Boulos eleito é garantia de que a extrema direita não vai voltar, diz Lula
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) lançou hoje a candidatura à Prefeitura de São Paulo ao lado do presidente Lula (PT), que destacou que a vitória do candidato vai evitar o retorno da extrema direita ao governo.
O que aconteceu
Boulos, Lula e a ex-prefeita Marta Suplicy (PT), vice na chapa, subiram ao palco de mãos dadas e erguidas. Logo atrás, os ex-prefeitos Luiza Erundina (PSOL), hoje deputada, e Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda. A ideia é mostrar a formação de uma grande frente progressista na capital paulista.
Lula afirmou que Boulos eleito é garantia de que a extrema direita não vai voltar. "O Boulos é o meu candidato. Eu me sinto tão candidato quanto ele. Eu quero ser responsável pela vitória dele. Mas, muito mais que eu, vocês (eleitores)", destacou, em tom que indica nacionalização da disputa municipal.
Uma coisa eu estou certo: com a vitória do Boulos, a gente vai dizer que nunca mais a extrema direita, os fascistas, os nazistas, os negacionistas e os mentirosos vão voltar a governar este país.
Presidente Lula
Sem mencionar candidatos, o presidente criticou adversários do psolista. Ele pediu que Erundina, Marta Suplicy, Haddad e Boulos posassem para uma foto e depois explicou o porquê: "Se puderem, na campanha, andem com essa foto aqui. Para vocês fazem a comparação com quem está disputando conosco".
Vice de Ricardo Nunes (MDB), o coronel Mello Araújo (PL) também foi alvo do presidente. "Não vou citar nome de adversário. Quem está com fulano, com beltrano, com o outro", acrescentou.
Tem outro aqui que não tinha candidato a vice, e o Bolsonaro fez engolir um que era quase que um ditador na Ceagesp [Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo], tratando mal as pessoas, proibindo sindicato de funcionar. Foi indicado candidato a vice de um adversário seu.
Presidente Lula
Boulos alfineta Nunes e elogia Marta
Sem citar nomes, Boulos fez provocação a Nunes e Bolsonaro. "Aqui a gente tem o maior orgulho de ser apoiado pelo presidente Lula. Na convenção de alguns dos nossos adversários, eles vão tentar esconder quem é o apoiador", afirmou.
O candidato a prefeito também enfatizou a parceria com Marta Suplicy, falando da experiência da ex-prefeita de SP. "Essa parceria já está dada. É a parceira das moradias populares com os CEUs. A parceria das cozinhas solidárias com o bilhete único. Da coragem com a experiência para mudar a cidade de SP", ressaltou.
Evento enfatizou marcas das três gestões petistas em São Paulo. A campanha exibiu na convenção um vídeo que destaca que a cidade é uma "união" dos nomes de Erundina, Marta e Haddad, que agora "se unem em torno de um nome só: Guilherme Boulos". Os três ex-prefeitos discursaram sobre os legados de seus governos, assim como Lula e Boulos. A experiência administrativa dos apoiadores será usada na campanha para blindar o deputado de críticas sobre ele nunca ter ocupado cargo no Executivo.
Campanha recorre a símbolos usados por Lula em 2022. O slogan da chapa é "Amor por São Paulo", que retoma motes como "o amor vai vencer o ódio" e "a esperança vai vencer o medo" que deram a tônica da disputa do petista contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O gesto de fazer o coração com a união das duas mãos será um símbolos da chapa Boulos-Marta.
Guilherme Boulos também apresentou propostas. O candidato detalhou alguns planos para as áreas de educação, saúde e meio ambiente.
Quero governar São Paulo para quebrar os muros que separam os Jardins da periferia. São Paulo precisa de um choque humanidade, e é esse choque que nós vamos dar a partir de 1º de janeiro do ano que vem.
