivão, por fazer críticas a José Sartori (na época do PMDB), candidato a governador do Rio Grande do Sul, segundo contou para TAB em abril deste ano.

A mãe de Leonel Radde, a bancária e sindicalista Suzana Guterres, ajudou a criar o PT no Rio Grande do Sul na década de 1980.

O pai, Ronald Radde, foi fundador do PDT e se considerava antipetista. O prenome do filho é uma homenagem a Leonel Brizola, fundador do PDT e ex-governador do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.

Por cerca de 10 anos, Leonel teve carreira artística por influência do pai, que era dramaturgo. No vestibular, decidiu fazer faculdade de história, a matéria de que mais gostava no colégio. Mais tarde cursou direito.

Radde perdeu a mãe em 2011 e o pai em 2016. Quando Ronald estava no leito de morte, o filho avisou que iria disputar as eleições para vereador pelo PT.

Em 2020, o nome dele apareceu no dossiê elaborado sigilosamente pelo Ministério da Justiça que identificou um grupo de 579 servidores federais e estaduais de segurança, identificados como integrantes do "movimento antifascista", todos críticos ao governo Jair Bolsonaro.

Radde descobriu por colegas que estava sendo perseguido por agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do gabinete da Presidência da República.