Bolsonaro visita aliados no Sul enquanto Michelle encara estados hostis
A 20 dias do segundo turno, a agenda do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta semana concentra visitas a igrejas e atos em estados aliados. Já a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, vai às duas regiões onde o candidato à reeleição foi derrotado no primeiro turno: o Norte e o Nordeste.
Ontem (10), Michelle esteve no Pará, onde Bolsonaro alcançou 40,27% dos votos e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu adversário, 52,22%. No estado, o governador Helder Barbalho (MDB), reeleito com 70,41% do eleitorado, já havia participado de ato com Lula durante campanha do primeiro turno —mesmo com a candidata do partido dele, Simone Tebet, na disputa. Na semana passada, Barbalho confirmou apoio ao petista.
Também estão previstas viagens da primeira-dama ao Nordeste, onde o presidente perdeu em todas as unidades da federação, com maior diferença de votos em relação ao adversário petista.
Entrada pelas igrejas evangélicas. Michelle viaja pelo Norte e Nordeste como principal rosto do comitê de mulheres montado pela campanha de Bolsonaro. Muito identificada com os eleitores religiosos, ela trabalha em parceria com igrejas evangélicas que convocam suas lideranças e fiéis para encontros com a primeira-dama e com a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF).
O objetivo é usar a pauta conservadora para diminuir a diferença em relação a Lula no segundo turno —embora tenha sido derrotado no Norte e Nordeste no início deste mês, Bolsonaro ganhou votos nas duas regiões na comparação com o primeiro turno 2018.
Em reunião em Brasília na semana passada, Damares deu as linhas gerais da mensagem que deve ser levada nos eventos desta semana. Ela afirmou que é para "tocar no coração do pai e da mãe" com discursos sobre aborto, drogas e ideologia de gênero.
Começa no Norte e termina no Nordeste. Ontem, a primeira-dama esteve na Assembleia de Deus de Belém (PA) e falou para mulheres da capital e de nove cidades do interior, além de deputados federais, estaduais e vereadores. O objetivo era entregar fundamentos para defender Bolsonaro e tentar conquistar votos.
O esforço no Norte também já incluiu Amapá e Roraima —neste último, o presidente ganhou no primeiro turno, com grande vantagem (teve 69,57% do total de votos). O plano é visitar os sete estados da região até amanhã (12) —Bolsonaro perdeu em quatro deles.
Na sequência, começa a fase nordestina. Michelle deverá percorrer as capitais dos nove estados da região em três dias.
Tarefa inglória. Na semana passada, a primeira-dama declarou, em tom de cobrança, que a igreja precisava se posicionar na corrida presidencial. Foi atendida e recebeu ajuda para amenizar as dificuldades políticas de Bolsonaro no Nordeste.
O apelo às lideranças religiosas ocorre porque o presidente não tem aliados políticos fortes na região. O principal foco são as mulheres religiosas e a leitura é que Michelle consegue acessar este segmento e que a pauta conservadora tem apelo entre elas.
Bolsonaro viaja para encontrar aliados. Na estratégia para o segundo turno cabe a Bolsonaro visitar regiões que votaram por sua reeleição —e tentar aumentar a preferência nessas áreas. Hoje (11), o presidente estará em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
A lista de atos programados para a semana também conta com:
- Visita à igreja Mundial, em Belo Horizonte,
- Ida à Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida (SP) e
- Comício em Duque de Caxias (RJ).
Bolsonaro venceu o primeiro turno em dois destes três estados —só foi derrotado em Minas Gerais. Na cidade fluminense, onde está programado o primeiro evento aberto ao público geral na retomada da corrida pelo Planalto, ele teve 53,18% da preferência dos eleitores —Lula ficou com 40,10%.
Entre amigos. No Sul, Bolsonaro terá ao seu lado lideranças políticas e empresariais —ele venceu nos três estados da região. Até as 15h de ontem, havia 230 prefeitos e vice-prefeitos credenciados para participar de um grande evento em Balneário Camboriú (SC). No total, o estado tem 295 municípios.
Incluindo deputados estaduais, federais, vereadores, lideranças religiosas e empresariais, o número de participantes deve chegar a mil, segundo o senador eleito Jorge Seif (PL-SC).
Outro exemplo do apoio foi uma postagem da Câmara de Dirigentes Lojistas de Florianópolis, às vésperas da visita do candidato.
"Mesmo em meio à estupidez generalizada do 'fique em casa', o Brasil não deixou a economia para depois e, diante de adversidades políticas e jurídicas diárias, agiu para que superássemos rapidamente as inúmeras (e altamente questionáveis) restrições impostas no período pandêmico", diz trecho da nota.
Quando a pandemia de covid-19 chegou ao Brasil, em 2020, autoridades e especialistas em saúde pública de todo o mundo defendiam o fechamento de comércio e o isolamento para barrar a transmissão do coronavírus, mas o presidente foi contra.
Contra a abstenção. Seif afirmou que toda concentração de forças em Balneário Camboriú tem como meta diminuir a abstenção de votos.
No primeiro turno, 1 milhão de eleitores catarinenses não escolheram nenhum dos candidatos a presidente —tentar reduzir esse número faz parte de uma estratégia da campanha nacional de Bolsonaro.
A leitura da equipe bolsonarista é que parte dos eleitores brasileiros que não votou no primeiro turno é composta por pessoas que escolheram o presidente em 2018 e decidiram não repetir a opção. Neste segundo turno, a campanha do presidente trabalha para estas pessoas voltarem a votar no candidato à reeleição.
Seif ressaltou que no primeiro turno Bolsonaro ficou com 62,21% do eleitorado catarinense —com o esforço pela queda da abstenção, ele projeta alcançar entre 70% e 80% dos votos. Lula teve 29,54% dos votos.
Também nesta terça-feira, Bolsonaro participa da Fenadoce (Feira Nacional do Doce), em Pelotas (RS). No estado, o presidente foi o mais votado no primeiro turno —teve 48,89% dos votos, contra 42,28% para Lula.
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