Lula diz que adversários de Boulos agem 'na calada da noite', 'provocando'

O presidente Lula (PT) participou de dois eventos de campanha de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de São Paulo, neste sábado (24), e usou o palanque para criticar adversários.

O que aconteceu

Lula não citou nomes, mas faz referência ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o influencer Pablo Marçal (PRTB). O ex-coach foi obrigado pela Justiça Eleitoral a retirar vídeos das redes sociais em que faz acusações não provadas contra o psolista.

Antes, Boulos foi no mesmo tom. "Eles vão inventar mentiras, já estão inventando. É o preço de se ter um lado", disse o candidato.

A gente não pode sair daqui e dizer 'já cumpri minha missão, fui no comício do Boulos, está tudo resolvido', não. Os nossos adversários trabalham na calada da noite. Eles trabalham nas redes digitais contando mentira, inventando verdade e fazendo provocação.
Lula, em comício do Boulos

A disputa em São Paulo está acirrada. Segundo o último Datafolha, Boulos lidera, com 23%, tecnicamente empatado Marçal (21%) e Nunes (19%). O influencer cresceu 7 pontos desde a pesquisa anterior e tem preocupado as campanhas adversárias, em especial à direita.

O ministro Fernando Haddad (Fazenda), ex-prefeito de São Paulo, participou do ato e fez um fala dura. "Tem mau caráter disputando a Prefeitura de São Paulo. Temos que identificar quem é, avisar nosso vizinho, nosso colega de trabalho, alertar dos riscos que a cidade está correndo e evitar as loucuras que a gente já viu quando um mau caráter assume o poder. Já aconteceu com o Brasil, não vamos deixar acontecer com São Paulo", pontuou, fazendo relação com o Bolsonaro.

Boulos também lembrou o ex-presidente. A estratégia de associar Nunes e Marçal ao bolsonarismo está sendo intensificada por pelo deputado depois do Datafolha, que mostrou o influencer à frente do prefeito. "A gente derrotou Bolsonaro em 2022. Em 2024, é a hora de derrotar os dois bolsonaristas de São Paulo e completar o serviço", disse o candidato.

Lula fez ainda uma defesa da gestão de Haddad em São Paulo e lamentou suas derrotas. "O povo conseguiu acreditar em uma mentira, o prefeito mais fracassado da história de São Paulo [João Doria], que virou governador fracassado. Em 2018, outra vez, houve um equivoco do povo brasileiro", lembrou Lula. O petista perdeu para Doria na tentativa de reeleição, em 2016, e dois anos depois perdeu a presidência para Bolsonaro.

Periferia com Marta. Articulador de Marta Suplicy (PT) como vice na chapa, Lula participou de um comício na zona sul, pela manhã, para reforçar a imagem dos petistas em apoio a Boulos. Em julho, Lula esteve na convenção que oficializou o nome do psolista na disputa.

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O presidente se tornou o principal cabo eleitoral do psolista. Na campanha de Boulos, há a expectativa que Lula aproveite a estadia em São Paulo para gravar um programa eleitoral de Boulos na casa do candidato. Lula tem colocado a eleição paulistana como prioridade de vitória, já de olho em 2026

Ajuda do presidente

Imagem do presidente é importante para reforçar polarização que campanha tenta explorar. Interlocutores afirmam que a candidatura de Boulos irá se mostrar como a possível para barrar o avanço do bolsonarismo na cidade.

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (22) mostrou também que 44% dos eleitores de Lula votariam em Boulos. Interlocutores do deputado federal acreditam que ele tende a crescer neste segmento quando a associação com o presidente ficar clara para o eleitorado lulista.

A eleição de São Paulo é uma das prioridades do ano para o presidente e para o PT. O resultado na capital deve ser um termômetro para a disputa presidencial em 2026, que tem o atual governador paulista, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como um dos principais cotados para enfrentar Lula.

O apoio de Lula ajuda Boulos com o eleitorado da periferia, onde o psolista tenta crescer. O candidato também tem reforçado a ligação com os extremos da cidade — no primeiro ato oficial de campanha, ele disse que São Paulo teria o primeiro prefeito que mora na periferia.

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A zona sul também é vista como estratégica pela campanha. É a região em que Boulos mora, mas também o reduto eleitoral de Nunes.

Ato grande, com frio e problemas técnicos

O evento da tarde foi maior do que o da manhã, embora tenha apresentado problemas técnicos. Apoiadores dispersaram durante discurso de Marta por causa do som baixo. Mesmo com um microfone de arco, a voz da candidata a vice não chegava para quem estava no fundão do comício. A plateia comemorou após a organização trocar o microfone. "Tá ruinzinho", brincou Marta após trocar o aparelho.

O frio fez apoiadores se enrolarem em bandeiras temáticas. Comício demorou mais de duas horas para começar e chuva arriscou cair durante os discursos. "Vou ser rápido porque vai chover e sei que vocês vieram para ouvir também o presidente Lula", disse Boulos.

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