Morador do Alemão cita preconceito e processa Bolsonaro no STF por injúria
O administrador João Pedro de Souza Silva, morador do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, entrou com uma queixa-crime por injúria contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) no STF (Supremo Tribunal Federal). O relator do caso é o ministro Ricardo Lewandowski.
Na ação à qual o UOL teve acesso, a defesa de Souza Silva diz que Bolsonaro cometeu crime ao associar a sigla "CPX" ao crime organizado durante visita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu principal concorrente na eleição presidencial, que apareceu, na ocasião, usando o boné com as três letras. A sigla, na verdade, significa "Complexo das Favelas".
Trata-se de Ação Penal que visa condenar o querelado pelo crime de injúria, uma vez que a associação indevida da sigla 'CPX' - que, na verdade, representa a expressão 'Complexo de Favelas' - diretamente a traficantes e ao crime organizado é uma grave ofensa à reputação dos moradores do Complexo do Alemão. Trecho da ação
No processo, Souza Silva classifica o discurso de Bolsonaro como "preconceituoso" e cita a confusão do presidente, que trocou o Complexo do Alemão pelo Complexo do Salgueiro durante debate do UOL, em parceria com a Band, Folha e TV Cultura.
"Acontece que, na contramão das falas do querelado, a população se reunia pacificamente, sem armas, em ato que transcorreu dentro da legalidade. Noutro viés, merece destaque que se estima existirem no Complexo do Alemão cerca de 300 fuzis —ou seja, o total de traficantes que atuam na região — é bem pequeno em cotejo com a população local de 250 mil habitantes", afirma trecho da ação.
"Além de conviver com as malfadadas operações diárias nos acessos das comunidades e passar por situações de insegurança dentro de suas próprias casas, causadas, no mais das vezes pela desídia do Estado, que deveria tratar a todos como cidadãos, dignos de respeito, segurança, educação, saúde. Mas o que esperar de um país cujo Presidente da República vocifera suas injúrias preconceituosas em relação aos mais desfavorecidos? Nada", conclui.
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