Marçal para de crescer pós-cadeirada de Datena; rejeição ao ex-coach sobe
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A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) em Pablo Marçal (PRTB) no último domingo durante o debate da TV Cultura foi uma das cenas mais grosseiras da política brasileira dos últimos tempos. Mas, recorrendo a uma metáfora religiosa — recurso em alta entre os candidatos no Brasil —, parece que Deus escreveu certo por linhas tortas, a se julgar pelo sentimento geral do eleitorado de São Paulo. A pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira mostra que Marçal reverteu a tendência de crescimento que ele tinha desde o mês de julho.
O candidato do PRTB caiu para 20% nesta semana, depois de alcançar 23% das preferências do eleitorado na pesquisa divulgada no dia 11 de setembro. Até então, a Quaest fazia a medição mensal, e em agosto Marçal marcava 19%. Em julho, eram 13%, e em junho, 11%.
Do outro lado, Datena, que vinha em tendência de queda, subiu de 8% para 10% entre a semana passada e esta. A pesquisa, que tem margem de erro de 3%, foi feita entre o dia 15, e esta terça, 17 — ou seja, ouviu ao menos 85% dos entrevistados (1.200) depois do debate da Cultura, que foi transmitido ao vivo a partir das 22h de domingo.
Errou quem apostava que a estratégia de Marçal não tinha limite, e quem subestimou o eleitor e sua capacidade de avaliar os candidatos.
O resultado da Quaest pode ser lido apenas como uma foto no calor do momento. Mas, as agências de monitoramento de redes já vinham captando há algum tempo um sentimento negativo quanto à postura do ex-coach nos embates com seus adversários. Na TV Gazeta, uma pesquisa qualitativa com quem acompanhava o debate transmitido no dia 1º de setembro mostrou que os espectadores apoiavam os revides a Marçal, que provocava todos os adversários. Datena, inclusive, chegou a sair do seu púlpito e se posicionar diante de Marçal após nova investida. Acabou voltando atrás, mas chegou a dizer que teve vontade de dar um tapa em Marçal.
Nesta segunda, a agência Palver mostrou que o tema cadeirada explodiu no Whatasapp, mas curiosamente, 60% das menções eram favoráveis a Datena e negativas para Marçal. Foi o sentimento de "mereceu", depois que o influenciador chamou o tucano de "arregão" ao vivo e questionou se ele era "homem". "Você não atravessou o debate esses dias para me dar um tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso. Você não é homem". Mexeu com os brios de Datena, e ele foi para cima de Marçal. "Prevaleceu a sensação de que o valentão, o sujeito que faz bullying, teve o que mereceu", diz Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva.
Embora a pesquisa Quaest não tenha capturado como um todo a leitura dos paulistanos sobre o debate da RedeTV!/UOL desta terça, é possível dizer que o sentimento de "revide justo" (olho por olho e dente por dente, voltando a outra metáfora bíblica) não se diluiu, garante Meirelles. E a rejeição a Marçal, que passou de 41% para 45%, parece comprovar que a cadeirada teve mais aceitação do que rejeição.
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