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Toledo: Lula levar pauta da pedofilia para debate com Bolsonaro é arriscado

Do UOL, em São Paulo

16/10/2022 19h00Atualizada em 16/10/2022 19h41

O colunista do UOL José Roberto de Toledo comentou hoje, durante o UOL Eleições 2022, a repercussão e o impacto da fala do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre meninas venezuelanas que viralizou nas redes sociais neste fim de semana. Na análise do jornalista, é "arriscado" se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidir levar esse tema para o debate com o adversário.

O debate será realizado hoje, às 20h, em parceria do UOL, com a Folha de S.Paulo, TV Bandeirantes e TV Cultura.

A declaração de Bolsonaro ocorreu durante uma entrevista que o chefe do Executivo deu a um podcast na sexta-feira (14), na qual o candidato à reeleição diz que encontrou, em 2021, adolescentes da Venezuela "arrumadas para ganhar a vida" em São Sebastião, região administrativa do Distrito Federal, insinuando prostituição infantil. Nessa entrevista, o presidente também se referiu ao episódio dizendo que "pintou um clima".

É muito arriscado [Lula puxar esse assunto para o debate]. A gente nunca sabe. O Lula não sabe como o Bolsonaro vai reagir, obviamente, o Bolsonaro se preparou para essa situação. E a nunca sabe como as pessoas vão entender a exploração desse tema no debate. José Roberto de Toledo, colunista do UOL

De acordo com o colunista, Bolsonaro chegou a cogitar não participar do debate neste domingo (16), em razão do episódio.

"A gente sabe que o Bolsonaro cogitou não vir ao debate por conta desse episódio. E eu me pergunto, por quê? Porque é um candidato que teoricamente está atrás [nas pesquisas], não ir ao debate sendo que ele precisa [seria ruim]..."

Toledo ainda explicou que os "trackings", pesquisas diárias feitas por telefone e com uma amostra pequena, mostravam uma situação melhor para Bolsonaro até a sexta-feira (14) e não ir ao debate, provavelmente, passaria uma imagem negativa sobre o caso.

"Não vir ao debate passaria um recibo que ele estaria admitindo que fez algo errado", opinou.

Declaração repercutiu nas redes sociais. No sábado (15), o deputado federal André Janones (Avante-MG), crítico de Bolsonaro e apoiador de Lula, gravou um vídeo para repercutir as declarações do presidente.

Na madrugada deste domingo (16), Bolsonaro abriu uma live nas redes sociais para se defender das críticas de que tem sido alvo por causa das declarações sobre as meninas venezuelanas. Na live, o mandatário não explicou o que quis dizer com a expressão "pintou um clima", o presidente ainda acusou o PT de deturpar suas falas. "Sempre combati a pedofilia", completou.

Após a repercussão, o candidato à reeleição é alvo de ao menos três ações no Poder Judiciário por ter usado a frase "pintou um clima". Em razão disso, o presidente e seus aliados montam ofensiva contra adversários que usarem o episódio como arma eleitoral em favor do ex-presidente Lula.

Toledo: Tema de 'Bolsonaro e pedofilia' dominou redes e superou Aparecida

Toledo também afirmou que a repercussão do tema "Bolsonaro e pedofilia" está maior que a ida do candidato à reeleição ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro.

Segundo o colunista, os dados de uma consultoria, que monitora 15 mil grupos públicos do WhatsApp, apontou que a quantidade de mensagens comentando sobre a declaração de Bolsonaro foi 37% maior do que a repercussão da visita do presidenciável à Basílica de Aparecida no feriado.

"Então, você vê que está crescendo [a repercussão do tema]. Teve um pico no sábado à noite e hoje está tendo um pico ainda maior do que no sábado e repercutindo negativamente, claro."

Josias: 'Pintou um clima' mostra que língua do Bolsonaro atira no pé dele

Josias de Souza opinou que a fala polêmica de Bolsonaro mostra que a língua do presidente "língua está atirando contra o pé dele com muita frequência".

"A língua do Bolsonaro precisa fazer as pazes com o pé dele. A língua está atirando contra o pé dele com muita frequência. Ele falou mal de urna para embaixadores estrangeiros, depois fez um comício em Londres durante o funeral da Rainha, utilizou a tribuna da ONU como palanque eleitoral e agora esse episódio. Uma visita que ele fez na periferia de Brasília, em abril do ano passado, e ele fez referência a isso na última sexta-feira, e ele claramente fez uma insinuação sexual", afirmou Josias.