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'Nem Lula, nem Bolsonaro; meu voto no 2º turno é nulo', diz João Doria

Colaboração para o UOL, em São Paulo

04/10/2022 12h20Atualizada em 04/10/2022 14h12

O ex-governador de São Paulo João Doria declarou, em entrevista ao UOL News, que seu voto será nulo no segundo turno, pois não irá apoiar nem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nem o presidente Jair Bolsonaro (PL).

"[Não vou] nem de Lula, nem de Bolsonaro", disse Doria. "O meu voto será o da neutralidade. Meu voto será nulo. Não faço ataques nem a um lado, nem ao outro."

"Eu respeito as opções de cada eleitor, esse é um processo democrático. Há de se respeitar as posições e não contestar, muito menos intimidar decisões de quem vai votar em Lula ou em Bolsonaro", completou o político.

Doria reforçou que o PSDB deve anunciar seu apoio para o segundo turno ainda hoje.

"Tenho a impressão de que o partido vai liberar, nos seus estados, a decisão de cada filiado para que, localmente, possa-se instruir seu voto", afirmou o tucano.

Questionado sobre as críticas que fez a Bolsonaro quando era governador de São Paulo, Doria reiterou seu posicionamento.

"Reafirmo as críticas que fiz a Bolsonaro e as mantenho integralmente. Não mudei a minha posição em relação àquilo que de mal fez o governo Bolsonaro, e não foi apenas no tema da saúde, mas também no âmbito econômico e social. É um governo errático em praticamente todas as suas áreas", disse.

"Mas mantenho também a visão crítica em relação aos governos passados, de Lula, em relação à falta de comportamento moral e de lisura no tratamento do dinheiro público. Por isso que a minha posição é de neutralidade neste momento", acrescentou Doria.

Doria: PSDB é um partido perdedor e tende a desaparecer nesse ritmo

Na entrevista ao UOL News, o ex-governador de São Paulo João Doria avaliou que o mau desempenho do PSDB nas eleições de 2022 pode levar ao desaparecimento da sigla.

"O PSDB é um partido perdedor neste momento", disse Doria, relembrando o atrito que teve com os dirigentes da legenda por causa das prévias. "Venci [as prévias] e não levei porque a ponderação feita pela executiva nacional é de que comigo não haveria nem a manutenção, nem o aumento da bancada federal na Câmara e no Congresso."

"Houve uma redução de 41% da bancada, ou seja, o PSDB ficou muito menor", destacou o tucano.

No cenário nacional, o partido decidiu pela primeira vez desde a sua fundação não ter candidato a presidente. A legenda estava na coligação de Simone Tebet (MDB) e tinha Mara Gabrilli (PSDB) como candidata a vice.

Doria ainda lamentou que o partido não tenha vencido o governo de nenhum estado no primeiro turno, apesar de ter quatro candidatos disputando o segundo turno.

"Infelizmente, [o PSDB] perdeu a hegemonia em São Paulo depois de quase 30 anos à frente do governo. A seguir nesse ritmo, o PSDB tende a desaparecer, o que seria uma pena", disse o ex-governador paulista.

Diretora do Ipec: Pesquisa não é oráculo; eleitor teve atitude de 2º turno

A diretora do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica), Márcia Cavallari, rebateu críticas aos dados divulgados pela empresa sobre as intenções de votos durante a campanha eleitoral.

Em entrevista ao UOL News, Cavallari avaliou que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pode ter recebido votos úteis migrados de Ciro Gomes (PDT) e dos eleitores indecisos. A última pesquisa de intenção de votos Ipec antes do primeiro turno mostrava Bolsonaro com 37% dos votos válidos; o candidato à reeleição recebeu 43,20% dos votos. O ex-presidente Lula registrou 51% das intenções de votos válidos no Ipec de sábado (2), e recebeu 48,43% nas urnas.

"Lula deixou de ganhar no primeiro turno por 1,6% dos votos", disse a diretora da empresa.

"Os índices de Ciro eram 5%; ele teve 3%. Tínhamos 3% de indecisos. Esses votos migraram para Bolsonaro provavelmente no voto estratégico, não querendo que a eleição terminasse no 1º turno. Ou seja, antecipando um possível comportamento do segundo turno já no primeiro", acrescentou.

Cavallari também falou sobre a proposta do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), em criminalizar as pesquisas eleitorais. Segundo ela, "todo ano tem essa discussão no Congresso."

"Não é novidade. Pode ser que agora venham com mais força, mas isso sempre acontece", minimizou.

"O que tem que ser entendido é a interpretação da pesquisa. A pesquisa não é um oráculo, não tem poder de projetar resultado futuro. Está ali diagnosticando um momento, medindo a opinião das pessoas, que muda ao longo do processo [eleitoral]", explicou a executiva.

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