Ruralista que pediu filmagem de voto em Bolsonaro terá de pagar R$ 150 mil
O MPT (Ministério Público do Trabalho) da Bahia firmou um TAC (termo de ajuste de conduta) com o empresário baiano Adelar Eloi Lutz, acusado de orientar funcionários a filmarem o voto no presidente Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno das eleições. O caso veio à tona após um áudio atrelado ao ruralista circular nas redes sociais, em que ele confessava a prática.
Posteriormente, o próprio empresário reconheceu a legitimidade das gravações e disse que se tratavam de uma "brincadeira", mas o MPT considerou o posicionamento insuficiente e seguiu com o inquérito.
Segundo o MPT, foram acordados 10 pontos, entre eles o pagamento de R$ 150 mil na conta do Fundo de Promoção do Trabalho Decente (Funtrad) em até 30 dias. Os recursos serão utilizados para "custear projetos de trabalho digno na Bahia", informou o órgão.
Adelar também precisa publicar um vídeo nas redes sociais em até 48 horas para se retratar e esclarecer que "assediar trabalhadores é uma prática ilegal". Hoje, as redes sociais do empresário estavam fechadas, restritas apenas a seguidores.
"No documento, o ruralista se compromete a atender dez obrigações, entre as quais a de não incitar o assédio eleitoral, não ameaçar empregados que não votem em determinado candidato e não orientar o voto", diz o MPT baiano.
Em caso de descumprimento do TAC, ficou estabelecida multa de R$ 50 mil por cada item descumprido.
"Entre com o celular no sutiã para filmar", disse empresário
Nos áudios, compartilhados em grupos de aplicativos de mensagens, Adelar diz ter forçado funcionários a filmarem o voto no primeiro turno das eleições presidenciais. Ele afirma ter demitido os que se recusaram a votar em Bolsonaro.
"Eu também, lá em casa, o que estava [votando em outros candidatos], eu tirei já [demitiu]. Tinha cinco, dois voltou [sic] atrás, e dos outros dez que estavam ajudando na rua, todo mundo teve que provar, filmaram a eleição. Se vira, entre com o celular no sutiã, que seja, vai filmar. Senão, rua. Filmaram, e provaram que votaram. Duas não queriam, tá para fora [sic]. Hoje tão falando: 'Vou votar no Bolsonaro agora'. Então vota primeiro e prova que te dou o serviço", afirmou no áudio.
Na nota do MPT da Bahia sobre o caso, a procuradora Carolina Ribeiro declarou que "o mais importante num inquérito como esse é inibir a continuidade do ilícito e sinalizar claramente para toda a sociedade que o assédio eleitoral não será tolerado pelas instituições".
O UOL procura contato com a defesa de Adelar Eloi Lutz e atualizará a reportagem caso haja algum retorno.
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