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Sem citar origem de recursos, Bolsonaro diz que R$ 600 'vieram para ficar'

Bolsonaro durante comício em Teresina, no Piauí - Reprodução/Facebook
Bolsonaro durante comício em Teresina, no Piauí Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo*

15/10/2022 11h25Atualizada em 15/10/2022 12h24

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje, sem citar qual seria a origem de recursos, que os R$ 600 pagos mensalmente no programa Auxílio Brasil "vieram para ficar". A declaração foi feita pelo chefe do Executivo ao criticar o Bolsa Família e o PT, que, segundo ele, pagavam benefícios menores à população mais pobre.

"Atendemos aos mais pobres de verdade. [...] Não vai acabar, os R$ 600 vieram para ficar", disse Bolsonaro.

Apesar da promessa do presidente, o pagamento do Auxílio Brasil nesse valor só vai até dezembro e, no plano de governo de sua tentativa reeleição, Bolsonaro não diz como vai bancar o benefício.

"Um dos compromissos prioritários do governo reeleito será a manutenção do valor de R$ 600 para o Auxílio Brasil a partir de janeiro de 2023", diz o documento com as propostas de Bolsonaro. O texto dedicou sete das 48 páginas para falar de economia, tecnologia e inovação.

Segundo o PLOA (Projeto de Lei Orçamentária Anual) enviado pelo governo ao Congresso, o benefício a partir de janeiro de 2023 terá valor médio de R$ 405,21, com meta para atendimento de 21,6 milhões de famílias. O orçamento total do programa é estimado em R$ 105,7 bilhões.

Especialistas consultados pelo UOL em agosto classificaram o programa de Bolsonaro como "genérico" e disseram que as poucas propostas econômicas apresentadas não possuem detalhamentos de como serão custeadas.

"Esse plano é o tipo de coisa que tem muito mais ruído do que informação. É realmente bem genérico", afirmou Paulo Picchetti, pesquisador do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). "São promessas vagas, a essa altura, sem grande credibilidade, e de cunho visivelmente populista, sem nenhuma preocupação com a parte fiscal".

Bolsonaro negou alta de combustíveis após o 2º turno

Durante o comício de hoje, Bolsonaro também negou a possibilidade de uma elevação do preço dos combustíveis após o segundo turno da eleição, no fim deste mês. "Dizer que vai aumentar no pós eleição é mais uma mentira do PT", disse.

"No mundo todo, os combustíveis dispararam. Zeramos os impostos federais da gasolina e hoje nós temos uma das gasolinas mais baratas do mundo, e esse preço vai continuar, porque está definido em lei federal."

Os preços da gasolina e do diesel nos postos de combustível têm caído desde o fim de junho, justamente o início da campanha eleitoral, puxados pelo corte de tributos e, depois, por reduções nos preços da companhia. Foram quatro descontos seguidos para a gasolina e três para o diesel.

Nas últimas semanas, porém, os preços da Petrobras voltaram a ficar abaixo do mercado internacional, contrariando a política de PPI (Preços de Paridade de Importação).

* Com informações da Anaís Motta, do UOL, e Agência Estado