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Tarcísio sai às pressas de Paraisópolis após tiros em agenda de campanha

Do UOL, em São Paulo

17/10/2022 11h47Atualizada em 17/10/2022 15h37

Uma agenda de campanha do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi interrompida por tiros na manhã de hoje na comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Ele não se feriu. Um suspeito foi baleado e morreu, segundo o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB).

A reportagem do UOL Notícias estava no local e ouviu ao menos 25 disparos. Não foi possível ver de onde partiram os disparos nem se houve um confronto e se mais de uma pessoa efetuou os disparos. Segundo o UOL apurou com PMs que atuam na região, Tarcísio não era o alvo dos disparos.

O secretário de Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos, disse que o caso é investigado e que "nenhuma hipótese é afastada". De acordo com ele, houve disparos a cem metros do local onde estava Tarcísio e depois ocorreu um confronto entre criminosos e seguranças da campanha. Campos identificou o suspeito morto como sendo Felipe Silva de Lima,27, que tinha passagem por roubo.

O que aconteceu? Tarcísio chegou ao local, que fica na rua Manoel Antônio Pinto, por volta das 10h30. O candidato participava da inauguração do primeiro polo universitário da comunidade e conversava com integrantes do projeto no terceiro andar do prédio quando os disparos começaram do lado de fora, por volta das 11h20.

Parte dos jornalistas, inclusive a reportagem do UOL Notícias, aguardava o candidato no segundo andar do estabelecimento para uma coletiva de imprensa. Assim, que os disparos começaram, integrantes da equipe de segurança do candidato e membros do projeto social pediram que os cerca de 30 presentes se abaixassem e ficassem longe das janelas.

Houve gritaria e muitas pessoas deitaram no chão, enquanto outras se abrigaram atrás de uma escada. Uma criança que estava no local rezava enquanto os tiros eram disparados.

O policial federal Danilo Campetti (Republicanos), que concorreu a uma vaga na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) e acompanhava Tarcísio, desceu do prédio com a arma em punho assim que começaram os disparos.

Em 2019, o PT se queixou à PF (Polícia Federal) pelo fato de Campetti ter trabalhado na segurança dos funerais do neto de Lula, evento para o qual o petista pôde sair temporariamente da prisão. O argumento era o engajamento ostensivo de Campetti a favor de Bolsonaro nas redes sociais.

Tarcísio deixou o local em uma van blindada, escoltado por seguranças, depois que a PM chegou ao local e os tiros cessaram, cerca de 15 minutos depois.

Após o candidato deixar o prédio, policiais militares fortemente armados também orientaram que as demais pessoas saíssem do local às pressas. Alguns jornalistas deixaram Paraisópolis na van da campanha de Tarcísio.

Tarcísio durante a agenda em Paraisópolis instantes antes dos tiros - Stella Borges/UOL - Stella Borges/UOL
Tarcísio durante a agenda em Paraisópolis instantes antes dos tiros
Imagem: Stella Borges/UOL

"Fomos atacados". As informações iniciais da campanha eram de que criminosos atiraram contra o prédio onde Tarcísio estava, mas ainda não há confirmação por parte das autoridades de segurança.

Nas redes sociais, Tarcísio disse ter sido atacado. A polícia, no entanto, ainda não confirma as informações de que ele foi alvo de um atentado.

Governador diz que não é possível falar em atentado. Em entrevista à CNN, o governador Rodrigo Garcia disse que ainda não é possível saber se o que aconteceu foi um ataque de motivação política.

"Por enquanto não dá nem para a gente de nominar isso como um atentado. Dá para denominar como uma tentativa de crime", afirmou.

Logo após o episódio, o governador usou o seu perfil no Twitter para se posicionar. Ele disse ter determinado "imediata investigação" do caso e disse ter conversado com o próprio Tarcísio. "Ele e sua equipe estão bem", escreveu.

Bolsonaro diz que tudo é preliminar. O presidente e postulante à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), fez um breve comentário acerca do episódio de violência.

Bolsonaro disse que os fatos eram ainda "preliminares" e afirmou que não gostaria de se "antecipar" ao emitir juízo de valor. "Seria prematuro eu falar sobre isso", emendou ele, durante declaração à imprensa no Palácio da Alvorada, a residência oficial da chefia do Executivo federal, em Brasília.

Haddad prega paz. Adversário de Tarcísio nas eleições estaduais, Fernando Haddad (PT) manifestou surpresa com o episódio e afirmou que soube somente pelos jornalistas no local.

Apesar de pregar respeito, ele alfinetou o rival por não ter comparecido ao último debate entre os dois, promovido pelo SBT. Na ocasião, Haddad foi sabatinado por mais de uma hora. "Estou fazendo uma campanha de paz e muito respeitosa. Fui ao debate da Band e todas as pesquisas mostraram uma vitória expressiva da minha campanha sobre a dele. Eu nunca faltei com educação e respeito com ninguém. Nunca faltei com respeito ao meu adversário", afirmou.