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'Acabou o sigilo': Eleitores de Lula choram, gritam e tomam a av. Paulista

Apoiadores de Lula na Avenida Paulista

Do UOL, em São Paulo e no Rio

30/10/2022 20h41Atualizada em 31/10/2022 00h17

A confirmação da vitória de Luiz Inácio da Lula (PT) como presidente eleito promoveu choro, gritos de alívio e muitos abraços na avenida Paulista. Por volta das 23h40, apoiadores tomavam a via da região central de São Paulo —com maior concentração nos três quarteirões entre a alameda Rocha Azevedo à rua Pamplona. Após o discurso de Lula em um trio elétrico, na altura do Masp (Museu de Arte de São Paulo), o público começou a dispersar. Em seguida, teve show da cantora Daniela Mercury.

Apoiadores acompanharam a apuração durante toda a tarde e vibraram mais no momento da virada, às 18h45, mas não deixaram de comemorar a confirmação da vitória, às 19h57 (veja vídeo abaixo). Após o anúncio, mais pessoas chegaram ao local —a PM não faz estimativa de público.

Por volta das 21h, apoiadores não paravam de chegar tanto pela rua da Consolação e avenida Dr. Arnaldo como pela avenida Brigada Luís Antônio e se deslocavam pela alameda Santos, paralela à Paulista.

No Rio de Janeiro, a praça da Cinelândia, no centro, também foi tomada por centenas de apoiadores que ouviam samba, comemoravam e vibravam no momento da virada e da confirmação.

"Acabou". Na avenida Paulista, a primeira explosão de gritos se deu quando Lula virou o placar da apuração contra Bolsonaro, às 18h45. Depois, ao término da apuração, os milhares de eleitores na avenida ocuparam as duas faixas da pista em frente ao Masp (Museu de Arte de São Paulo).

Houve gritos de bordões da campanha de Lula, mas, principalmente, o desabafo com a sensação de alívio da saída de Bolsonaro. Caixas de som repetidamente tocaram música com a letra: "Tá na hora do Jair já ir embora".

Outro grito foi de provocação: "Acabou o sigilo", em referência aos sigilos de cem anos instaurados por Jair Bolsonaro (PL) em assuntos de seu governo. Outros manifestantes parodiavam marchinha: "Ei, você aí avisa ao Bolsonaro que o sigilo vai cair".

Fogos de artifício e sinalizadores foram acesos, com gritos e aplausos de todo lado. Agora, eleitores se apertam em frente ao Masp na expectativa de uma declaração de Lula na avenida Paulista.

O escritor Marcelo Rubens Paiva também foi à Paulista comemorar a vitória do petista. "Foi um resultado apertado, mas alivia", disse.

Eduardo Suplicy (PT), eleito deputado estadual por São Paulo compareceu à Avenida Paulista e logo foi cercado por fãs que pediam para tirar uma foto ao seu lado. Foi uma vitória do amor contra o ódio. Uma vitória para construir um país justo, onde todas as pessoas venham a se respeitar", disse Suplicy.

Cinelândia. No momento da vitória de Lula, muitas pessoas se abraçaram e se emocionaram na Cinelândia, no Rio de Janeiro. Após o anúncio, o clima era de carnaval no centro do Rio.

Nos trios elétricos, a letra do samba Tá Escrito, do grupo Revelação, foi adaptada para a derrota de Jair Bolsonaro (PL): "Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé, manda o Bolsonaro embora".

"São vários anos, somos historiadores, fomos muito para a rua. Tem muitos caminhos pela frente, a eleição foi muito apertada, mas a vitória é uma esperança", disse Jaqueline Paz, professora de ensino fundamental, acompanhada do namorado, o historiador Marcos Khan.

Emoção. No Rio, o casal Paulo Arruda e Letícia Rocha se emocionou bastante durante o anúncio da vitória. Arruda, que é servidor federal, disse que os últimos anos foram "muitos sofridos", mas que tem esperança de mudança.

" Enfim o amor venceu o ódio, a esperança venceu o medo. A gente deu um grande passo. A Câmara [dos Deputados] é deles, o Senado também, mas o presidente é nosso."

Camisa do Brasil e Lula. Na avenida Paulista, o pintor João Borges, 48, escolheu a camiseta de futebol da seleção brasileira para comemorar a vitória de Lula e protestou: "É para mostrar que essa cor é de todos os brasileiros".

Borges ainda criticou o "sequestro" da camisa. "Sequestraram a camisa para eles achando que todo mundo que usasse era Bolsonaro e não é, nós somos brasileiros", disse.

30.out.2022 - O engenheiro Renato Salvarani (com camisa amarela) e família, na Avenida Paulista - Leonardo Martins/UOL - Leonardo Martins/UOL
O engenheiro Renato Salvarani (com camisa amarela) e família, na Avenida Paulista
Imagem: Leonardo Martins/UOL

O engenheiro Renato Salvarani, 45, ganhou a camiseta de presente e já tirou do guarda-roupa.

"Nós somos contra esse negócio de apropriação da bandeira verde e amarela. O cara mandou uma mensagem que é para dividir o país e a gente não quer dividir, estamos aqui para somar. Estou emocionado, dois filhos adolescentes chorando comigo", contou, após a confirmação da vitória.

Expectativa pela Copa. Ainda sobre o uso das camisas, Marcelo Vasconcelos, 32, criticou Bolsonaro. "A bandeira é do povo. Copa tá vindo aí, a bandeira é nossa", disse.

Casal em festa. De mãos dadas e tentando passar pela multidão na Paulista, o casal Rodrigues de Arruda, 52, e Isabel Brito, 53, comemoram abraçados a vitória de Lula. Contudo, mostraram apreensão com o período pós-eleição. "Agora tomara que o 'Bozo' não invente nada, né? Sensação é muito boa de vitória", disse o zelador.

30.out.2022 - O casal Rodrigues de Arruda, 52, e Isabel Brito, 53, na Avenida Paulista - Leonardo Martins/UOL - Leonardo Martins/UOL
O casal Rodrigues de Arruda, 52, e Isabel Brito, 53, na Avenida Paulista
Imagem: Leonardo Martins/UOL

Isabel contou, emocionada, que suas duas filhas e sua amiga, morta pela covid-19, foram quem primeiro vieram à mente ao término da apuração.

"É muito alívio. Minha duas filhas só fizeram faculdade por causa do Lula. E eu lembro da minha amiga. Faltando 30 dias para vacina ela faleceu, graças ao Bolsonaro. É alívio demais", disse.