Gleisi e Renan criticam afastamento de governador do AL; Arthur Lira rebate
A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou hoje o afastamento do governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), do cargo por 180 dias.
"É suspeitíssima a operação da PF contra governador Paulo Dantas, que lidera as pesquisas em Alagoas. A 19 dias do segundo turno, cheira a manipulação política, num estado em que a Superintendência da PF é controlada pelo presidente bolsonarista da Câmara dos Deputados", disse a congressista, em referência a Arthur Lira (PP), que apoia a candidatura de Rodrigo Cunha (União Brasil) no Estado.
Candidato à reeleição apoiado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno, Dantas foi alvo de uma operação da PF (Polícia Federal) autorizada pela ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político de Lira, afirmou que acionará o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) contra a ministra do STJ que proferiu a decisão contra Dantas.
"Entraremos —eu e o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP)— contra ela no CNJ pela decisão descabida e nitidamente política faltando poucos dias para a eleição. O Ministério Público, de Lindôra Araújo e Augusto Aras, nada faz contra Lira, condenado que disputou três eleições com liminares", afirmou o parlamentar.
"A perseguição a Dantas remonta a 2017, é da competência estadual. Foi parar no STJ por uma armação de Lira e lá perambulou por vários gabinetes até cair nas mãos certas da ministra bolsonarista Laurita Vaz, que não tem competência para o caso", disse.
Arthur Lira rebate críticas
Questionado pelo UOL sobre as declarações de Gleisi Hoffmann e Renan Calheiros, Arthur Lira emitiu a seguinte nota:
"Renan Calheiros não toma jeito. Toda vez que ele ou alguém de seu grupo é apanhado praticando o malfeito, me acusa para tentar encobrir suas safadezas. Foi o STJ que viu fortes indícios de corrupção e determinou o afastamento do governador de Alagoas. Ficou claro o porquê de Renan ter pedido o afastamento do superintendente da PF em AL.
Queria abafar a operação Edema. Ele sabe que hoje não há interferência na PF como na época em que ele mandava e desmandava. Ao invés de combater a corrupção, Renan quer mesmo é abafá-la. Ele ainda alega que não seria competência do STJ analisar o caso.
Deveria saber que os governadores de estados são da alçada do STJ.Mas, ao que parece, Renan quer mesmo é esconder embaixo do tapete as denúncias de corrupção que envolvem o seu grupo político e manter o poder em AL."
Afastamento não torna Dantas inelegível
Além do afastamento do governador, a magistrada do STJ autorizou 31 mandados de busca e apreensão e o sequestro de bens avaliados em R$ 54 milhões em nome dos alvos. Durante a operação, a corporação apreendeu R$ 100 mil na casa do emedebista e R$ 14 mil em espécie num hotel em que ele está hospedado em São Paulo.
A PF mira suspeitos de práticas dos crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.
"A necessidade e a urgência das medidas cautelares cumpridas na manhã de hoje -que incluem busca e apreensão, sequestro de bens, afastamentos de função pública, dente outras medidas- foram amplamente demonstradas nos autos da investigação policial e corroborada pelo Ministério Público Federal, o que subsidiou a decisão judicial", afirma a PF em nota.
O emedebista virou governador em maio, para um mandato tampão, após Renan Filho (MDB) deixar o cargo para disputar uma vaga ao Senado. Dantas teve 46,64% dos votos válidos no primeiro turno, à frente de Cunha, que teve 26,74%.
Ao UOL, o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) informou que o afastamento de Dantas não o impede de disputar a reeleição.
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