Zema encontra Bolsonaro e declara apoio: 'Colocamos divergências de lado'
O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), encontrou hoje o presidente Jair Bolsonaro (PL) e anunciou apoio oficial ao governante na disputa pela reeleição contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. De acordo com o mineiro, ele e o atual chefe do Executivo federal superaram "divergências" para construção da aliança.
Zema também disse considerar que governos anteriores do PT foram "desastrosos" e "arruinaram" o estado de Minas Gerais —fatos que, na visão dele, ajudam a justificar o apoio a Bolsonaro.
"Eu não poderia deixar, nesse momento, de estar colocando aqui as nossas divergências de lado. Eu sempre dialoguei com o presidente Bolsonaro. Sabemos que em muitas coisas convergimos, mas em outras, não. É o momento em que o Brasil precisa caminhar para a frente e eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário."
As declarações ocorreram hoje depois de um encontro entre Bolsonaro, Zema e aliados do postulante à reeleição no Palácio da Alvorada, a residência oficial do governante federal, em Brasília.
"Ao longo desses três anos e meio, algumas divergências vamos ter. Somos falhos, somos seres humanos, mas procuramos fazer o melhor para todos aqui no Brasil", comentou Bolsonaro, ao lado de Zema.
Eu acredito muito mais na proposta do presidente Bolsonaro do que na proposta do adversário. Até porque o adversário dele, que foi o mesmo adversário que eu tive em Minas Gerais, fez uma gestão desastrosa que arruinou o estado de Minas
Romeu Zema, governador reeleito em MG
Minas, segundo maior colégio eleitoral do país, é tido como um estado fundamental na corrida presidencial. Pela tradição, o candidato ao comando do Executivo que vence no estado é também aquele que triunfa no pleito nacional. A última vez em que um presidente ganhou sem levar a melhor em Minas foi há mais de 70 anos, em 1950, com Getúlio Vargas.
No primeiro turno, 48% dos eleitores em MG votaram em Lula, e Bolsonaro registrou 43% no estado. Das mais de 16 milhões de pessoas aptas a votar, 77,79% foram às urnas no domingo, e a abstenção ficou em 22,21%, acima da média nacional, de 20,95%.
Analogia. Zema, que foi reeleito em MG com 6.094.136 votos (56,18% do total), chegou a comparar os governos do PT com uma pessoa que faz uso de "anabolizantes" e afirmou que "o eleitor é pragmático".
Segundo o governador, houve um momento de "prosperidade" inicial logo depois de o ex-presidente Lula assumir o governo, em 2003. Porém, em analogia a um atleta que faz uso de substâncias ilícitas, segundo ele, o país passou a "amargar problemas de saúde" logo depois, quando "a conta veio".
"Com toda certeza, o eleitor é pragmático. Eu sempre menciono que ficou erroneamente na memória do brasileiro uma ideia de que, nos anos Lula, tivemos uma prosperidade. Eu sempre coloco como comparação que, naquele período, foi como se um atleta tivesse tomado anabolizante. No primeiro momento, foi muito bom. E depois a conta veio... Uma marca né? Através de diversos problemas de saúde", declarou Zema.
"Primeiro, muito músculo. Muita força. Depois, problemas renais, impotência, problemas cardíacos. O que o PT fez no Brasil foi isso. Maquiou um desenvolvimento econômico. E tivemos em 2015 e 2016 a pior recessão da história enquanto o mundo crescia", completou.
Durante o primeiro turno, Zema evitou declarar apoio a Bolsonaro porque o Novo tinha candidato ao comando do Executivo federal: Luiz Felipe D'Ávila, que registrou 559.708 votos em todo o país (0,47% do total).
'Diálogo muito franco'. Bolsonaro comemorou o apoio de Zema e afirmou que sempre teve um "diálogo muito franco" com o mineiro.
"Esse apoio é muito bem-vindo. É o segundo maior colégio eleitoral e é decisivo. Só quem ganha lá, diz a tradição, pode realmente chegar à Presidência da República. Então há esse interesse meu", disse o presidente.
"Agradeço aqui o apoio do Zema nesse momento. Mais do que bem-vindo, ele é essencial, decisivo para a nossa reeleição", completou.
Apoio era esperado. Zema já tinha declarado ontem a pretensão de apoiar a candidatura à reeleição de Bolsonaro.
A mobilização do governador mineiro na campanha deve ser importante para que Bolsonaro tenha um palanque forte no estado e engaje também deputados estaduais na busca por votos.
Durante a entrevista de hoje, Bolsonaro afirmou que pretende ir pelo menos três vezes a Minas Gerais durante o segundo turno. A primeira agenda está prevista para 12 de outubro, um encontro com lideranças evangélicas.
O presidente tem um importante cabo eleitoral no estado: o vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL), recordista de votos para a Câmara dos Deputados no país e o candidato mais bem votado da história de Minas Gerais. Aos 26 anos e com mais de 95% das urnas apuradas no estado, o político passou de 1,4 milhão de votos.
"Meu grande objetivo é combater o PT. Não que eu concorde totalmente com as pautas do governo federal, mas estarei, muito provavelmente, acertando isso em mais um ou dois dias ao lado do presidente Bolsonaro, evitando que o desastre do passado se repita", disse Zema, ontem, em entrevista à CNN Brasil.
Costura com deputados. Conforme apurou o UOL, Zema tem interesse no apoio de deputados correligionários de Bolsonaro eleitos em Minas a fim de ter maioria para governar. São nove parlamentares na mira.
A Assembleia Legislativa tem 77 vagas, e o governador Zema conseguiu que 22 aliados fossem eleitos. Com o apoio do PL, que pode atrair também o Republicanos para a base, o governador poderá ter uma base majoritária.
Em seu primeiro mandato, Zema governou com apenas 15 deputados na base —o PL era independente. O representante do Novo espera que, com a maioria, possa emplacar propostas como privatizações e reforma administrativa.
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