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Inédito na democracia: Abstenção de 20,6% no 2º turno é menor do que no 1º

Fila de votação das primeiras pessoas que foram às seções eleitorais na manhã deste domingo (30) - Reprodução/GloboNews
Fila de votação das primeiras pessoas que foram às seções eleitorais na manhã deste domingo (30) Imagem: Reprodução/GloboNews

Do UOL, em São Paulo

30/10/2022 20h36Atualizada em 23/02/2023 19h04

Pela primeira vez, a abstenção no segundo turno das eleições presidenciais foi menor do que no primeiro turno. Ficou em 20,56%, com 99,53% das urnas apuradas. No primeiro turno, foi de 20,95%.

Em todas as outras eleições presidenciais já disputadas na democracia, a abstenção cresceu no segundo turno.

A queda inédita da abstenção no segundo turno reflete a campanha mais disputada desde a redemocratização, com alta mobilização dos eleitores. Também deve ter tido influência do passe livre no transporte público, apesar de operações contra ônibus (leia mais abaixo).

As campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito para seu terceiro mandato de presente, e de Jair Bolsonaro (PL), primeiro presidente a ser derrotado na busca pela reeleição, reforçaram pedidos para que os eleitores comparecessem às urnas.

Também neste ano, o STF (Supremo Tribunal Federal) liberou prefeitos e concessionárias para que oferecessem passe livre no transporte público no segundo turno, sem risco de serem punidos por improbidade. Todas as capitais de estados brasileiros anunciaram que ofereceriam transporte público gratuito.

Mas houve problemas na implementação do passe livre. Em Belo Horizonte, o metrô cobrou passagem no início da manhã deste domingo, até ser novamente notificado pelo TSE.

Abstenção entre o 1º e o 2º turno das eleições presidenciais:

  • 1989: aumento de 2,47 pontos percentuais
  • 2002: aumento de 2,73 pontos percentuais
  • 2006: aumento de 2,24 pontos percentuais
  • 2010: aumento de 3,38 pontos percentuais
  • 2014: aumento de 1,71 ponto percentual
  • 2018: aumento de 0,98 ponto percentual
  • 2022: queda de 0,39 ponto percentual (com 99,53% das urnas apuradas)

Na propaganda eleitoral na televisão na sexta-feira, Lula reforçou a mensagem contra a abstenção. "Não deixe de votar. Seu voto pode ser o que falta para mudar seu futuro e tornar realidade o Brasil dos nossos sonhos."

Já Bolsonaro buscou costurar alianças com lideranças locais e pediu o combate à abstenção.

No balanço estadual, com 99% das urnas apuradas, a abstenção tinha caído em todos os oito maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco, Ceará. Havia crescido em estados da região norte, como Pará, Acre, Roraima, Amapá e Amazonas.

PRF desrespeitou decisão do TSE

Neste domingo, a PRF (Polícia Rodoviária Federal) ampliou o número de operações contra ônibus nas estradas brasileiras. Metade das abordagens ocorreu no Nordeste — que tem 27% dos eleitores e onde Lula obteve 77% dos votos no primeiro turno. Vídeos publicados nas redes sociais mostram eleitores de Lula parados nas abordagens.

As operações violam decisão de ontem (29) do presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, que proibiu "qualquer operação da PRF relacionada ao transporte público, gratuito ou não, disponibilizado aos eleitores".

Após denúncias sobre operações neste domingo, Moraes deu uma nova decisão para que as ações fossem interrompidas. Também afirmou, em entrevista coletiva, que as fiscalizações não interferiram no direito ao voto dos passageiros. Segundo o ministro, os ônibus abordados nas rodovias retornaram ao ponto de partida, ou seja, puderam seguir viagem.