'Nós contra tudo', diz Marçal após Datafolha; candidatos comentam pesquisa

O candidato do PRTB à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal, comemorou o resultado da pesquisa Datafolha que mostrou crescimento de sete pontos, chegando a 21% das intenções de voto.

O que aconteceu

O empresário está empatado tecnicamente na liderança com Guilherme Boulos (23%) e Ricardo Nunes (19%). A margem de erro é de três pontos percentuais. Marçal tem rivalizado com o candidato do PSOL e recorrido a factoides para atacá-lo. Com o atual prefeito, o ex-coach diz que ele é um "banana".

Após o resultado da pesquisa, Marçal disse que não haverá segundo turno. "Somos só nós contra tudo e todos. Isso porque a pesquisa está errada", escreveu o empresário. Ele também afirmou que vai "bater forte nesses covardes", se referindo aos adversários.

O UOL apurou que o crescimento de Marçal era esperado por bolsonaristas e pelas campanhas de Boulos e Nunes. Os aliados de Jair Bolsonaro (PL) defendem a candidatura do empresário, mas evitam demonstrar apoio para não contrariar o ex-presidente. Bolsonaro apoia a candidatura de Nunes e foi responsável por indicar o vice na chapa, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL).

Os apoiadores do ex-presidente avaliam que o atual prefeito não representa o bolsonarismo na cidade. Já Marçal, segundo eles, na convenção partidária do PRTB, evocou diversas vezes a pauta de costumes, adotou um discurso agressivo e pediu uma oração ao final do evento —símbolos utilizado em eventos de Bolsonaro.

Datafolha apontou que Marçal agora lidera com folga as intenções de voto entre os eleitores do ex-presidente, com 44%. Nunes marcou 30%. No início do mês, o levantamento mostrou que o empresário tinha 29%, e o prefeito, 38%. Entre os eleitores do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-coach subiu de 25% para 41% — já Nunes foi de 42% para 28%.

Nunes diz ter menor rejeição e ser "o único que vende todos no segundo turno. "Agora é trazer a campanha para o que interessa, que é discutir a cidade e nesse quesito temos muito o que apresentar", afirmou à colunista do UOL Raquel Landim

Interlocutores de Boulos avaliam cenário de segundo turno contra Marçal. A equipe do candidato psolista já se preparava para enfrentar Nunes na segunda etapa da disputa, mas acredita que a situação está em aberto com o resultado do Datafolha. Segundo o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), um dos coordenadores da campanha, será necessário "calibrar" a estratégia contra Marçal a partir de agora.

"Hoje, o segundo turno se consolida entre Boulos e Marçal, e o Nunes pode se transformar no Rodrigo Garcia em 2022", diz Fiorilo. Candidato à reeleição para o governo de São Paulo naquele ano, Garcia ficou em 3º lugar no pleito. O ex-governador é o atual coordenador do programa de governo de Nunes.

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Boulos já havia declarado que a divisão de votos bolsonaristas é um problema de Nunes. Oficialmente, a equipe diz que o ex-MTST é a "candidatura capaz de enfrentar o avanço do bolsonarismo" em São Paulo. "A cidade quer mudança e não está satisfeita com o atual prefeito", afirma nota enviada pela campanha.

O Datafolha divulgado nesta quinta-feira (22) foi realizado na terça (20) e quarta (21) — ou seja, após três debates e o início da campanha eleitoral. Ao todo, foram ouvidas 1.204 pessoas na capital.

Datena e Tabata para trás

O crescimento de Marçal deixou o apresentador José Luiz Datena (PSDB) para trás, com 10%. Ao UOL o tucano disse que não contestaria o resultado da pesquisa. "Quando eu fiquei em primeiro lugar, dividido com Boulos e Nunes, onde ele praticamente está, eu vibrei. Então não há porque contestar o resultado da pesquisa", afirmou.

O candidato do PSDB disse que se Marçal cresceu na pesquisa "deve ter feito por merecer". Datena afirmou que vai tentar melhorar o desempenho de sua campanha. "Pesquisa é desempenho do candidato, se é isso que o povo quer, é isso que o povo quer. [Vou] tentar melhorar a minha campanha para melhorar o meu resultado e tentar chegar à prefeitura."

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Equipe de Tabata Amaral (PSB) comemorou a marca de 8% na pesquisa estimulada e na espontânea. "Foi o que esperávamos, ela continua crescendo nas pesquisas", disse o marqueteiro Pedro Simões. A candidata tem o desafio de ser conhecida pelo eleitorado paulistano.

Para a campanha de Tabata, decisão de ir aos debates se mostrou vantajosa. "A coragem de Tabata em enfrentar Marçal nos debates e a avalia positivamente por mostrar propostas concretas e postura equilibrada, ao contrário do Marçal, que vê a sua rejeição crescer", diz nota divulgada pela equipe.

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