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Tarcísio recua e agora diz que vai reavaliar câmeras em uniforme de PMs

Tarcísio de Freitas participa de solenidade em alusão aos 52 anos da Rota, em São Paulo - Leco Viana/TheNewS2/Estadão Conteúdo
Tarcísio de Freitas participa de solenidade em alusão aos 52 anos da Rota, em São Paulo Imagem: Leco Viana/TheNewS2/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

14/10/2022 12h52Atualizada em 14/10/2022 15h12

Uma semana após afirmar que "com certeza" retiraria as câmeras das fardas de policiais militares caso eleito, o candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) recuou e disse hoje que irá reavaliar a política e conversar com especialistas.

O ex-ministro da Infraestrutura afirmou considerar que a câmera atrapalha a produtividade dos policiais, mas reconheceu que essa é uma percepção pessoal e que vai avaliar o tema com as forças de segurança caso ganhe a eleição.

A declaração foi dada após a participação dele em cerimônia do 52º aniversário da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), a tropa de elite da Polícia Militar de São Paulo, na região central da capital paulista.

"Considero que hoje a câmera inibe o policial, acho que ela tem atrapalhado a produtividade, mas isso é uma percepção. O que a gente vai fazer caso seja eleito? Chamar as forças de segurança e avaliar do ponto de vista técnico a efetividade ou não e o aperfeiçoamento da política pública", disse.

"Não existe política pública que não possa ser reanalisada, que não possa sofrer melhorias. Ou a gente reavaliando que isso está atrapalhando de maneira importante a produtividade, retirar. Mas isso é uma coisa que a gente vai discutir em conjunto com especialistas", continuou.

Mudança. Na sexta-feira passada, em entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, o candidato havia dito que "com certeza" iria retirar as câmeras caso seja eleito governador.

"A turma [os policiais] tem que perceber que o Estado está do lado dele, é por isso que eu tive uma postura muito crítica com relação às câmeras. O que representa a câmera? É uma situação de deixar o policial em desvantagem em relação ao bandido. Com certeza [vou tirar]", declarou na ocasião.

Mortes despencaram com câmeras. Reportagem publicada em julho pelo UOL mostrou que as mortes cometidas por policiais militares despencaram em 19 dos 131 batalhões do estado de São Paulo um ano depois que as ações de seus agentes começaram a ser filmadas.

Dados obtidos pela reportagem mostram queda de 80% na letalidade policial nessas unidades após a implantação do programa Olho Vivo —que prevê a instalação de câmeras nos uniformes.

Reportagem publicada em abril pelo jornal Folha de S.Paulo mostra que o uso de câmeras pelos policiais também aumenta a proteção da tropa. Nos últimos três anos (2019-2021), entre os meses de junho e outubro, as ocorrências de resistência às abordagens policiais caíram 32,7% nos batalhões que usam a tecnologia. Nas unidades que não a utilizam, a queda foi de 19,2%.

Tema foi discutido no debate. A questão das câmeras foi um dos temas discutidos por Tarcísio e seu adversário Fernando Haddad (PT) no debate promovido pela Band na segunda-feira (10).

O petista diz, que se eleito, manterá as câmeras nas fardas dos PMs e criticou a proposta do candidato do Republicanos.

"Como você, que se diz técnico, vai desafiar os dados que são da própria polícia? As câmeras precisam ser mantidas e reavaliadas", destacou Haddad.

Encontro com Rodrigo e Nunes. No evento de hoje na Rota, Tarcísio se encontrou com o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB) — ambos já declararam apoio à candidatura do bolsonarista.

Segundo Rodrigo, ele e Tarcísio estarão juntos na próxima semana, em um encontro com prefeitos — a participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda não está confirmada.