Topo

Tales: Bolsonaro prepara discurso golpista ao chamar Moraes de vice de Lula

Colaboração para o UOL, em São Paulo

14/10/2022 13h00Atualizada em 14/10/2022 14h56

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), faz uma nova investida contra o ministro e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, em preparação de um discurso golpista caso perca as eleições. A análise é do colunista do UOL Tales Faria.

"Bolsonaro está preparando o discurso golpista. Não estou dizendo que ele vai conseguir dar o golpe, mas quando ele diz que o Alexandre de Moraes é o vice de Lula, ele quer dizer que, se perder, será porque o juiz estava do outro lado", afirmou o jornalista, durante o UOL News.

O mandatário criticou hoje o ministro pela decisão de suspender inquérito da Polícia Federal e apuração do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para investigar institutos de pesquisas eleitorais.

Segundo Bolsonaro, a interrupção das investigações perpetuará o que ele chama de "mentiras" —em referência aos levantamentos publicados por institutos como Datafolha, Ipec (ex-Ibope) e outros.

"Se ele tiver apoio popular para dar uma de Donald Trump, vai tentar fazer [um golpe]", disse Tales. "Acho que não terá, mas é isso que ele está preparando e foi isso que quis ao colocar o Exército para conferir votos."

O colunista ressaltou que, na decisão, Moraes justificou que usar os órgãos do governo para investigar os institutos de pesquisa seria abuso de poder político do presidente da República.

"Hoje de manhã, perguntei para Ricardo Barros e Ciro Nogueira se eles vão fazer algo de concreto em relação a Moares. E não vão, a não ser essas críticas", afirmou Tales. "Porque não há o que fazer. Eles só querem usar a narrativa para um discurso golpista que o Bolsonaro está preparando."

Madeleine: Se alguma campanha se prejudicou com as pesquisas, foi a do Lula

A colunista Madeleine Lacsko também repercutiu a reação de Bolsonaro à decisão de Moraes. "Bolsonaro pedir investigação [dos institutos de pesquisa] é algo sem pé nem cabeça", resumiu.

"Há problemas com os institutos de pesquisa, mas isso não vai ser enfrentado com investigação do Cade. E, se alguma campanha realmente foi prejudicada com os resultados eleitorais, foi a do Lula", disse a jornalista.

"Quem se prejudicou foi o Lula, não o Bolsonaro, por acreditar que a distância entre eles era menor como apontavam as pesquisas. Lula gastou todos os cartuchos que tinha fazendo uma campanha para ganhar no primeiro turno achando que isso era possível", acrescentou.

"Por isso, não faz sentido ser a campanha do Bolsonaro, que se deu bem com o erros dos institutos de pesquisa, ser quem pede isso."

Tales: Orçamento secreto é um mensalão maior e quase institucionalizado

O colunista Tales Faria analisou a prisão pela PF (Polícia Federal) de duas pessoas suspeitas de desvios no orçamento secreto, no Maranhão.

"Como diz a Simone Tebet, o orçamento secreto é o maior escândalo da política de todos os tempos", disse o jornalista, no UOL News. "São R$ 41 bilhões [do orçamento secreto]. O mensalão não foi nem R$ 1 bilhão; o petrolão, foram R$ 6 bilhões. Quer dizer, é um escândalo monumental envolvendo compra de votos de parlamentares", completou.

Tales destacou que a liberação de recursos do orçamento secreto passa pelo Centrão, que controla o Congresso Nacional. "Tem que pedir a verba ao presidente da Câmara ou do Senado — que é pedir ao Centrão. Ou seja, é conseguir que o Centrão mande verba sem precisar aparecer [em Brasília]. Não precisa pedir emenda formalmente, quem bota ali é o relator a pedido do Centrão", afirmou.

"É um mensalão maior e quase institucionalizado. Dificilmente vai conseguir se desmanchar isso. O dinheiro que se dá aos parlamentares a partir do orçamento secreto vai ter que ser mantido sem ser secreto, qualquer que seja o novo presidente", concluiu.

O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em três edições, sempre ao vivo.

Quando: de segunda a sexta às 8h, 12h e 18h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: