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Sem citar Zambelli, Gilmar diz que povo armado é instrumento da ditadura

Ministro do STF Gilmar Mendes - Felipe Sampaio/STF
Ministro do STF Gilmar Mendes Imagem: Felipe Sampaio/STF

Do UOL, em São Paulo

29/10/2022 22h57Atualizada em 29/10/2022 23h03

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes foi ao Twitter na noite deste sábado (29) para afirmar que "população armada é instrumento da ditadura, não da democracia". O magistrado não citou a parlamentar Carla Zambelli (PL-SP), porém, a publicação ocorre horas após a aliada do presidente Jair Bolsonaro (PL) ser filmada apontando uma arma para um homem negro no meio de uma rua em São Paulo.

"A barbárie e o ódio são inadmissíveis no Estado de Direito, especialmente no período eleitoral. Propagar a violência nunca foi e jamais será resposta para qualquer ataque ideológico. População armada é instrumento da ditadura, não da democracia", escreveu Gilmar.

O caso. A deputada federal foi filmada apontando uma arma para um homem negro na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada. A ação aconteceu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena.

Zambelli afirma ter sido agredida e empurrada pelo homem. "Eles usaram um negro para vir em cima de mim", disse. O homem conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era "prendê-lo, matá-lo".

Pela legislação eleitoral, é proibido o transporte de armas e munições por CACs (colecionadores, atiradores e caçadores) nas 24 horas anteriores da eleição, assim como no dia e nas 24 horas posteriores ao pleito.

O rapaz, que é jornalista e pediu para não ser identificado, afirmou que a confusão começou depois de encontrar Zambelli em um bar e a mandar "tomar no cu". Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar a discussão até que o homem disse "te amo, espanhola". Foi neste o momento que Zambelli se desequilibra, quase cai e corre atrás da vítima com a arma.

Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o homem mais de uma vez "deita no chão". Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma "ela quer me matar, mano". Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.

Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou. Depois da confusão, ainda de acordo com o relato do jornalista, Zambelli pediu que ele gravasse um vídeo pedindo desculpas pela confusão, o que ele também recusou.

*Com Ana Paula Bimbati, Carla Araújo, Isabella Cavalcante e Leonardo Martins, do UOL, em São Paulo e Brasília