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Ex-ministro Salles reconhece vitória de Lula: 'Não há o que espernear'

Colaboração para o UOL, em Brasília

31/10/2022 11h18Atualizada em 31/10/2022 17h51

Aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal eleito Ricardo Salles (PL) reconheceu hoje a vitória do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno das eleições.

"É preciso levar em consideração que metade do país não o queria como mandatário. Consequentemente, ele precisa convencer essas pessoas de que o projeto que ele trouxe ao poder é de conciliação e não de divisão", disse o ex-ministro do Meio Ambiente em entrevista ao UOL News. "Não há o que espernear", completou.

Antes, Salles havia afirmado que o resultado da eleição mais polarizada da história do Brasil trazia "reflexões e a necessidade de buscar caminhos de pacificação" e pediu serenidade por meio de suas redes sociais.

Em relação à nova composição do Congresso Nacional, com viés mais conservador, o ex-ministro disse que essa parcela no Legislativo poderá ser compactada pelo governo Lula em torno de pautas específicas e programáticas. "Quer seja no Senado ou na Câmara dos Deputados, essa parcela não está à venda, mas pode ser convencida de que existem pautas comuns ou intermediárias que mereceriam, eventual consenso de voto", disse Salles.

Ato de caminhoneiros é extravasamento de tensão após resultado das eleições, diz Salles

Na avaliação do ex-ministro, o ápice da tensão eleitoral foi no domingo, quando o movimento de caminhoneiros começou.

"Por outro lado, aqui em São Paulo, o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) já fez uma invasão no terreno na Mooca. Quer seja do lado dos apoiadores de Lula ou Bolsonaro, houve um extravasamento dessas tensões para ações. Nos dois casos, o próprio tempo se encarregará de trazer bom senso e equilíbrio em prol do desenvolvimento do país", disse.

Mais cedo, a também deputada federal eleita e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (REDE) afirmou que a mobilização da categoria pode sinalizar um atentado à democracia como no caso do Capitólio nos EUA.

Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), há pontos de aglomeração e bloqueio de caminhoneiros em ao menos 11 Estados brasileiros e no Distrito Federal: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo, Distrito Federal, Minas Gerais e Pará.

"No caso dos caminhoneiros, eu entendo isso como uma espécie de Capitólio à la Bolsonaro. Ele está manipulando pessoas e segmentos estratégicos", disse Marina.

A referência é ao ato realizado, em 6 de janeiro de 2021, em que apoiadores do então presidente Donald Trump entraram no prédio do Congresso Nacional norte-americano alegando fraude nas eleições presidenciais de 2020. Investigações sobre o caso apontam a atuação de grupos de extrema-direita e, inclusive, de Trump.

Salles diz que 'Bolsonaro responderá assim como a esquerda': 'Todos responderão sempre'

Ontem o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), disse que não é aceitável a possibilidade de revanchismo para dar conforto ao presidente Bolsonaro, que responde a inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal), em diversas ações relatadas pelo ministro Alexandre de Moraes.

Segundo Salles, a alternância de poder na política não é feita de revanchismo, mas de aplicação das leis. "São precondições para relações duradouras", disse.

O deputado eleito afirmou que a Justiça deverá ser aplicada a todos. "Cada um responderá pelo que tiver que responder, como a esquerda em seu momento oportuno. O presidente Bolsonaro responderá... Todos responderão sempre. O parâmetro de todos esses elementos só deve ser justo", disse.

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