'Quem tiver mais votos, leva', diz Bolsonaro após debate
Após o debate da Rede Globo, o presidente e concorrente à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse que irá aceitar a vitória de quem "tiver mais votos" no domingo (30), dia do segundo turno das eleições. Questionado pela jornalista Renata Lo Prete, depois de mais de duas horas de falas ao lado do adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se aceitaria o resultado das urnas, o candidato declarou:
Não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia
Jair Bolsonaro (PL)
Desde a eleição de 2018, da qual saiu vitorioso no segundo turno, o presidente tem lançado suspeitas infundadas o sistema eleitoral brasileiro e a confiabilidade do voto eletrônico.
Na última segunda (24), a campanha de Bolsonaro tentou criar uma narrativa de denúncia de fraude eleitoral ao divulgar dados que, de acordo com os advogados do PL, indicariam suposto favorecimento a Lula nas inserções de rádio no Nordeste. O staff do atual presidente pleiteou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a suspensão da propaganda do adversário, mas o pedido foi negado pelo ministro Alexandre de Moraes, que determinou o arquivamento do processo.
Em agosto, durante sabatina realizada Jornal Nacional, Bolsonaro não quis assumir o compromisso de que respeitaria o resultado das urnas.
Na ocasião, ele preferiu repetir o discurso com o intuito de questionar a segurança do processo eleitoral. Mesmo diante da insistência de Bonner em arrancar o compromisso de que aceitaria o resultado das urnas, evitou fazer declaração neste sentido —e impôs, indiretamente, condição para isso.
"Serão respeitadas as urnas desde que as eleições sejam limpas e transparentes. Como você diz que são auditáveis e em 2014 não aconteceu isso?", disse.
Na semana passada, Bolsonaro declarou, sem apresentar provas, que as Forças Armadas dizem ser "impossível dar um selo de credibilidade" às urnas eletrônicas usadas nas eleições brasileiras. A declaração foi dada em entrevista ao comentarista político norte-americano Ben Shapiro na quinta-feira passada, transmitida no domingo (23).
Em 6 de outubro, após o primeiro turno das eleições, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), afirmou que o teste de integridade nas urnas eletrônicas não encontrou divergências nos votos proferidos e comprovou a lisura das eleições.
Ministro arrependido
Horas antes do debate, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, deu entrevistas dizendo estar arrependido de ter convocado uma entrevista coletiva para denunciar que rádios estavam supostamente prejudicando Jair Bolsonaro ao não veicular a propaganda eleitoral do PL era fazer um acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o problema fosse sanado. "Eu não ouvi a entrevista dele. Da minha parte houve sim (prejuízo nas inserções nas rádios)", disse.
Salário mínimo
Durante o debate, Bolsonaro declarou que irá implementar o salário de mínimo de R$ 1,4 mil, caso seja eleito. O valor, no entanto, é superior do que o previsto na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias). Ele foi questionado como então irá garantir esse valor maior.
"Nós arrumamos a economia lá detrás. Atravessamos uma pandemia. Não podíamos dar reajuste além da inflação. Não deixamos de não dar aumento. As coisas estão arrumadas", disse. "E juntamente com Parlamento assim como temos arranjado recursos pra outras coisas esse nosso desejo será atendido".
Vote em mim
Em segundo lugar nas pesquisas, Bolsonaro também aproveitou para pedir votos. "Leve a vovó pra votar, o vovô, quem tá indeciso, ganhe esse voto pra nós. Nós vamos ganhar as eleições para continuar não só o que nós fizemos mas com a garantia que teremos um Brasil em liberdade", disse. Não há a menor dúvida. Quem tiver mais voto leva. É isso que é democracia.
*Em São Paulo: Ana Paula Bimbati, Gilvan Marques, Isabella Cavalcante, Rafael Neves e Wanderley Preite Sobrinho
No Rio: Felipe Pereira, Lola Ferreira e Lucas Borges Teixeira
Em Brasília: Camila Turtelli, Gabriela Vinhal e Hanrrikson de Andrade
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