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Lula diz que reação de Jefferson "não é normal" e relaciona a Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

23/10/2022 14h27Atualizada em 23/10/2022 21h04

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a reação do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) contra a Polícia Federal hoje "não é normal" e que é preciso "bom senso na convivência democrática". Em coletiva, ele relacionou o comportamento ao "clima de ódio" criado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).

Lula recebeu a imprensa em São Paulo minutos depois que as notícias sobre a troca de tiros passaram a circular nas redes sociais. Em prisão domiciliar, Jefferson teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e reagiu quando agentes da Polícia Federal chegaram à sua casa.

Dois agentes foram feridos, encaminhados a um pronto-socorro e passam bem.

"Não é normal." Em coletiva no comitê de campanha, na região central de São Paulo, o petista disse ter sido informado havia pouco sobre o caso e criticou o comportamento do ex-deputado.

Não sei o que ele [Jefferson] falou, não sei se está fazendo uma live, o que tá falando. O que eu sei é que não é um comportamento adequado, não é um comportamento normal."
Lula, sobre Jefferson

"Todos nós temos que ter o mínimo de bom senso na nossa convivência democrática, nós não podemos tentar aniquilar aqueles que discordam de vocês", completou. "Na hora que a Justiça toma uma decisão, o jeito que você tem de fazer é recorrer dessa decisão, não é outro."

Moraes determinou a prisão Jefferson hoje, após o político ter ofendido a ministra Cármen Lúcia. Ao receber os agentes da PF, ele gravou vídeos em que afirma ter reagido à prisão com tiros contra agentes da Polícia Federal, em sua casa, em Levy Gasparian, no Rio de Janeiro.

"As ofensas que esse cidadão, que eu prefiro não citar o nome, fez à ministra Cármen Lúcia, não é possível de ser aceito por quem ama a democracia, que gosta da verdade. Ninguém tem o direito de utilizar os palavrões que ele utilizou contra uma pessoa comum, muito menos contra uma pessoa que exerce o cargo de ministra do Supremo Tribunal Federal", criticou Lula.

"Aberração tem nome." Na entrevista, o ex-presidente relacionou ainda a reação e o "clima de ódio no Brasil" ao presidente Bolsonaro, de quem Jefferson é aliado e defensor. Para o petista, o adversário é responsável direto pelas agressões.

"Ele [Bolsonaro] conseguiu criar uma parcela da sociedade brasileira com ódio, raivosa, mentirosa e que espalha fake news o tempo inteiro", disse Lula. "É um desrespeito pela sociedade. Isso gera comportamento como esse do ex-deputado e de algumas pessoas que seguem o adversário nosso. Não é a primeira vez."

A anormalidade hoje [no Brasil] tem cara e tem nome. A aberração política nesse país tem cara e tem nome - e todo mundo sabe, é o meu adversário."
Lula, em coletiva

Ele relembrou o caso da deputada eleita Marina Silva (Rede-SP), agredida verbalmente por um apoiador de Bolsonaro enquanto jantava em um restaurante em Belo Horizonte na última sexta (21) à noite. Ela integrava a comitiva de Lula em visita a Minas Gerais.

"Isso não acontecia na política brasileira nunca. Nós disputamos tantas eleições, a gente nunca viu uma aberração dessa, uma ofensa dessa, uma cretinice dessa, que esse cidadão, que é o meu adversário, estabeleceu no país", declarou.

Aliado de Lula e candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT) prestou solidariedade aos agentes policiais feridos com a atitude de Roberto Jefferson e ligou o ex-deputado ao ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato de Bolsonaro ao Palácio dos Bandeirantes.