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Com Chico em ato, Lula acena a mulheres e fala em cultura contra 'genocida'

Do UOL, em Belo Horizonte e em São Paulo

09/10/2022 14h22

Com a presença do cantor e compositor Chico Buarque no trio durante o ato de hoje da campanha presidencial no segundo turno das eleições de 2022 em Belo Horizonte (MG), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez aceno a mulheres, falou sobre ações voltadas à cultura e voltou a chamar o presidente Jair Bolsonaro (PL) de "genocida" por causa da sua atuação durante a pandemia da covid-19.

O termo foi evitado pelo petista em seus discursos depois que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) determinou a retirada de um discurso seu no Piauí por causa do uso da palavra, a pedido do chefe do Executivo.

A campanha petista, por sua vez, avalia que o ex-presidente deve ser mais combativo e não deve evitar falas nesta reta final. Além disso, dizem os petistas, "na hora do vamos ver" é Lula quem decide o que diz ou não.

"Amanhã vai ser outro dia". Chico Buarque fez um discurso rápido ao subir no trio elétrico, dizendo ser grato ao petista e acreditar que ele "vai nos tirar desse buraco". Em seguida, fez uma referência à sua música "Apesar de Você".

"Vou repetir algo que disse em torno de 50 anos: amanhã vai ser outro dia."

Depois da fala, o público cantou o refrão "Apesar de você, amanhã há de ser outro dia." A música foi composta durante o governo do ditador Emílio Garrastazu Médici, em protesto contra a ditadura militar.

lula - Hedgard Moraes/Estadão Conteúdo - Hedgard Moraes/Estadão Conteúdo
Lula participou de ato de campanha com o cantor Chico Buarque, que veste boné e camisa vermelhas, em Belo Horizonte
Imagem: Hedgard Moraes/Estadão Conteúdo

O que Lula disse sobre as mulheres. O petista discursou sobre políticas de igualdade salarial para homens e mulheres. "Chega de feminicidio. Mulher não foi feita para ser objeto de mesa e cama. Mulher foi feita para ser sujeito da história", afirmou no início do discurso. Depois, complementou: "Mulher e homem. Trabalho igual, salário igual".

Ações culturais fora do eixo Rio-São Paulo. Lula também prometeu remontar o Ministério da Cultura, transformado em secretaria especial na gestão de Jair Bolsonaro, e descentralizar as políticas culturais do país. "Cada capital vai ter um comitê de cultura, e não ficar refém do eixo Rio-São Paulo. Queremos que a cultura seja nacionalizada, e que artistas de outros estados tenham oportunidade."

'Genocida'. Ao mencionar suas propostas para a cultura, Lula se referiu a Bolsonaro como "genocida".

"A gente vai criar o Ministério [da Cultura] com muita força, e a cultura não será vista como coisa de bandido. A cultura vai ensinar esse povo a ter consciência política para nunca mais votar em um genocida", atacou.

Debates. O petista ainda confirmou a participação em debates antes do segundo turno das eleições, voltando a atacar o oponente. "Ainda tem dois debates com o genocida. Vou botar muito repelente com medo de uma mordida. Se ele pensar em dar uma mordida no pernambucano, ele vai morrer envenenado", disse.

A fala é uma referência indireta aos ataques contra Bolsonaro, que tem sido chamado de "canibal" por Lula devido a uma entrevista dada em 2016 no The New York Times ao afirmar que "comeria carne humana" ao se referir à cultura de povos indígenas no Brasil.