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PE: Raquel Lyra defende neutralidade e diz que Marília 'se escora' em Lula

Jessica Bernardo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

24/10/2022 11h06Atualizada em 24/10/2022 15h00

A candidata ao governo de Pernambuco Raquel Lyra (PSDB), 43, se negou a declarar voto à Presidência da República durante sabatina UOL/Folha nesta segunda-feira (24). Também atacou sua adversária, Marília Arraes (Solidariedade), por nacionalizar a campanha estadual e disse que ela "se escora" em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) porque não tem propostas.

"É claro que existe uma polarização nacional muito forte e o Brasil está dividido. Aqui em Pernambuco, a decisão que eu tomei é de não declarar meu voto. A candidata Marília tenta o tempo inteiro se escorar na candidatura nacional para justificar a falta de propostas e realização que ela tem em Pernambuco", afirmou Raquel.

Apesar de se colocar como neutra na disputa presidencial, ela criticou os ataques a instituições e à democracia e disse considerar "inadmissível" a atitude do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), que, antes de ser preso, atirou e lançou granadas contra policiais federais neste domingo (23).

Essa polarização nacional deixou, sem dúvida nenhuma, o PSDB e alguns outros partidos meio perdidos. Existe um racha também, uma divisão interna no partido. Passado o processo eleitoral, a gente vai poder fazer uma profunda reflexão e daí conseguir construir um partido sólido."
Raquel Lyra, candidata tucana ao governo de Pernambuco

Em primeiro lugar na pesquisa Ipec de intenção de voto para o segundo turno, com 50%, Raquel disse que seu governo vai "construir pontes e não muros".

"Minha decisão é de unir Pernambuco, a gente não vai separar lulista de bolsonarista. Quando enxergam isso, eu digo que nós enxergamos pernambucanos. Cidadãos e cidadãs que estão ávidos por um estado que consiga construir pontes e não levantar muros."

A posição de neutralidade em relação à disputa nacional tem sido criticada por Marília, que tenta ligar a imagem da adversária a Bolsonaro (PL).

Raquel afirmou que Marília tenta esconder da população o apoio que recebeu do atual governador do estado, Paulo Câmara (PSB), e lembrou que a adversária tem o prefeito de Recife, João Campos (PSB), ao seu lado, apesar de os dois terem se enfrentado em uma campanha dura pela prefeitura da capital pernambucana em 2020. "Parece campanha de faz de conta", afirmou.

Disse que não vê uma reconciliação com Marília, colocando que ela é oposição ao atual governo e que a adversária é a candidata da continuação. "Representamos coisas muito diferentes."

A entrevista foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral e pelos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, da Folha de S. Paulo.

Morte do marido

Seu marido, o empresário Fernando Lucena, morreu no apartamento do casal no dia do primeiro turno, após um "mal súbito". Os dois estavam juntos havia 29 anos e têm dois filhos. Ela diz que não pensou em desistir porque seu marido gostaria que ela continuasse na disputa.

"Eu fiz a última carreata com ele dirigindo o carro. Eu tenho certeza de que, se eu pudesse estar falando com ele hoje, e de certa forma eu falo, ele estaria me dizendo para seguir em frente, por isso que eu estou aqui", disse a candidata.

Questionada sobre como a morte do esposo pode vir a impactar a disputa no estado, Raquel afirmou que seu nome já era apontado para o segundo turno.

"Tenho vivido cada dia, a minha agenda? Eu tenho uma equipe incrível, a minha família está sendo incrível, o povo de Pernambuco tem me colocado no colo. Mas olha, eu não cheguei aqui de uma hora para outra. Todas as pesquisas, elas já me colocavam no segundo turno", afirmou.

Promessas

A candidata afirmou que, se eleita, vai convidar os prefeitos para discutirem juntos melhorias em áreas como transporte e habitação. A tucana prometeu maiores investimentos no transporte público do estado e disse que vai à Brasília em defesa da expansão do metrô em Pernambuco.

"Eu vou a Brasília, diferentemente do que não fez o governador Paulo Câmara nesses anos todos, e vou conversar com próximo presidente da República, escolhido pelos brasileiros, e falar sobre a necessidade de requalificação do metrô, de expansão da nossa rede e de garantia dessa integração aqui no nosso estado", afirmou.

Raquel disse que, se o governo federal não concordar com a ampliação, ela vai pedir a "estadualização" do ramal metroviário.

Ainda falando sobre transporte público, Raquel disse que seu governo vai implementar a tarifa única e que o bilhete único é um compromisso de sua gestão.

A tucana também prometeu melhorar a educação no estado, colocando recursos estaduais para aumentar o número de creches e organizando ações para conter a evasão escolar.

"Nós temos um problema de base muito forte, as crianças, elas tão deixando a escola antes do ensino médio que é a grande responsabilidade do estado. Eu vou ultrapassar aquilo que é responsabilidade formal do estado e vou garantir a construção de 60 mil vagas de creches."

Marília ainda não confirmou participação

A adversária de Raquel, Marília Arraes, também foi convidada para a sabatina, mas teve de desmarcar por problemas de agenda. Ainda não foi definida uma nova data.

O primeiro turno em Pernambuco terminou com Marília Arraes (Solidariedade) à frente, com 23,97% dos votos. Raquel teve 20,58%.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, o marido de Raquel Lyra morreu no dia do primeiro turno, e não do segundo turno. O texto foi corrigido.