Avaliação ruim do PSOL em Belém vira munição contra Boulos em São Paulo
O governo de Edmilson Rodrigues em Belém (PA) virou munição contra a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo. Adversários pretendem explorar na campanha paulistana o fato de que a única capital comandada pelo PSOL tem uma das gestões mais mal avaliadas do país.
O que aconteceu
Ricardo Nunes (MDB) vai levar a questão para a propaganda eleitoral no rádio e na TV. Segundo um coordenador da campanha à reeleição do prefeito, o material já está sendo preparado para veiculação a partir do dia 30 de agosto, quando começa o horário eleitoral gratuito. Nunes quer mostrar que a única gestão de capital do PSOL tem altos índices de reprovação e que a cidade corre o mesmo risco se eleger Boulos.
Pesquisa AtlasIntel divulgada no dia 15 mostra que 77% da população belenense desaprova o mandato de Edmilson Rodrigues em Belém. Um ranking de popularidade de prefeitos de capitais feito pelo mesmo instituto em dezembro do ano passado apontou que ele era o mais mal avaliado do Brasil, com uma desaprovação de 88%.
Presidente municipal do MDB comparou a gestão do PSOL em Belém com os governos anteriores do PT na capital paulista. "O projeto do PSOL para São Paulo é um requentado de gestões anteriores do PT - governos reprovados pela população paulistana, talvez ainda mais do que a gestão do PSOL é hoje reprovada em Belém. É isso o que deverá ser discutido ao longo da campanha", provocou Enrico Misasi ao UOL. Ex-prefeita da cidade pelo PT, Marta Suplicy é candidata a vice de Boulos.
Nunes quer mostrar inexperiência do PSOL e de Boulos com gestão. Belém é a primeira capital governada pelo partido, fundado em 2004. Com frequência, Nunes diz que o adversário nunca teve experiência administrativa, como forma de desqualificar as credenciais apresentadas pelo psolista para comandar São Paulo. Boulos tem usado a experiência da vice Marta Suplicy à frente da cidade como antídoto a essas críticas.
Tabata Amaral (PSB) vai explorar contraste com governo do PSB em Recife. O prefeito João Campos (PSB) tem a gestão mais bem avaliada do país entre as capitais, com índices de aprovação que ultrapassam os 70%. Para a equipe da candidata, os resultados são um trunfo a ser apresentado na campanha.
A abordagem dos problemas do PSOL em Belém não deve ser central na campanha de Tabata. Segundo um coordenador da campanha ouvido pelo UOL, a candidata não fará enfrentamento direto a Boulos e seguirá na estratégia de concentrar suas críticas no prefeito Ricardo Nunes (MDB).
Pablo Marçal (PRTB) usou a gestão do PSOL em Belém para atacar Boulos no debate da Band. "Candidato que não dá conta de fazer nada porque é do PSOL. Só tem um prefeito do PSOL, com reprovação de 70%. Isso é a escória da política brasileira: Guilherme Boulos", disse o candidato.
"É uma gestão que não tem competência, não tem resultados para a população", diz José Aníbal (PSDB), candidato a vice na chapa de José Luiz Datena (PSDB). O tucano destaca que a campanha do apresentador vai discutir São Paulo, mas pondera que a situação do PSOL em Belém é um ponto de fragilidade para Boulos. "Acabou o discurso que é de esquerda, que tem compromisso com o povo", critica.
Boulos rebate adversários
Campanha de Boulos afirma que trazer a situação em Belém para a disputa eleitoral em São Paulo é "se esquivar do que realmente importa". "Fica evidente que são candidaturas que não têm propostas para resolver os problemas crônicos da cidade", disse a equipe do candidato em nota.
O psolista destacou que é apoiado por três ex-prefeitos da cidade - Luiza Erundina (PSOL), Marta e Fernando Haddad (PT). "Junto com eles, especialistas, gestores públicos e ex-secretários ajudaram a construir um programa de governo robusto com 119 propostas para enfrentar os principais desafios da cidade. A campanha tem time, projeto e é a maior coligação progressista que a cidade já viu", afirma a nota.
Candidato à reeleição, Edmilson Rodrigues não aparece como favorito nas pesquisas eleitorais. Igor Normando (MDB) e o bolsonarista Éder Mauro (PL) lideram as intenções de voto, segundo a AtlasIntel do dia 15. Normando, que é deputado estadual e aliado do governador Helder Barbalho, aparece com 38,7% dos votos válidos, tecnicamente empatado Mauro, que tem 36,9%. Rodrigues vem em terceiro, com 16,4%. A margem de erro é de três pontos percentuais.
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