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'Vamos fazer barulho, vai ser briga boa': sem-teto e MST elegem 8 nomes

Rosa Amorim, Guilherme Boulos e Ediane Maria - Olívia Godoy e Divulgação Campanha PSOL
Rosa Amorim, Guilherme Boulos e Ediane Maria Imagem: Olívia Godoy e Divulgação Campanha PSOL

Júlia Marques

Do UOL, em São Paulo

03/10/2022 14h54

Em meio à bancada recorde do partido do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, sem-terra e sem-teto também conseguiram emplacar nomes para fazer oposição no legislativo. Foram eleitos neste domingo (2) oito deputados federais e estaduais diretamente ligados aos dois movimentos.

Essa foi a primeira vez que o MST lançou candidaturas coordenadas pela direção nacional do movimento.

Entre os escolhidos, está o mais votado em São Paulo para a Câmara dos Deputados. Candidato pelo PSOL, Guilherme Boulos é líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e teve 1 milhão de votos.

Também conseguiu uma cadeira no legislativo estadual paulista Ediane Maria, empregada doméstica e coordenadora do MTST, com 175 mil votos.

O MTST, movimento pelo direito à moradia, alcançou projeção na política partidária nas eleições passadas, quando Boulos se candidatou à presidência do Brasil.

Neste ano, lançou cinco candidaturas: Cláudia Ávila, candidata a deputada federal pelo Rio Grande do Sul, não conseguiu se eleger. Também não foram escolhidos os candidatos a deputados estaduais Leo Suricate, no Ceará, e Jô Cavalcanti, em Pernambuco.

Guilherme Boulos e Ediane Maria - Herculano Barreto Filho/UOL - Herculano Barreto Filho/UOL
Guilherme Boulos e Ediane Maria (PSOL) durante votação em SP
Imagem: Herculano Barreto Filho/UOL

Já entre os 15 candidatos lançados oficialmente pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), seis conseguiram a eleição.

Com a bandeira da reforma agrária e combate à fome, os candidatos Valmir Assunção (PT-BA) e Marcon (PT-RS) foram reeleitos para a Câmara dos Deputados, com 90 mil e 129 mil votos, respectivamente.

Também ocuparam os legislativos estaduais Marina (PT-RJ), Rosa Amorim (PT-PE) e Adão Pretto (PT-RS) e Missias (PT-CE).

Para o MST, o número de eleitos ficou "dentro do esperado" e o movimento "fez história".

"Outras candidaturas nossas que não conseguiram chegar ajudaram companheiros a se elegerem nos estados", diz Alexandre Conceição, da coordenação nacional do MST.

Ele cita o caso de Ruth Venceremos (PT), primeira drag queen sem-terra no Distrito Federal que perdeu a vaga por pouco, depois de receber 31 mil votos, mas ajudou a puxar votos para outros candidatos.

O PT, junto com outros partidos que formaram a federação Brasil da Esperança, teve a segunda maior bancada da Câmara, atrás do PL. Foram ocupadas 79 cadeiras de deputados federais.

Segundo Conceição, os eleitos pelo movimento sem-terra devem levar a pauta da alimentação saudável e reforma agrária para o Congresso. E, com uma Câmara conservadora — o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, conquistou 99 cadeiras — o MST também prevê disputas ideológicas.

"Vamos fazer barulho no Congresso, com a bancada do cocar (indígenas) e dos sem-teto para reconstruir o Brasil e o orçamento público", diz Conceição. "Vai ser uma briga boa."