A evangélicos, Boulos defende aborto legal e resgate de usuários de drogas

O candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos afirmou, nesta sexta-feira (9), a uma rádio evangélica que defende a interrupção da gravidez em casos previstos em lei e o resgate de usuários de drogas na região da "cracolândia".

O que aconteceu

Boulos disse que defende que a lei seja cumprida em casos de interrupção de gravidez. Em entrevista à rádio evangélica Musical FM, ele lembrou dos casos em que a legislação brasileira prevê o aborto (situações de estupro, quando a gravidez impõe risco à vida da mulher e em casos de fetos anencéfalos). "Defendo que a lei seja cumprida."

O candidato também criticou o PL Antiaborto, que trata da criminalização do aborto após a 22ª semana de gestação para vítimas de estupro. "O que aconteceu foi a tentativa de penalizar com uma pena para a menina estuprada maior do que para o estuprador. Isso nenhum cristão pode aceitar", afirmou.

O psolista também disse não defender a legalização das drogas. Segundo ele, sua posição não é de "legalização", mas "de resgate". "Tem gente que quer colocar o dependente químico na cadeia. Não acho que é por aí, tem que resgatar." O candidato disse ainda que profissionais de saúde devem definir se um tratamento deve ser obrigatório ou não.

Boulos disse que pretende instalar consultórios de rua na região da "cracolândia". "Vamos levar o assistente social até a pessoa", disse. "Muita gente na cracolândia é egresso e ninguém quer dar emprego a essas pessoas, temos que dar oportunidade, se ela estiver disposta a ser resgatada." O psolista disse também que quer atuar no combate ao tráfico de drogas no local.

Para se aproximar da parcela evangélica da população, Boulos disse que quer apresentar propostas e não fazer "debate ideológico vazio". "Essas pessoas estão preocupadas se o posto de saúde está funcionando, se a escola está bem, as mulheres evangélicas estão preocupadas se não vão ter risco de assédio no ônibus."

Maioria das pessoas do MTST eram evangélicas, disse Boulos. O candidato afirmou que lutou por moradia junto com o público evangélico. "[A luta] mexe com um valor muito importante para o povo cristão, que é ter um teto para a sua família."

Ele também usou referências bíblicas para responder sobre as últimas pesquisas eleitorais: "É Davi contra Golias". Boulos comemorou o empate técnico que as últimas pesquisas mostram com o atual prefeito e adversário, Ricardo Nunes (MDB) e disse também que pretende abrir possibilidades de diálogo com a adversária Tabata Amaral (PSB).

Críticas por militância em movimentos sociais

Boulos disse que "todo mundo que luta por justiça social é perseguido". O psolista afirmou que a atuação dele em movimentos sociais por moradia tem sido utilizada de forma a produzir informações falsas contra ele. "O movimento dos sem teto nunca invadiu a casa de ninguém", afirmou. Aos evangélicos, ele defende que o "papel do movimento social é pressionar o governo para cumprir a lei".

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Sem citar nomes, Boulos criticou a participação de adversários no primeiro debate eleitoral em TV aberta na noite de ontem. "Há candidatos que vão para baixar o nível, vão atacar e xingar, mas é parte do jogo." Questionado sobre atos de violência ocorridos em uma manifestação em frente à Fiesp em 2016, o candidato disse que "naquele momento liderava um movimento social" e "representava pessoas desesperadas".

Aumento de GCM e tarifa zero gradual

Candidato psolista disse que pretende dobrar o número de guardas civis metropolitanos na cidade de São Paulo. Hoje, o número de agentes é de 7.500. Ele afirmou ainda que, caso vença a disputa eleitoral, pretende chamar o presidente Lula (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para abordar os principais problemas da segurança na cidade.

Ele afirma que apostará em capacitação, treinamento e câmaras corporais para a GCM em São Paulo. "Defendo a valorização, o problema de São Paulo não é falta de dinheiro, é falta de prefeito", disse ele, que também defendeu a abertura de concursos para os agentes.

Boulos defendeu ainda a ampliação gradual da tarifa zero para o transporte na cidade. Segundo ele, o início da isenção deve ocorrer pelas linhas de ônibus locais. "Começar a implementação da tarifa zero pelas linhas locais estimula que as pessoas possam ficar e usufruir das coisas do bairro. Isso é mais sustentável do ponto de vista financeiro", afirmou. Ele também disse que vai fazer auditorias de contratos das empresas de ônibus.

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