Guilherme Boulos
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Quero receberMarta fala em 'caminho para a pacificação
"Boulos é o candidato do presidente Lula a prefeito de São Paulo", declarou Marta Suplicy, candidata a vice na chapa. "O presidente Lula e eu reconhecemos em Boulos a necessária sensibilidade para ser o próximo prefeito de São Paulo", acrescentou.
São Paulo hoje é o berço da refundação da nossa política nacional. É daqui que abandonaremos de vez o ódio que atrapalha a nossa vida. Trilharemos o caminho da pacificação. Aqui, a democracia terá um novo impulso. Só Boulos representará isso. O resto, minha gente, é retrocesso.
Marta Suplicy
A convenção mobilizou o governo pela campanha de Boulos, com presença do presidente e de sete ministros. Pela importância, a capital paulista deverá ser a cidade mais visitada por Lula, mesmo que o candidato não seja petista. "Eleição de SP é muito importante não só para São Paulo, mas para o Brasil", disse a presidente petista, Gleisi Hoffmann, em sua fala.
Lula ajudou a costurar a chapa. Sem nome forte para lançar, o PT viu em Boulos, segundo colocado nas eleições de 2020, a chance de retomar o poder na capital. A eleição ainda se torna uma espécie de teste do presidente e do partido para 2026 na maior cidade do país. É a primeira vez que a sigla não lança candidato na capital desde a redemocratização.
O presidente deu a largada nos eventos eleitorais mais cedo. Pela manhã, ele participou do lançamento da candidatura do deputado estadual Luiz Fernando (PT-SP) em São Bernardo do Campo, seu berço político, na Grande São Paulo. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) participou do ato, mas não foi ao de Boulos. Em São Paulo, ele está com a deputada Tabata Amaral (PSB).
Lula é peça chave e eleição é teste
O PSOL quer Lula em caminhadas, comícios e programas de TV. Boulos negocia com a equipe do presidente a presença dele em eventos de campanha e Lula já acenou que deverá se dedicar à capital. A ideia é que o petista participe, pelo menos, de dois comícios e duas caminhadas com o candidato.
O objetivo é aproveitar a popularidade do presidente. A campanha acredita que Boulos pode se beneficiar eleitoralmente com a melhora na avaliação popular do mandato do petista apontada em pesquisas recentes. O petista apresentou crescimento principalmente na faixa que recebe até dois salários mínimos, eleitorado em que Boulos almeja crescer. Principal adversário na disputa, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) pontua melhor neste segmento.
A eleição na capital é também um teste para Lula. O PT avalia que a disputa na maior cidade do país é um prenúncio da corrida presidencial de 2026. Vencer em São Paulo demonstraria força eleitoral do presidente e representaria uma derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoia a reeleição do prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Nunes também tem apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O bolsonarista é cotado para concorrer à Presidência em 2026 como candidato de Bolsonaro, o que o tornaria um adversário de Lula em uma possível tentativa de reeleição do presidente.
Largada nas eleições municipais
Lula estreou hoje participação em convenções municipais. No berço político de Lula, o PT vai repetir a chapa presidencial com o PSB. Luiz Fernando foi oficializado nesta manhã com o ex-deputado e ex-prefeito da cidade Dr. Dib (PSB) como candidato a vice. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também participou.
Um dos planos do PT para este ano é retomar a força na Grande São Paulo. Berço político de Lula, hoje a sigla só comanda dois dos 39 municípios da região metropolitana. Além de Fernando, o partido escalou o deputado federal Alencar Santana em Guarulhos e o deputado estadual Emídio de Sousa em Osasco e conta com a reeleição de José Filippi em Diadema.
Lula é parte central desta estratégia. O partido deve centrar na figura do presidente em todos os locais em que ele teve vitória sobre Bolsonaro em 2022, como a capital paulista.
A última vez que o PT governou São Bernardo foi 2016, com Luiz Marinho. Retomar a cidade, onde se criou politicamente, é considerado também uma questão de honra para o presidente no cargo. O atual ministro do Trabalho de Lula aparece junto ao presidente e o candidato nos cartazes espalhados pela casa de eventos.
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