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Em BH, Lula volta a atacar Bolsonaro: 'não tem compromisso com a verdade'

Do UOL, em Belo Horizonte, e em São Paulo

09/10/2022 11h51

Em ato em Belo Horizonte (MG) no fim da manhã de hoje, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a atacar o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a corrida eleitoral no segundo turno das eleições presidenciais. "É um adversário que não faz nenhum sacrifício para contar uma mentira. Ele não tem compromisso com a verdade", criticou.

Ele também aproveitou a ocasião para tentar fortalecer a relação com os mineiros, minimizando divergências políticas com o governador Romeu Zema (Novo), reeleito ainda no primeiro turno com 56,18% dos votos válidos. Ontem, Lula esteve em Campinas (SP). Na ocasião, também fez críticas a Bolsonaro, o acusando de intolerância religiosa e uso indevido da máquina pública.

Relação com o governo de Minas. "Eu não conheço o governador Zema. Mas, se eu for eleito, ou ele vai conversar comigo em Brasília, ou eu vou conversar com ele em Belo Horizonte. Eu não quero saber de que partido é o governador ou o prefeito. Ele merece ser tratado com dignidade e com respeito. O Brasil precisa ter alguém que tenha capacidade de governar este país pensando no povo que está excluído", disse.

Questionado sobre o apoio de Zema a Bolsonaro, Lula minimizou uma eventual influência no eleitor mineiro.

"Ele tem liberdade de apoiar quem ele quiser. A única coisa que ele tem que levar em conta é não pensar que o povo é gado. O povo tem consciência do que está acontecendo no país. É só tomar cuidado para não tomar o povo como rebanho. [O governador mineiro pode ter] problema de remorso ao não me apoiar. Eu vim aqui tentar convencer o povo mineiro de que a gente pode fazer mais por Minas Gerais."

Relação com Aécio. Lula citou a relação com Aécio Neves (PSDB), que foi governador de Minas Gerais entre 2003 e 2010, no período em que ele foi presidente do Brasil. "A minha relação com o Aécio sempre foi altamente produtiva. O que era importante era que as coisas aconteciam. E a gente tinha prazer de fazer as coisas sem ficar colocando picuinha político-ideológica nas nossas ações."

Mais críticas a Bolsonaro. Lula também questionou as ações de Bolsonaro durante a sua gestão, de olho no voto dos eleitores mineiros. "Qual a obra que ele fez em Belo Horizonte? Duvido que alguém consiga encontrar uma casa verde e amarela do Bolsonaro. Se alguém encontrar, por favor, tire uma foto e me mande."

Ainda que indiretamente, o petista também citou os questionamentos levantados por Bolsonaro sobre as urnas eletrônicas. "Eu não ganhei no primeiro turno porque teve uma parcela da sociedade que não quis que eu ganhasse. Simples assim. Não tem choro e nem vela. Agora, cara, quem tiver mais voto ganha."

"Eu espero que quem ganhar tenha o direito de sorrir, e quem perder tenha o direito de chorar. É isso que está garantido na democracia", completou.

Alfinetada sobre questionamentos de pesquisas. Mais uma vez sem citar Bolsonaro diretamente, o petista ironizou a postura do atual chefe do Executivo, que criticou as pesquisas de intenção de voto. "Candidato não acredita em pesquisa que ele perde, ele só acredita em pesquisa que ele ganha."

Piada com atleticanos, cruzeirenses e torcedores do América. Lula também fez piada sobre os eleitores petistas, bolsonaristas e indecisos, traçando um paralelo com os torcedores de Cruzeiro e Atlético, os clubes de futebol mais populares de Minas Gerais. O petista tratou os torcedores do América Mineiro, que tem menor torcida, como os indecisos, arrancando risos de quem acompanhava a coletiva antes do cortejo.

"Os votos estão definidos. Quem é cruzeirense, não abre mão de ser cruzeirense. E quem é atleticano, não abre mão de ser atleticano. Nós temos aí alguns torcedores do América, que nós vamos tentar ganhar, que é o pessoal da abstenção, que não votou no primeiro turno."

"Dias tensos". Questionado pelo repórter do UOL Notícias sobre a escalada da violência em meio às eleições, Lula fez um apelo aos eleitores. "A militância não pode aceitar nenhuma provocação. Vão ser dias tensos", projetou.

Segundo o levantamento feito pelo Datafolha antes do primeiro turno das eleições, sete em cada dez pessoas dizem ter medo de ser agredidas por causa das suas escolhas políticas. O instituto ouviu 2.100 pessoas em cerca de 130 municípios entre 3 e 13 de agosto.

Quem participa do ato. Na caminhonete, ele estava acompanhado do senador Alexandre Silveira (PSD-MG), da presidente petista Gleisi Hoffmann e dos deputados Reginaldo Lopes (PT-MG) e André Janones (AV-MG). Alexandre Kalil (PSD-MG), ex-prefeito de Belo Horizonte, participou da entrevista coletiva prévia, mas não seguiu o cortejo.

Lula está em Belo Horizonte pela terceira vez para uma caminhada pelo centro da cidade. Sem segundo turno no estado —e com seu candidato Alexandre Kalil (PSD) derrotado —o ex-presidente tenta aumentar a margem de quase 5 pontos no estado em relação ao presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno.

Mais caminhada, menos comício. O PT decidiu reprogramar a estratégia de eventos para o segundo turno. A cúpula do partido definiu que o ex-presidente deve participar menos nos grandes comícios, como fez durante toda a primeira etapa, e aposta mais em modelos híbridos, como caminhadas.

A avaliação é que grandes comícios são caros e destinados apenas para militantes. Com caminhadas, por sua vez, eles conseguem impactar. E, consequentemente, mostrar força para um público de indecisos. A comitiva de hoje é a quarta seguida desde quarta-feira (6).

Pêndulo. É a sexta vez que Lula visita Minas Gerais desde o início da pré-campanha, em junho —terceira vez só em Belo Horizonte. Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais é o segundo estado em que o petista promoveu mais eventos, atrás apenas de São Paulo.

O estado de Minas Gerais é estratégico para campanhas por ser, ao lado de Amazonas, o estado em que todos os candidatos que ganharam localmente foram eleitos presidente desde 1989.

No primeiro turno, Lula ganhou do presidente Jair Bolsonaro (PL) em Minas Gerais com pouco mais de 500 mil votos, mas esperava ter uma distância maior.

Foco no Sudeste. A região foi, inclusive, a principal surpresa negativa para a campanha na primeira etapa e já ganha uma atenção especial para o segundo turno. O PT esperava ganhar em São Paulo, o que não ocorreu, e perder por menos no Rio —foram 11 pontos de diferença.

Nesta semana, Lula iniciou os eventos públicos com três caminhadas na região metropolitana de São Paulo e no interior. Ele volta ao Rio de Janeiro para um cortejo na Baixada Fluminense.

Nos três estados, só São Paulo tem segundo turno. Os bolsonaristas Romeu Zema (Novo-MG) e Cláudio Castro (PL-RJ) foram reeleitos, e Fernando Haddad (PT) acabou atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na disputa ao Palácio dos Bandeirantes.