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Prefeitura de São Paulo libera passe livre no segundo turno, das 6h às 20h

Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, marcou presença na exposição "50 Anos de GP no Brasil" - Bruno Madrid/UOL
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, marcou presença na exposição "50 Anos de GP no Brasil" Imagem: Bruno Madrid/UOL

Weudson Ribeiro e Leonardo Martins

Colaboração para o UOL e do UOL, em Brasília

24/10/2022 16h59Atualizada em 24/10/2022 17h49

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), decidiu oferecer transporte público gratuito no segundo turno das eleições, em 30 de outubro, das 6h às 20h. A decisão foi tomada após reunião com secretários municipais na tarde de hoje. Haverá efetivo adicional de 2 mil ônibus, com custo estimado de R$ 7 milhões no domingo (30).

Antes, o emedebista havia sinalizado que não pretendia liberar ônibus de graça para eleitores da capital no dia de votação. "Não tivemos problemas no primeiro turno e deve ocorrer assim também no segundo", disse ao UOL na sexta-feira (21).

A determinação da Prefeitura de São Paulo ocorre depois de, na última quarta-feira, o STF (Supremo Tribunal Federal) formar maioria para validar decisão em que o ministro Roberto Barroso liberou prefeitos e concessionárias a oferecerem passe livre sem risco de serem punidos por improbidade.

A decisão do magistrado estabelece ainda a possibilidade do uso de transportes escolares para a condução de eleitores e outros veículos públicos.

Segundo Barroso, a garantia de transporte público gratuito pode ajudar a reduzir os índices de abstenção durante as eleições. Segundo ele, eleitores que não conseguem pagar para ir à sua seção eleitoral ficariam impedidos de votar.

"Levando-se em conta a desigualdade social extrema no país, o contexto de empobrecimento da população e a obrigatoriedade do voto no Brasil, é justificável que o Poder Público arque com os custos de transporte decorrentes do exercício desse direito-dever", disse.

No primeiro turno, Barroso havia decidido que prefeitos e concessionárias deveriam manter os níveis normais de transporte durante a votação.

A campanha de Jair Bolsonaro havia pedido para limitar uma decisão do STF que assegurava que as prefeituras mantivessem as frotas em níveis normais no dia do pleito. O pedido foi considerado absurdo pelo ministro Benedito Gonçalves, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Oposição e Justiça pressionaram

Na semana passada, o deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP) e a bancada feminista da sigla acionaram hoje o Ministério Público para que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) seja obrigado a seguir decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que libera municípios e concessionárias a oferecerem transporte público gratuito no segundo turno das eleições sem risco de serem punidos por improbidade.

Em outra frente, o Tribunal de Justiça de São Paulo deu 48 horas para que a prefeitura da capital paulista se manifeste sobre a possibilidade de oferecer transporte público gratuito em de 30 de outubro.

Na ação, Boulos afirma que a maior cidade do Brasil enfrenta problemas no acesso ao transporte público por sua população de mais de 12,3 milhões de pessoas. Uma passagem de ida e volta no município custa, no mínimo, R$ 8,80.

"No centro expandido, a parte mais rica da cidade, está concentrada uma oferta maior de transporte público. Na periferia muitas vezes não há sequer calçada de acesso aos pontos de ônibus. A mesma desigualdade que se revela nos locais onde vivem as pessoas com maior e menor renda, também encontra-se refletida na disponibilidade de acesso ao transporte público", afirma o deputado eleito.

Em nota, a bancada feminista do PSOL da Câmara Municipal de São Paulo destacou que a abstenção no país é historicamente maior entre pessoas de menor renda e escolaridade, o que é creditado às dificuldades que elas enfrentam para chegarem aos locais de votação.

"Sabemos que a dificuldade financeira de boa parte da população tem sido um empecilho para que exerça seu direito ao voto. Ambos os argumentos não se sustentam já que o STF autorizou as prefeituras a darem o passe livre, inclusive com ressarcimento da União. E mesmo se não houvesse ressarcimento a Prefeitura de São Paulo teria dinheiro em caixa para isso", afirmou.

Na segunda-feira (17), a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apresentou ao STF um pedido para garantir o transporte gratuito como forma de evitar maiores índices de abstenção, um dos desafios do ex-presidente para angariar mais votos em 30 de outubro.

"O objetivo é que não haja obstáculo econômico ao exercício do direito ao voto. Observamos que houve uma diferença no comparecimento no primeiro turno comparando cidades em que houve transporte gratuito e cidades que não houve", disse o ex-governador do Maranhão e senador eleito Flávio Dino (PSB).