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'Tarcísio não tem como não cair nas garras de Edir Macedo', diz Haddad

Juliana Arreguy, Allan Brito e Jessica Bernardo

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

26/10/2022 10h22Atualizada em 26/10/2022 14h50

O candidato ao governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, disse que Tarcísio de Freitas (Republicanos) é um aventureiro e chamou de "barbaridades" as propostas do adversário para o estado, como a retirada das câmeras dos uniformes policiais e a dispensa da vacinação para funcionários públicos.

Para o petista, Tarcísio não tem condições de governar São Paulo e vai entregar o estado para o Centrão.

"Ele vai cair nas garras, não tem como ele não cair nas garras do Valdemar da Costa Neto, não tem como ele não cair nas garras do Milton Leite, que manda hoje na Prefeitura e no estado de São Paulo, que é um vereador que tem filhos deputados. Ele não tem como não cair nas garras do Edir Macedo e do Republicanos, ele não tem como. Ele é um homem isolado. Ele não tem time. Ele não tem. Ele vai importar?", afirmou o candidato em sabatina UOL/Folha, nesta quarta-feira (26).

Haddad tem declarado em diversas oportunidades que São Paulo cairá "nas mãos do Centrão" caso Tarcísio seja eleito. Ele condiciona isso, em parte, às alianças do presidente Jair Bolsonaro (PL), padrinho político de Tarcísio, com líderes de partidos do Centrão.

Propostas de Tarcísio para SP são "aventura". "Hoje a rejeição ao Tarcísio cresceu muito. E cresceu por questões propositivas. Essa ideia de vender a principal estatal paulista, a Sabesp, tirar as câmeras dos uniformes dos policiais, tornar a vacinação de criança facultativa, tornar facultativa a vacinação de funcionários públicos que têm interação com os cidadãos, caso típico de médico, enfermeiro, professor, eu acho que essas propostas são uma loucura, uma aventura, que ele está querendo trazer do Rio para São Paulo. Isso não vai funcionar em São Paulo", afirmou Haddad.

Atualmente Tarcísio ainda aparece na frente de Haddad nas pesquisas do segundo turno. Na pesquisa Ipec divulgada nesta terça-feira (26), Tarcísio e Haddad aparecem tecnicamente empatados, com 46% e 43% dos votos totais respectivamente. Mas Haddad disse que "é um milagre" esse índice.

"São Paulo é terra da modernidade, é terra da ciência. Eu, sinceramente, eu acho um milagre ele ter essa intenção de voto ainda depois de propor tanta barbaridade para a gente aqui de São Paulo", analisou o petista.

Haddad também disse que Tarcísio pretende colocar o Centrão no governo de São Paulo. "Imagina o estado mais importante da federação ser governado pelo Republicanos do Edir Macedo, pelo PTB do Roberto Jefferson, pelo PL do Waldemar da Costa Neto, pelo PP do Ciro Nogueira. Estaríamos muito bem arrumados se essa tragédia acontecesse".

"Nunca falei com Lula sobre ministério". Haddad negou que tenha conversado com Luiz Inácio Lula da Silva sobre ser ministro em um eventual governo do petista. Rumores elencam Haddad como um possível ministro da Economia ou da Educação, mas ele disse estar focado na disputa ao governo de São Paulo.

Aposta em virada no 2º turno. As associações entre Tarcísio e o Centrão também têm servido de oportunidade para Haddad cutucar o adversário pelo fato de ter nascido no Rio de Janeiro. Frequentemente o petista alega que, por desconhecer São Paulo, Tarcísio não terá outra opção a não ser terceirizar o governo estadual para o Centrão.

Tenho recebido manifestações, sobretudo do interior, de que há uma virada em curso, e eu acho que a gente tem toda a condição de chegar no domingo a vitória, se o meu adversário resolver participar de algum debate. Ele não tinha razão nenhuma para se furtar a participar desses eventos. Eu lamento o ato de ele ter desaparecido. Espero que na quinta-feira ele compareça à Rede Globo pelo menos, para dar uma satisfação para o eleitor de São Paulo."
Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de SP

'Mandar apagar imagens em Paraisópolis é crime'

O candidato comentou durante a sabatina sobre um áudio divulgado pela Folha e que mostra uma conversa entre um cinegrafista da Jovem Pan e um integrante da campanha de Tarcísio durante o tiroteio em Paraisópolis,

Para Haddad o pedido para que as imagens do tiroteio fossem apagadas é criminoso. "Do ponto de vista jurídico isso é ilegal", afirmou o petista, alegando que é todas as provas de um crime sempre devem ser entregues às autoridades policiais.

Mais aceno ao eleitor de centro é 'impossível'. O ex-prefeito disse que fez muitos acenos ao eleitor de centro e destacou principalmente os apoios que recebeu de Geraldo Alckmin (PSB), Márcio França (PSB) e Marina Silva (Rede), mas afirmou que não pretende ganhar a qualquer custo.

"Quero conciliar a sociedade paulista em torno de um projeto que faça sentido, mais aceno do que isso é impossível. Nós fizemos a maior coalizão progressista, inclusive indo para centro-direita da história do estado de São Paulo", defendeu o ex-ministro da Educação. "A vitória a qualquer custo ela não vale a pena."

Promete aumento de salário mínimo e redução de ICMS na cesta básica

Questionado sobre como pretende combater o aumento da fome no estado, Haddad afirmou que vai investir na economia paulista olhando para a "base da pirâmide", aumentando o salário mínimo paulista para R$ 1.580 e diminuindo o ICMS da cesta básica.

Ele também defendeu uma reforma tributária em São Paulo para pressionar a votação em nível federal e disse que o governador precisa ter mais participação junto aos prefeitos para solucionar o aumento da população em situação de rua.

"Nós estamos perdendo empregos. Nós precisamos de uma renda básica de cidadania para quem está abaixo da linha de pobreza. O governador tem que se envolver com a população em situação de rua. Isso deixou de ser um assunto exclusivo de prefeito", afirmou.

A sabatina foi conduzida por Fabíola Cidral e pelos jornalistas Leonardo Sakamoto, do UOL, e Carolina Linhares, da Folha de S. Paulo.

Tarcísio não aceitou participar da sabatina, alegando problemas de agenda, apesar de terem sido oferecidas a ele diversas opções de horário. Sua campanha disse que foi uma "decisão da coordenação" por ter "muitos eventos agendados para um período tão curto".

Veja a sabatina com Fernando Haddad na íntegra