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Quem venceu o debate entre Bolsonaro e Lula? Colunistas do UOL opinam

Colaboração para o UOL

16/10/2022 22h13Atualizada em 17/10/2022 10h54

Chegou ao fim o primeiro debate entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da disputa presidencial. Os colunistas do UOL analisaram quem saiu vencedor do confronto realizado nesta noite.

O debate foi transmitido pelo UOL, em parceria com Band, Folha de S.Paulo e TV Cultura.

O debate está disponível no canal do UOL no YouTube, Canal UOL e também foi transmitido nas redes sociais Facebook, Twitter ou TikTok.

Confira a análise dos colunistas do UOL sobre o debate na TV Bandeirantes:

José Roberto de Toledo:

Acho que foi claramente dividido [o debate num geral]. Primeiro bloco claramente a favor do Lula, segundo foi equilibrado e o terceiro claramente a favor do Bolsonaro. Num geral, Lula terminou pior do que começou, ainda teve mais avaliações positivas do que negativas. E Bolsonaro, meio que zero a zero. Se foi [Lula venceu], foi por uma margem mínima.

Josias de Souza:

Me arriscaria a dizer que, não teve nocaute, mas o Bolsonaro encostou o Lula de tal forma nas cordas na fase final do debate, e Lula administrou tão precariamente seu tempo, que me arriscaria a dizer que Bolsonaro venceu o debate por pontos. A 'cozinha' do Bolsonaro funcionou bem melhor, avisou sobre o tempo, orientava quando deveria pedir direito de resposta.

Alberto Bombig:

Acho que, na melhor hipótese para o Lula, foi um empate. Eu apostaria num empate. Acho que Lula começou melhor, mas no final ficou nervoso. Do mesmo modo que Bolsonaro ficou enredado pelo Lula no primeiro bloco, o Bolsonaro enredou o Lula no tema da Petrobras. O Lula ter consumido tanto tempo dele no último bloco e entregado mais de 5 minutos, erro estratégico.

Thais Oyama:

Eu acho que o Bolsonaro teve uma vitória relativa, porque a expectativa da campanha dele era baixíssima, eles estavam pessimistas e inseguros achando que pudessem sofrer um massacre. E não foi o que a gente viu. Acho que estava bem equilibrado.

Deysi Cioccari:

Quem se saiu melhor é difícil, acho que os dois tiveram bons momentos e maus momentos, mas talvez a grande diferença nesse debate tenha sido o mau tempo que o Lula não soube administrar, deixou 7 minutos para Bolsonaro falar o que quisesse. O Lula no primeiro bloco começou mais agressivo, incisivo, foi um bom momento. Perdeu a voz ao longo do debate, então em alguns momentos ficou muito difícil entender o que ele estava querendo dizer, e o fechamento do Lula foi melhor. Mas Bolsonaro teve os 7 minutos e não perdeu a calma. Ele conseguiu se manter tranquilo até o final do debate, então isso foi um ponto positivo.

Leonardo Sakamoto:

O debate terminou em empate, bom para Lula, que está à frente nas pesquisas. O petista determinou a agenda do primeiro bloco, pautando a pandemia e jogando as mortes por covid-19 nas costas de seu adversário. No segundo bloco, com as perguntas dos jornalistas, os dois tiveram desempenho semelhante - destaque para a irritação de Bolsonaro diante da comparação entre a corrupção do petrolão do PT e do seu orçamento secreto.

No terceiro, foi a vez do presidente, mais soltinho, impor a pauta de corrupção e colocar Lula na defensiva. Mais irritado e cansado, o petista não controlou seu tempo. Isso garantiu cinco minutos para Jair falar sem interrupção. Contudo, ele não apresentou uma "bala de prata", pelo contrário, desperdiçou a oportunidade ao gastar o tempo para reforçar o discurso ideológico de sua base. Lula ainda usou mal um direito de resposta ao ficar reclamando por mais direitos de resposta.

Destaque negativo foi Bolsonaro resumir as comunidades pobres do Rio a antros de bandidos ao dizer que só havia traficantes ao lado de Lula na passeata do Complexo do Alemão.

Ricardo Kotscho:

Se depender do debate deste domingo, as próximas pesqujsas vão repetir as anteriores. Como Lula e Bolsonaro repetiram apenas o que já vinham falando nos programas de TV e nos comícios, com os olhos mais voltados no retrovisor do que no horizonte, sem apresentar nada de novo, nem cometeram nenhum erro grosseiro, o cenário eleitoral não deve mudar. Quem vota Lula vai dizer que Lula foi melhor. Quem vota Bolsonaro vai achar que foi Bolsonaro.

Os dois alternaram bons e maus momentos, acusando-se mutuamente de mentir, por vezes no mesmo bloco. No primeiro, o presidente estava bastante tenso, e Lula, com mais experiência em debates, passeou pelo palco, olhando para a câmera e fustigando o adversário por seu comportamento na pandemia. Bolsonaro só se defendeu, não conseguiu mudar de assunto. A partir da metade do segundo bloco, porém, quando o próprio Bolsonaro levantou o assunto das meninas venezuelanas, que Lula evitou, ele parece ter tirado um fardo das costas e seu desempenho foi melhor. No último bloco, Lula se perdeu na administração do tempo, misturou muitos assuntos na sequência e declamou mais uma vez os números dos seus governos anteriores, que todo mundo já conhece de cor.

Tales Faria:

O ex-presidente Lula (PT) venceu disparado o primeiro bloco, primeiro ao jogar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas cordas ao perguntar quantas universidades e escolas técnicas o atual governo criou. Bolsonaro simplesmente não respondeu.

Bolsonaro venceu o segundo bloco, quando foi aberta aos jornalistas a possibilidade de fazer perguntas aos candidatos. Lula fugiu da pergunta do representante do UOL, Josias de Souza, sobre os desvios na Petrobras apelidados de Petrolão, permitindo ao adversário crescer no embate.

O bloco seguinte, de novo enfrentamento cara a cara entre os candidatos, ficou no empate.

Cristina Tardáguila:

Desinformação apareceu na boca dos presidenciaveis diversas vezes, mas candidatos não se posicionaram com clareza sobre lei anti-fake news. Lula e Bolsonaro perderam a oportunidade de ser claros sobre como acham que as notícias falsas devem ser combatidas.

Lula usou a pandemia para expor Bolsonaro e levou o primeiro bloco. Bolsonaro contra-atacou com corrupção e levou o último bloco.

Destaque para erro de Lula ao deixar Bolsonaro falar por mais de 5 minutos seguidos sem contraditório.

Destaque para esperteza de Bolsonaro ao falar de pedofilia sem que houvesse a chance de comentário de Lula.

Chico Alves:

No debate que teve, enfim, o esperado confronto direto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), os dois produziram um grande anticlímax. Os presidenciáveis se preocuparam mais com caras e bocas e com o ângulo da câmera do que com o conteúdo do que falaram ao espectador. Reprisaram muito o passado, fizeram duelo de pegadinhas, mas não apresentaram nenhuma proposta concreta para o futuro. Foi um empate técnico, portanto.

É verdade que há muito tempo os debates não são propícios à apresentação de boas ideias de governo, já que nas últimas eleições os candidatos usaram esse espaço para lavar roupa suja em público. Mas ao menos uma proposta ou outra sempre surgia. Dessa vez, nem isso.