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Josias: Centrão não pretende acompanhar Bolsonaro se ele contestar urnas

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/10/2022 20h48

O colunista do UOL Josias de Souza apurou junto a um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) que parlamentares do chamado "centrão" não pretendem acompanhar o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma eventual contestação dos resultados das urnas. De acordo com Josias, esse ministro do STF aconselhou um líder do centrão a "desembarcar de qualquer iniciativa que represente uma contestação golpista ao resultado das urnas", e a resposta tranquilizou ministros do STF.

"O que ele [ministro do STF] ouviu o deixou de certo modo tranquilizado porque essa liderança do centrão afirmou que não há no grupo a intenção de acompanhar Bolsonaro se a opção do presidente for a de contestar o resultado das urnas", disse durante o programa especial do UOL nas eleições.

Na conversa com o líder do centrão, o ministro do STF teria dito que a corte está unificada em torno da defesa do resultado das eleições e que também está "fechado" com Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Ficou muito claro para esse líder do centrão que qualquer contestação será rechaçada e não será uma reação tímida. Será uma reação muito contundente do judiciário. Então houve esse recado do centrão para o judiciário no sentido de que o grupo que hoje apoia o Bolsonaro não o acompanhará no eventual questionamento que o presidente fizer ao resultado das urnas".

Josias ainda afirmou que, por outro lado, o Judiciário não tem uma expectativa positiva em relação a Bolsonaro. "Imagina-se que ele irá questionar o resultado e será uma surpresa grande se ele aceitar em um primeiro momento o resultado da urna, sobretudo um resultado apertado como o que se vislumbra. Então há uma expectativa de questionamento".

Josias: Para ter êxito, Lula precisa de governo amplo e mais à direita

"Isso [a vitória de Lula] aponta para duas coisas. A primeira delas é que o Bolsonaro, embora derrotado, ele sobrevive politicamente, como uma liderança expressiva. Em segundo lugar, significa que o Lula, para ter alguma chance de êxito, terá que fazer um governo, como ele próprio acenou, prometeu antes da realização deste segundo turno, um governo bem maior que o PT. Para que ele tenha êxito, ele terá que já de saída fazer uma pregação pela pacificação nacional, pela união do país, e ele terá que demonstrar já na composição do seu ministério essa disposição de fazer um governo mais amplo, um governo que faça um movimento rumo ao centro e até à direita, eu diria", afirmou Josias.

Ele ainda destacou que a vitória de Lula também conta com "ineditismo histórico".

"Pela primeira vez, você tem um caso de um presidente no exercício do cargo, que não consegue obter a reeleição. Desde a criação do instituto da reeleição é a primeira vez que isso acontece".

Oyama: PT estima que transição de governo vai exigir judicialização

"Eles imaginam que terão que judicializar, pois já existe uma lei que determina que o governo que acaba deixe funcionários, informações, aporte e assessores na montagem do novo governo. O PT sabe que conseguirá as informações 'na marra', sem esperar por boa vontade do governo Bolsonaro" disse a colunista do UOL Thaís Oyama sobre a expectativa do PT para a transição do governo.

Ela ainda afirmou que é importante prestar atenção nos "pequenos sinais emitidos" pelo presidente eleito hoje. "O pronunciamento vai ser importante para saber qual é a disposição, como ele pode estender o governo para a frente ampla".

Assista a íntegra do programa especial do UOL nas eleições: