Radar das Eleições: Marçal mexe com a campanha de todos os candidatos

A estratégia de Pablo Marçal (PRTB) de criar factoides nessas eleições bagunçou todas as estratégias de campanhas dos seus adversários na disputa pela Prefeitura de São Paulo, disse nesta terça-feira (20) a colunista Carla Araújo, na estreia do Radar das Eleições do UOL.

O Ministério Público Eleitoral pediu a suspensão da candidatura de Marçal pela Justiça por suspeita de abuso de poder econômico por pagar seguidores por compartilhamento de vídeos. É improvável, porém, que o pedido seja julgado antes das eleições de outubro, disse a colunista e apresentadora Raquel Landim. A Justiça Eleitoral costuma garantir candidaturas que estão sub judice para evitar o risco de que os postulantes fiquem de fora da urna e depois sejam inocentados nos processos.

Especialistas consultados pelo UOL afirmam que o mérito da causa é "robusto" e consideram que há muitas evidências de que Marçal seguiu pagando pessoas para impulsionar suas mensagens, configurando abuso de poder econômico. O maior risco, segundo eles, é de o candidato ficar inelegível após o pleito por oito anos.

É raro cassarem candidatura, nos últimos anos houve 48 impugnações
Andreza Matais, no Radar das Eleições do UOL

É bom ficar de olho nos vices, em caso de impugnação de Marçal
Raquel Landim, no Radar das Eleições do UOL

Principal alvo de Marçal na disputa, a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) vem focando no atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), que tenta a reeleição com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

A estratégia de sua campanha é tirar de Boulos a pecha de invasor e reforçar sua ligação com a ex-prefeita Marta Suplicy, vice na chapa, e com o presidente Lula. O Planalto já sinalizou que deve impulsionar os apoios individuais do presidente nos próximos dias.

Ele [Boulos] é o candidato de Lula. Devia juntar isso com as propostas para a cidade e não cair em provocações.
Carla Araújo, no Radar das Eleições do UOL

O rival de Boulos devia ser Marçal, com quem ele devia trocar embates mais diretos, não Ricardo Nunes. É difícil o atual prefeito não ir para o segundo turno
Andreza Matais, no Radar das Eleições do UOL

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Boulos não esperava o efeito Marçal
Raquel Landim, no Radar das Eleições do UOL

As pesquisas mostram que o Boulos se apresentar como moderado não convence. Tudo o que ele conseguiu com essa estratégia foi agregar a pecha de invasor de terra à fama de 'cheirador' de cocaína colada pelo adversário. A campanha sabe disso e bate cabeça buscando uma saída
Andreza Matais, no Radar das Eleições do UOL

Pesquisa Datafolha de 8 de agosto aponta Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL) tecnicamente empatados na liderança, com 23% e 22% das intenções de voto, enquanto Marçal e José Luiz Datena (PSDB) disputam o segundo lugar com 14%.

Mas pesquisas internas feitas pelos partidos diariamente indicam que o candidato do PRTB teria atingido de 17% a 18% das intenções de voto nos últimos dias e depois recuado para 16%, de acordo com Carla Araújo.

Meta tem monopólio de anúncios da campanha eleitoral

Outro tema de destaque neste início de campanha, de acordo com as jornalistas, é que, segundo os marqueteiros das campanhas, a Meta, dona do Facebook e do Instagram, tornou-se monopolista dos anúncios no pleito de 2024, feitos com dinheiro público do fundo eleitoral.

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Na prática, entre os meios de comunicação, a Meta tem o dinheiro do fundo eleitoral. Google, Twitter e Tik Tok não aceitaram receber impulsionamento. Os candidatos vão ter que atuar só no Facebook e no Instagram.
Raquel Landim, do Radar das Eleições do UOL

O principal beneficiado neste caso é Marçal, que lidera amplamente em número de seguidores nas redes.

É muito difícil mudar agora, a 45 dias das eleições. O monopólio é muito grave e há a necessidade de regulamentação das redes para evitar a judicialização da eleições
Carla Araújo, no Radar das Eleições do UOL

O que dizem as plataformas

Segundo Raquel Landim, a Meta informou que o TSE "terá acesso à biblioteca de anúncios onde ficam visíveis os conteúdos patrocinados ativos e inativos sobre eleições ou política no Facebook e no Instagram" com todos os dados exigidos em lei.

Além disso, afirmou que criou um "canal de denúncias de conteúdos publicados no Facebook, Instagram, Threads ou Canais de WhatsApp" e que, "no caso do WhatsApp, o canal também receberá denúncias de contas suspeitas de realizar disparos em massa".

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Já o Google divulgou um comunicado, em maio, quando informou que deixaria de veicular as propagandas dos políticos.

"Para as eleições brasileiras deste ano, vamos atualizar nossa política de conteúdo político do Google Ads para não mais permitir a veiculação de anúncios políticos no país. (...) Temos o compromisso global de apoiar a integridade das eleições e continuaremos a dialogar com as autoridades em relação a esse assunto", informou a empresa.

Campanhas no ar

O quadro eleitoral em São Paulo deve mudar com o início da campanha pela TV —embora ela não tenha a mesma força que antes—, já que Marçal não dispõe de muito tempo no ar.

As jornalistas também comentaram os jingles dos três principais candidatos na corrida eleitoral em São Paulo. Enquanto Marçal investe no sertanejo sob o slogan "Compartilha aí", Tabata Amaral (PSB) aposta no rap para dialogar com os jovens da periferia.

Já Boulos aposta no samba e, na opinião de Andreza Matais, o candidato do PSOL parece ter se inspirado num antigo slogan do ex-prefeito Paulo Maluf (Quem ama São Paulo vota no Maluf) ao citar sementes do amor em seu jingle.

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O Radar das Eleições faz parte do conteúdo especial do UOL para as Eleições 2024 e, além de bastidores e informações exclusivas, também traz análises, pesquisas de intenções de voto e as estratégias das principais campanhas do pleito municipal de 6 de outubro, quando eleitores das mais de 5.000 cidades do Brasil escolherão seus prefeitos e vereadores.

Com apresentação de Raquel Landim e comentários das colunistas Andreza Matais e Carla Araújo, o Radar das Eleições vai ao ar pelo Canal UOL sempre às terças, às 14h.

O programa tem transmissão ao vivo pelo Canal UOL e no Youtube e também estará nas principais plataformas de podcast.

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