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OPINIÃO

Josias: Bolsonaro se preocupa mais com o próprio futuro do que com golpismo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

31/10/2022 09h52

Na avaliação do colunista do UOL Josias de Souza, hoje Jair Bolsonaro (PL) está mais preocupado com seu futuro criminal do que com um eventual golpismo de contestação do resultado das urnas.

Bolsonaro perdeu as eleições presidenciais para Luiz Inácio Lula da Silva, que foi eleito com 50,9% dos votos válidos e, para Josias, o atual presidente foi de certa forma "cercado".

"Hoje [Bolsonaro] está mais preocupado com o futuro criminal dele do que com esse golpismo", afirmou durante participação no UOL News. "Ele está mais preocupado com o futuro criminal e civil dele porque ele vai deixar de ter a proteção do cargo a partir de janeiro", disse.

Hoje Bolsonaro tem foro privilegiado. Ao sair da presidência, ele deixa de ter essa vantagem, e por isso se preocupa com a ida de processos contra ele para a primeira instância, diz Josias.

Josias também afirmou que a reação de Bolsonaro, de não se pronunciar após a derrota, já era esperada, mas que existe um medo real da consequência de ter perdido as eleições.

O colunista ainda relembrou que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, "cercou" tentativas de golpe de Bolsonaro e manteve inquéritos como o das fake news ou das milícias digitais em suas mãos.

"Alexandre de Moraes estrategicamente manteve esses processos que ele conduz, alguns deles há mais de três anos abertos, porque ele queria ter o Bolsonaro de certa maneira na sua mão. (...) Hoje Bolsonaro está mais preocupado com as consequências da perda do mandato e transferência dos seus processos para a 1ª instância do que com o questionamento do resultado das urnas."

Por fim, Josias também destacou que Bolsonaro não deve "esticar demais a corda" em uma possível guerra com as instituições e o próprio STF, já que ele "tem muito a perder".

"Agora ele foi cercado, o Alexandre de Moraes proclamou o resultado das eleições com todas as instituições ao redor, e todas as forças políticas que estão em torno do Bolsonaro são pragmáticas. Para o Bolsonaro, não convém esticar a corda."

Josias: Lula quer manter centrão no orçamento, mas ditar destino da verba

"O que dizem os auxiliares mais próximos do Lula é que ele está contando com o auxílio do Supremo Tribunal Federal, ele espera que o Supremo derrube esse Orçamento Secreto e a estratégia do Lula e do PT é convencer o centrão a aceitar que esses R$ 19 bilhões sejam mantidos na esfera de influência dos parlamentares, mas que sejam alocados em programas definidos pelo Executivo, e não por cada deputado que manda o dinheiro para suas bases eleitorais como bem entende", disse Josias.

Josias ressaltou que o orçamento da União para 2023 já está com 96% de seus recursos "engessados" com o custeio de despesas obrigatórias, restando apenas 4% dos recursos que podem ser utilizados para cumprir promessas eleitorais do petista.

Tales: Bolsonaro tem mais uma chance de ser preso por ato de caminhoneiros

O colunista do UOL Tales Faria criticou a manifestação dos caminhoneiros em diversos estados brasileiros, dizendo que essa ala mais radical do bolsonarismo está começando uma ação de "resistência" ao resultado das eleições, mas pontuou que essa movimentação pode comprometer Bolsonaro.

"Se ele [Bolsonaro] for responsabilizado por mais essa burrada, ele tem mais uma chance de acabar atrás das grades. Ele e os filhos dele que já falaram que para invadir o Supremo basta um jeep e um cabo".

Por outro lado, Tales ponderou que eventuais tentativas de Bolsonaro de descredibilizar o resultado das eleições devem ser barradas pelas instituições, que já sinalizaram uma atuação em defesa da democracia.

"Podem tentar alguma coisa, mas as instituições já mostraram capacidade de resistir a tentativas proto golpistas ou golpistas. Certamente vai ter uma atitude da Justiça e creio que também dos militares, que não aderiram várias tentativas do Bolsonaro de levar a uma aventura e deram um 'chega pra lá'"

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