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Sem provas, Tarcísio diz que tiros foram intimidação do crime organizado

Do UOL, em São Paulo

17/10/2022 16h34Atualizada em 17/10/2022 17h34

O ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo, afirmou que foi alvo de "um ato de intimidação" do crime organizado na manhã de hoje em Paraisópolis, zona sul da capital. Um evento de campanha de Tarcísio foi interrompido por tiros na região.

Até o momento, as autoridades afirmam que as investigações são preliminares e "nenhuma hipótese está descartada" sobre o que provocou os disparos. Policiais militares da região afirmam ao UOL Notícias que os indícios não apontam para um atentado contra o ex-ministro.

Em pronunciamento à imprensa nesta tarde, horas após a ocorrência, Tarcísio enfatiza que não afirmou, nenhum momento, ter sido alvo de um atentado. Ele descartou que os tiros tenham conotação política ou eleitoral, mas considera que era o alvo.

"Foi um recado claro do crime organizado, dizendo o seguinte: 'vocês não são bem-vindos aqui'. A gente não quer vocês aqui dentro", afirmou o candidato. "Para mim, é uma questão territorial. Não tem nada a ver com uma questão política, não tem nada a ver com uma questão eleitoral", completou.

Os tiros começaram por volta de 11h30 no lado de fora do Polo Universitário de Paraisópolis. No momento em que tiveram início os disparos, Tarcísio estava no terceiro andar do prédio, cumprindo agenda de campanha.

Tarcísio citou três elementos que, segundo ele, apontam para um ato de intimidação do crime organizado:

  • Logo antes do começo do tiroteio, segundo Tarcísio, uma pessoa entrou no local e disse: 'tem que tirar ele [Tarcísio] daqui que o problema é ele, estão dizendo que vão entrar aqui'.
  • Uma troca de tiros, segundo Tarcísio, não seria comum na região. "Vamos lembrar que o crime organizado aqui em São Paulo é hegemônico em determinadas regiões. Então não é comum você ter trocas de tiro", disse.
  • O candidato afirma que parte de sua equipe, do lado de fora do prédio, avistou oito homens, divididos em quatro motocicletas, que estariam rondando o prédio, tirando fotos e fazendo perguntas pouco antes da ocorrência, e em seguida voltaram armados.

Eles [motociclistas] começaram a rondar a frente do instituto, do local que a gente estava, começaram a fotografar o nosso pessoal de segurança. Então eles foram com câmera na mão, câmera de celular na mão. Fizeram fotos. Fizeram perguntas. Perguntaram se era policial que estava ali. Se evadiram do local e voltaram com armamento
Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato ao governo de São Paulo

Oficialmente, a polícia ainda não descarta "nenhuma hipótese" sobre o tiroteio que interrompeu o evento em que estava Tarcísio. Até o momento, as autoridades do estado afirmam que "são absolutamente preliminares" as informações sobre o caso.

Policiais ouvidos pelo UOL Notícias avaliam que os indícios não apontam para um atentado contra Tarcísio. O secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que houve "um ruído" com a presença policial na região.

Expectativa. Segundo Tarcísio, a campanha vai seguir normalmente depois do episódio. O candidato disse que perguntou para quem estava organizando a agenda se era possível realizá-la com tranquilidade e disse que a resposta foi positiva.

"Se não tivesse, não iria. Você não vai em lugar nenhum para ter problema". Ele não respondeu, no entanto, quem organizou sua ida à comunidade. O ex-ministro prometeu "aumentar a presença do Estado" nessas comunidades, caso seja eleito.

Imagens de câmeras em uniformes. Conforme apurou o UOL Notícias, investigadores agora buscam imagens de câmeras de segurança e vídeos registrados por quem presenciou a ação. A polícia também irá investigar imagens captadas pelas câmeras acopladas nas fardas de agentes na ocorrência. Crítico dos equipamentos, Tarcísio foi questionado se isso não reforçaria a importância da política e novamente disse que vai discutir a questão com as forças de segurança, se eleito.

O que aconteceu em Paraisópolis? Tarcísio chegou por volta de 10h30 para a inauguração de um polo universitário em Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Cerca de uma hora depois, uma série de tiros foi disparada do lado de fora do prédio.

Segundo a reportagem do UOL Notícias, que esteva no local, houve pelo menos 25 disparos. O tiroteio envolveu tanto PMs quanto a equipe de segurança de Tarcísio, mas nenhum agente ficou ferido. Um suspeito, Felipe Silva de Lima, morreu baleado no local.

Onde estava Tarcísio? No momento em que começou o tiroteio, Tarcísio estava no terceiro andar, reunido com integrantes do projeto. Um andar abaixo, a imprensa o aguardava para uma entrevista coletiva.

Com o início dos disparos, o policial federal Danilo Campetti (Republicanos), que concorreu a uma vaga na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e acompanhava Tarcísio, desceu do prédio com a arma em punho. Segundo a polícia, houve confronto armado com a segurança da campanha e também com policiais militares.

Alguém morreu na ação? Um homem, Felipe Silva de Lima, morreu baleado.

"A polícia ostensiva estava muito próxima. o primeiro confronto ocorreu com uma equipe da segurança [da campanha] e, lamentavelmente, uma pessoa fichada, Felipe Lima, morreu", disse o secretário de segurança pública de São Paulo.

Segundo ele, Felipe tinha passagem pela polícia por roubo.

Qual foi a reação da equipe de Tarcísio? A primeira manifestação de Tarcísio após a ocorrência foi uma publicação no Twitter. No perfil do candidato, uma mensagem afirmou que ele e e a equipe foram "atacados por criminosos".

O que diz a Secretaria de Segurança? O secretário João Camilo Pires de Campos afirmou hoje, em coletiva de imprensa, que "nenhuma hipótese é afastada" a respeito dos tiros. O que se sabe, segundo ele, é que a presença de policiais na região "provocou um ruído" nas ruas ao redor do local do evento.

Policiais militares que atuam na região, ouvidos pelo UOL Notícias, afirmam que os tiros não tinham Tarcísio como alvo. De acordo com os agentes, há duas suspeitas principais sobre o início do tiroteio:

  • A primeira é que PMs faziam ronda em ruas próximas de onde Tarcísio e sua comitiva passariam --e, ao encontrarem criminosos armados em motocicletas, teve início a troca de tiros.
  • A segunda é de que o staff chegou ao local à paisana antes do candidato e que, nesse momento, encontrou olheiros armados em motos. Há ruas em Paraisópolis que abrigam olheiros em motocicletas que acompanham pessoas desconhecidas e, se veem algo que chama a atenção, repassam as informações para integrantes do PCC. Por essa segunda hipótese, a comitiva de Tarcísio teria visto dois olheiros e avisado a PM, que, ao se dirigir ao local indicado, encontrou dois criminosos armados em uma moto e se iniciou o tiroteio

Segundo Tarcísio, a equipe que faz a segurança da campanha notou quatro motos, com duas pessoas em cada, que começaram a rondar o prédio onde o candidato estava. O ex-ministro visitava um polo universitário em Paraisópolis e estava no terceiro andar.