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Travesti preta e luta por nome social: Erika Hilton agora chega a Brasília

Erika Hilton conquistou uma vaga no Congresso - Alexandre Meneghini/Reuters
Erika Hilton conquistou uma vaga no Congresso Imagem: Alexandre Meneghini/Reuters

Nathalia Lino

Colaboração para o UOL

03/10/2022 12h16

Na noite de domingo (2), Erika Hilton (PSOL) foi eleita deputada federal por São Paulo com 256.903 votos, sendo a nona candidata mais votada do estado.

Em 2020, Erika foi a mulher mais votada para vereadora. Atualmente, a deputada preside a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Vereadores de São Paulo.

Erika também já esteve à frente da CPI que investigou a violência contra pessoas trans no país.

Durante os resultados, alguns famosos comemoraram a vitória através das redes sociais. "Parabéns, rainha", comentou Sabrina Sato. "É isso!", concordou Giovanna Ewbank.

Vinda de uma família evangélica de Franco da Rocha, na região metropolitana de São Paulo, Érika foi criada pela mãe e pelas avós.

Ela conta que durante a adolescência, quando já morava em Itu (SP), foi obrigada a frequentar a Igreja para que tentassem "curá-la". Aos 15 anos, foi expulsa de casa e passou a morar nas ruas, onde encontrou na prostituição uma maneira de sobreviver.

Somente 6 anos depois, voltou a morar com a mãe, que a ajudou a retomar os estudos. Foi então que formou-se no ensino médio e conseguiu entrar na faculdade, onde começou um curso de pedagogia.

Nos anos de colégio, passou a fazer parte do movimento estudantil, o que a colocou no caminho da política.

Em 2015, sua luta contra uma empresa de ônibus que se recusou a imprimir o seu nome social na passagem catapultou sua carreira. Depois de lançar petições e conseguir garantir o direito das pessoas trans de escolherem seus nomes, seu nome então ganhou repercussão. Ela passou a dar palestras e foi convidada pelo PSOL para sair como vereadora de Itu em 2016.

Não conseguiu se eleger, mas passou a integrar a Bancada Ativista em 2018 —candidatura coletiva com nove nomes para uma vaga na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

A Bancada Ativista foi eleita com 149.844 votos.

Em 2020, ela saiu para se candidatar a vereadora por São Paulo. Foi eleita com 50.508 votos, tornando-se a vereadora mais votada do Brasil e a primeira travesti a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de São Paulo.

No mesmo pleito, em 2020, Thammy Miranda (PL) foi eleito o primeiro homem trans vereador por São Paulo, sendo o 9º mais votado na cidade.