Marçal lidera doações privadas em SP; Tabata atrai grandes empresários

Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB) são os únicos candidatos à Prefeitura de São Paulo que receberam, até o momento, mais de R$ 1 milhão em doações eleitorais privadas. As fontes de apoio são diferentes.

O que aconteceu

Marçal é o candidato a prefeito de São Paulo que mais recebeu recursos privados até agora: R$ 1,7 milhão. Esse era o valor arrecadado até as 17h da última terça (3).

O valor foi arrecadado junto a 31 mil pessoas. Mais da metade delas contribuiu com R$ 10 ou menos. As doações foram feitas para um número de pix que Marçal divulga em suas redes. Os dados são do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Tabata, por sua vez, obteve R$ 1,15 milhão em doações privadas. Os dados também são referentes ao período de início da campanha até as 17h da última terça.

Mas os aportes para Tabata são maiores. O montante foi doado por apenas 300 doadores. Isso representa menos de 1% dos doadores de Marçal. Enquanto o candidato do PRTB teve três doações de R$ 50 mil ou mais, Tabata já conseguiu dez repasses nessa faixa.

Empresários e nomes do mercado financeiro doaram à campanha de Tabata. O maior colaborador, com R$ 200 mil, é Edson Queiroz Neto, empresário cearense que mora na capital paulista. Outros cinco doaram R$ 100 mil cada, incluindo Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, e Marcelo Fernandez Trindade, ex-presidente da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Veja os principais doadores da candidata do PSB:

  • Edson Queiroz Neto (R$ 200 mil): Dono do grupo Edson Queiroz, conglomerado que controla empresas como Nacional Gás, Esmaltec (eletrodomésticos), Minalba Brasil (água mineral), e Verdes Mares (grupo de comunicação do Ceará). Além de Tabata, ele apoia candidatos do PSDB e do PRD no CE.
  • Patrice Etlin (R$ 100 mil): Filho do banqueiro francês Michel Etlin, morto em 2021, Patrice é sócio do fundo Advent, que investe em serviços financeiros, saúde, indústria e tecnologia na América Latina. Etlin já havia doado para Tabata em 2018 e 2022. Nesta última eleição, apoiou vários candidatos a deputado federal do partido Novo.
  • Jayme Garfinkel (R$ 100 mil): Maior acionista da seguradora Porto Seguro, Garfinkel é listado como bilionário pela revista Forbes, ao lado da família. Até o momento, ele fez doações para Tabata e para Renata Falzoni (PSB), candidata a vereadora em São Paulo. Em 2022, além de Tabata, Garfinkel apoiou nomes ligados à direita.
  • James Marcos de Oliveira (R$ 100 mil): Ex-sócio do banco BTG Pactual, Oliveira hoje é sócio de outros negócios, como a rede de academias Bluefit. Até o momento, ele não doou para outros candidatos além de Tabata. Em 2018, doou para o Novo.
  • Marcelo Fernandez Trindade (R$ 100 mil): Advogado, Trindade presidiu a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) de 2004 a 2007. Em 2018 concorreu ao governo do Rio de Janeiro pelo partido Novo e acabou em oitavo lugar. Em 2022, Trindade doou para Marcelo Freixo (PT) e Alessandro Molon (PSB).
  • Armínio Fraga (R$ 100 mil): Presidente do Banco Central de 1999 a 2003, no governo FHC, Fraga faz parte do conselho estratégico da campanha de Tabata, e já havia doado para a candidata em 2022.

Marçal não usa Fundo Eleitoral

Pablo Marçal é o único candidato que não usa Fundo Eleitoral. O candidato vem declarando em entrevistas e debates que optou por recusar o recurso público para financiar sua campanha.

No caso de Tabata, os recursos privados representam 8% das receitas de campanha até agora. A candidata conta com R$ 13,23 milhões do PSB.

Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo) têm toda ou quase toda a campanha financiada com verba dos partidos.

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Boulos recebeu R$ 550 mil da mesma família

Boulos é o candidato em SP que mais arrecadou recursos públicos por enquanto: R$ 44 milhões. Quase todo esse montante é proveniente dos partidos: o PSOL injetou R$ 14 milhões na campanha, enquanto o PT, da candidata a vice Marta Suplicy, depositou outros R$ 30 milhões.

O candidato também arrecadou R$ 638 mil com doadores privadas. Desse valor, R$ 550 mil vieram da mesma família. Os aportes foram de Daniela Moreau (R$ 300 mil), Mariana Moreau (R$ 200 mil) e Gisela Moreau (R$ 50 mil). Mariana e Gisela foram fundadoras e apoiaram a Rede Sustentabilidade, partido da ministra do Meio Ambiente Marina Silva, e têm histórico de financiar campanhas de candidatos de esquerda e ligados às causas ambiental e indígena.

Boulos ainda obteve R$ 88 mil via financiamento coletivo. É um tipo de vaquinha em que empresas contratadas pela campanha organizam a arrecadação. Tabata também abriu um financiamento coletivo, que já arrecadou R$ 46 mil.

Nunes e Datena não receberam nenhuma doação privada por enquanto. O atual prefeito tem, até o momento, R$ 22 milhões em receitas depositadas por cinco legendas da coligação: PL (R$ 10 milhões), MDB (R$ 5 milhões), PP (R$ 3 milhões), Podemos (R$ 3 milhões) e Solidariedade (R$ 1 milhão). Já Datena conta apenas com R$ 3,7 milhões pagos pelo PSDB.

PT de Marta Suplicy colocou R$ 30 milhões na campanha de Boulos
PT de Marta Suplicy colocou R$ 30 milhões na campanha de Boulos Imagem: Yuri Murakami/Fotoarena/Folhapress
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