PM de SC investiga fala de major do Bope que mentiu sobre sigla 'CPX'

A Corregedoria-Geral da Polícia Militar de Santa Catarina analisa as falas do subcomandante do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), major Felipe Sommer, em entrevista ao podcast Nem me Viu, do lutador de MMA Fabrício Werdum para "verificar os procedimentos administrativos decorrentes". Na entrevista ao podcast, que aconteceu no dia 19 de outubro, Sommer mentiu sobre o significado da sigla "CPX", estampada em boné de Lula (PT) durante agenda de campanha no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 12 de outubro.

Como mostrou matéria do UOL, CPX é a abreviação de Complexo, como são chamados os conjuntos de favelas no Rio de Janeiro. O termo é utilizado até em documentos oficiais do Governo do Estado do Rio de Janeiro, como na LDO 2023 (Lei de Diretrizes Orçamentárias - página 45). O documento se refere ao Complexo da Maré como CPX Maré. A desinformação já foi checada pelo UOL Conferee pelo Projeto Comprova.

Nas redes sociais, políticos bolsonaristas relacionaram a abreviação ao termo "cupinxa", que na verdade se escreve com ch (cupincha), e significa comparsa, segundo o dicionário Michaelis. O termo é uma gíria gaúcha. O assunto voltou a circular nesta terça-feira (25) com a viralização de um trecho da entrevista do major e subcomandante do BOPE de Santa Catarina em que ele diz que o "CPX" do boné de Lula, usado em uma favela carioca, significaria, na verdade, cupincha. É falso.

O que disse o subcomandante do Bope de Santa Catarina? "Muita gente dizendo que CPX é abreviação de complexo. Negativo. Não é abreviação de complexo. CPX significa cupincha, parceiro do crime. E eu tenho a oportunidade de conversar com diversos policiais do Rio de Janeiro, inclusive com policiais que atuam em unidades especializadas daquela polícia. Temos vários policiais honestos no Rio de Janeiro. Vários policiais honrados no Rio de Janeiro que se revoltam com esse tipo de situação. Eu tenho certeza absoluta que se fosse outro candidato naquela condição, ele provavelmente sequer sairia vivo daquele local."

Também são falsas as alegações de que Lula esteve na favela sem escolta. A segurança dos candidatos à presidência é feita pela Polícia Federal. Mais de 30 agentes da PF participaram da escolta do petista no Complexo do Alemão, e a segurança no trajeto do evento também foi reforçada pela PMERJ (Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro) como é possível ver que havia viaturas nas fotos do evento.

Sommer deu a declaração falsa ao lado do tenente-coronel Lucius Carvalho, comandante do Bope de Santa Catarina, que também era entrevistado no podcast. Os dois estavam fardados.

O UOL entrou em contato por email com a assessoria de imprensa da PMSC e com o Bope. O Bope não respondeu. Já a assessoria da PM, disse que as as declarações do subcomandante não representam a opinião da instituição, e que a PMSC "reafirma seu posicionamento isento e sem nenhum tipo de encaminhamento ideológico ou político à corporação". Além disso, a polícia disse que investiga a fala do major "a fim de verificar os procedimentos administrativos decorrentes".

TSE mandou retirar propaganda. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, concedeu liminar à campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na terça-feira (24), em que determina a remoção da propaganda do candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) que vincula a visita feita pelo petista ao complexo de favelas do Alemão, no Rio de Janeiro, a uma suposta ligação dele com traficantes. Lula foi presenteado com o boné pela líder comunitária Camila Moradia, do movimento Moradia do Complexo do Alemão, e pelo também ativista Hector Santos.

Leia a íntegra da nota da PMSC:

O Centro de Comunicação Social da Polícia Militar da Santa Catarina, em nome do Comando-Geral, esclarece que:

1) Sobre as recentes declarações do subcomandante do BOPE, a PMSC assevera que as mesmas não representam a opinião da Instituição;

2) A Polícia Militar de Santa Catarina reafirma o seu posicionamento isento e sem nenhum tipo de encaminhamento ideológico ou político à Corporação;

3) As imagens e falas proferidas pelo referido Oficial estão sendo analisadas pela Corregedoria-Geral da Corporação a fim de verificar os procedimentos administrativos decorrentes.