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Lula x Bolsonaro: qual a chance e o que acontece se eleição ficar empatada?

Lula e Bolsonaro disputam as eleições presidenciais - Reinaldo Canato/UOL e Alan Santos/PR
Lula e Bolsonaro disputam as eleições presidenciais Imagem: Reinaldo Canato/UOL e Alan Santos/PR

Colaboração para o UOL

29/10/2022 04h00Atualizada em 03/03/2024 13h50

Os candidatos à Presidência Jair Messias Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguem em uma disputa acirrada pelo cargo de chefe de Estado. No último Datafolha, Lula aparece com 53% das intenções de voto, contra 47% de Bolsonaro. Mas há chance de a eleição terminar empatada? E o que acontece em caso de um empate?

É altamente improvável que uma eleição presidencial termine empatada, com número exatamente igual de votos para cada um, já que estamos falando de milhões de eleitores.

Aliás, ganhar na Mega-Sena é mais fácil do que ver um cenário em que candidatos à Presidência recebam o mesmo número de votos. Quem explica é Moacyr Silva, professor de matemática na Escola de Matemática Aplicada da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Imaginando um cenário irreal em que as campanhas de Lula e Bolsonaro sejam rigorosamente iguais em termos de probabilidade de convencer o eleitor, a chance de empate é "muito baixa", segundo Silva — de 1 em 13 mil.

E, como nenhuma campanha é rigorosamente igual à outra, essa chance cai ainda mais na vida real.

Em cenário um pouco mais realista, onde uma campanha foi ligeiramente mais convincente do que a outra, a probabilidade de empate despenca para 1 em 175 milhões.

Para ter uma noção do quanto isso é baixo, é só pensar em loteria: a probabilidade de ganhar na Mega-Sena é de 1 em 50 milhões, três vezes maior do que a do empate nesse cenário, explica Silva.

Para cenários ainda mais realistas, de campanhas diferentes — como de fato ocorre na vida real — nem o computador de Silva tem casas decimais para exibir a chance de empate.

O que acontece se a eleição terminar empatada?

O empate técnico entre dois candidatos é considerado improvável e estatisticamente impossível também pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

No entanto, é previsto no artigo 110 do código eleitoral (lei nº 4.737/65), que detalha o que fazer se os candidatos tiverem exatamente o mesmo número de votos.

Em caso de empate no 1º turno, um segundo turno é feito para decidir qual dos dois candidatos vencerá a eleição. E, em caso de empate no 2º turno, vence o candidato mais idoso.

Se a regra tivesse de ser aplicada na eleição presidencial, venceria Lula, que tem 77 anos, contra 67 de Bolsonaro.

Já aconteceram empates antes?

Eleições já terminaram empatadas, mas em cidades bem pequenas — quanto menor o número de eleitores, maiores as chances de que isso ocorra. Ainda assim, foram poucos casos do tipo.

No município de Carnaúbas, na Paraíba, a eleição municipal terminou empatada com 1761 votos contabilizados para cada candidato. No final, Silvano Dudu (DEM) foi reeleito prefeito, por ser mais velho do que Nerivan (MDB).

Ainda em 2020, mais um prefeito foi definido pela diferença de idade. Em Kaloré, no interior do Paraná, Ritinha (PSD) e Edmilson (PL) receberam a mesma quantidade de votos: 1.186, totalizando 37,14% cada. Como Edmilson é 17 anos mais velho que Ritinha, o candidato do PL foi eleito prefeito.

Já no município de Conde, no agreste baiano, a eleição para vereador também teve de ser decidida com base no artigo 10 do Código Eleitoral. Camilo César Santos Nascimento, conhecido como César da Vila, obteve 172 votos, a mesma quantidade que Rubem Almeida de Oliveira, conhecido como Rubem Madeirol. Apesar de serem do mesmo partido, o Democratas, os dois disputaram pela idade e Rubem foi eleito com uma diferença de apenas 7 anos do colega.

Em Jardinópolis, no interior de São Paulo, o então prefeito Mauro Risso (MDB) e o candidato de oposição, Antoninho (PT), receberam 748 votos cada um. Só que o emedebista era dois meses mais velho que o petista e conseguiu, portanto, a reeleição.

Já em 2016, na cidade cearense de Cariús, Iran (PSDB) e Mizo (PMB), terminaram a disputa com 5.811 votos cada. O vencedor da disputa, pelo critério de desempate, foi Iran, que na época tinha 46 anos, contra 41 do adversário.

Em 2012, duas cidades terminaram com eleições empatadas. Balsa Nova, no interior do Paraná, também decidiu seu pleito municipal por meio da diferença de idade: Luiz Costa (PMDB) e Marcos Zanetti (PDT) terminaram a disputa empatados com 3.986 votos cada um. Costa, no entanto, levou a melhor pelo critério de idade: tinha 59 anos e Zanetti, 41.

Em Bananal, no interior de São Paulo, Peleco (PSDB) e Miriam Bruno (PV) disputaram a prefeitura. Ao final da contagem, empate: 1.849 votos cada. A candidata, com 62 anos, 12 a mais que o oponente, levou a melhor.