'Nós? Um abraço': entenda atrito entre Pablo Marçal e a família Bolsonaro

Marçal retrucou os Bolsonaro. O empresário respondeu: "Isso mesmo, presidente. Coloquei 100 mil na sua campanha, te ajudei com os influenciadores, te ajudei no digital, fiz você gravar mais de 800 vídeos. Por te ajudar, entrei para a lista de investigados da PF. Se não existe o nós, seja mais claro".

Vereador Carlos Bolsonaro também se manifestou contra Marçal. Em entrevista ao canal "Brasil Paralelo" divulgada no início do mês, Marçal indicou o filho do ex-presidente como um dos motivos "determinantes" da derrota de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022. Marçal ainda definiu Carlos como "raivoso" e "rancoroso". O vereador, por sua vez, pediu que Marçal o deixe "fora de suas mentiras": "Está tudo tão descarado: onde vai, como vai e o que fala... 'Tô' nem ai. Vá ser a nova direita onde quiser e como quiser. Somente pare de mentir usando meu nome, pelo amor de Deus".

Ex-presidente divulgou vídeo citando o empresário. Também nesta quinta-feira (22), Bolsonaro compartilhou em seu canal oficial no WhatsApp, que conta com 1.2 milhão de seguidores, um compilado de oito minutos com diversos momentos em que Marçal o critica. Em um dos vídeos, Marçal faz a comparação citada por Eduardo e diz que Lula (PT) e Bolsonaro são "farinha do mesmo saco". Algumas das críticas foram feitas por Marçal enquanto Bolsonaro era o presidente do Brasil.

"Pablo Marçal, você parou de pensar?" A frase encerra o vídeo disparado por Bolsonaro, que tenta ressaltar a contradição de Marçal por ter indicado em uma de suas críticas ao ex-presidente que ele, Marçal, não era obrigado a ser de direita ou de esquerda. No entanto, ao se candidatar à prefeitura de São Paulo, Marçal se lançou como representante da direita.

Desistência de Marçal para conceder entrevista gerou crítica e xingamento. Eduardo Bolsonaro publicou vídeo na última quarta-feira (21) em que explica que Marçal havia desistido de encontro agendado com o comunicador bolsonarista Paulo Figueiredo após não ter uma de suas condições atendidas pelo entrevistador — Marçal teria solicitado não falar sobre o ministro do STF Alexandre de Moraes. A desistência fez com que o empresário fosse chamado de "arregão" por Eduardo.

Se você for aplicar o velho ditado de que 'quem com o ferro fere com o ferro será ferido', é para todo mundo chamar o Pablo Marçal de arregão. Foi isso que ele falou quando os outros se furtaram a ir no debate com ele. Eduardo Bolsonaro sobre Pablo Marçal

Posicionamento de Marçal em eventual impeachment de Moraes foi citado por Carlos Bolsonaro e por Silas Malafaia. Carlos se juntou ao irmão nas críticas e publicou: "É sério que o mais novo direitista está parecendo dar aquela passada de pano pro ministro depois de tudo que esse senhor fez e continua fazendo, mesmo agora diante de fatos expostos? Pegaram esse código?". Já o pastor Malafaia, importante nome junto aos eleitores de Bolsonaro, disse: "É amiguinho dele? Você nunca me enganou e não vai ser agora!". Marçal disse ver com ressalvas a iniciativa bolsonarista em pedido de impeachment contra o ministro.

Suposto envolvimento de aliados de Marçal com o PCC também foi alvo dos Bolsonaro. Na mesma postagem, Eduardo Bolsonaro cita a reportagem do Estadão que indica que membros da campanha do empresário estariam envolvidos em um esquema de troca de carros de luxo por cocaína com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Eduardo diz que Marçal "perdeu a moral" de acusar adversários com insinuações de uso da droga.

Apoio a Nunes teria a intenção de afastar os Bolsonaros de Marçal. Antes tido como provável aliado de Marçal na corrida à prefeitura, Bolsonaro mudou o rumo de suas investidas e, agora, tenta se desvencilhar do empresário e evitar a perda de votos de eleitores da direita. O crescimento de Marçal nas pesquisas de intenção de voto acendeu um alerta na família Bolsonaro. Conforme publicado pelo colunista do UOL Tales Faria, os aliados de Bolsonaro estariam receosos de que Marçal teria como objetivo "tomar o lugar" da família na política e buscar cargos almejados também por Eduardo Bolsonaro, tornando-se um adversário do filho do ex-presidente.

Atrito também com Michelle Bolsonaro. A ex-primeira dama chamou a atenção nas redes ao comentar uma publicação em junho. Na postagem de Pablo Marçal, Michelle respondeu que Ricardo Nunes (MDB) seria o eleito para ocupar o cargo nas eleições de outubro.